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As energias renováveis e o Dia Mundial do Meio Ambiente
Publicado em 05/06/2018 às 14h12
Na primeira semana do mês de junho promovemos a reflexão com referência à sustentabilidade do planeta, simbolizada na celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente, ocorrendo todo dia 5 de junho, desde 1972, a partir da edição da primeira das Conferências das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano.

No Brasil, o Dia Mundial do Meio Ambiente é também um momento interessante para uma reflexão com relação à Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) e o papel das fontes renováveis biomassa, eólica e solar. Em 2017, o total da OIEE foi de 624,3 TWh, representando um crescimento de 1% em relação a 2016. A principal fonte de geração foi a hídrica, participando com 407 TWh (65,2% do total da OIEE), seguida pelo gás natural com 65,6 TWh (10,5%), biomassa com 51,2 TWh (8,2%) e eólica com 42,5 TWh (6,8%). Em 2017, a geração conjunta da biomassa e eólica foi equivalente à geração somada das fontes carvão mineral, derivados de petróleo e gás natural.

A Oferta Interna de Energia Elétrica representa o total de energia elétrica disponibilizada em um país e os dados acima foram divulgados recentemente pelo Ministério de Minas e Energia (MME). A contabilização realizada pelo MME considera a produção de energia elétrica tanto no Sistema Interligado Nacional quanto nos Sistemas Isolados do país, além de considerar também a geração relativa à autoprodução dos agentes do setor elétrico.

Normalmente, as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) no setor elétrico variam substancialmente com as condições hidrológicas de cada ano, em virtude da importância da fonte hidrelétrica na matriz elétrica brasileira. Atualmente, mesmo com a diminuição de sua participação relativa, a fonte hídrica ainda representa 66% da potência outorgada pela ANEEL na matriz elétrica do Brasil. Ou seja, ainda somos dependentes da geração hidrelétrica, das condições hidrológicas de cada ano e do nível dos reservatórios das hidrelétricas.

Entre 2016 e 2017, a produção de hidroeletricidade decresceu 4% na OIEE, sendo compensada pela maior produção das fontes gás natural (16%) e eólica (27%). A queda na produção hidrelétrica foi de 14,9 TWh e o aumento na geração a partir de gás natural e eólica foi de 9,2 TWh e 9 TWh, respectivamente.

Logicamente, a produção anual de hidroeletricidade impacta no volume de emissões de GEE no setor elétrico. Em 2015, por exemplo, devido às condições hidrológicas desfavoráveis, as emissões de GEE foram altas, atingindo quase 65 MtCO2e no setor elétrico, distanciando-se de 37 MtCO%2e, valor considerado como referência para o setor elétrico, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Em 2026, a EPE estima que em condições hidrológicas extremamente favoráveis o sistema elétrico poderia emitir abaixo de 30 MtCO%2e e, por outro lado, em condições extremamente desfavoráveis o sistema poderia emitir até 90 MtCO%2e, pelo acionamento de mais energia termelétrica com base fóssil.

O foco na expansão de renováveis como biomassa, eólica e solar é louvável e deve ser estimulado, por contribuir para que o setor elétrico mantenha níveis módicos nas emissões de GEE e possa cumprir metas estabelecidas em acordos climáticos locais e internacionais. Porém, há uma observação recorrente quanto à operação diária do sistema elétrico e intermitência das fontes eólicas e solar que acabam demandando uma complementariedade com fontes mais poluentes. Segundo a ABRAGET, a partir de exemplos na Califórnia (EUA), a cada 3 MW de energia eólica contratados deve ser contratado 1 MW de geração termelétrica, para contornar o problema da intermitência de determinadas fontes.

Neste aspecto, cabe mencionar que a bioeletricidade não é considerada fonte intermitente, no estrito senso do conceito de recurso energético. Pela sua maior previsibilidade e confiabilidade, é considerada sazonal, assim como é a hidrelétrica, mas não intermitente. Desta forma, estimular a participação da bioeletricidade na matriz elétrica brasileira significa contribuir para a segurança do sistema elétrico ao mesmo tempo em que continuamos a agregar uma energia sustentável no aspecto das emissões de GEE.

De acordo com o último Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2026), considerando apenas o aproveitamento pleno da biomassa (bagaço, palha e biogás) nos canaviais em 2016, a geração de bioeletricidade sucroenergética para a rede tinha potencial técnico para chegar a mais de sete vezes o volume de oferta à rede em 2016, ou seja, aproveita-se em torno de 15% do potencial dessa fonte.

Para se reduzir este hiato entre a geração efetiva de bioeletricidade e seu potencial, é importante continuarmos a construir uma política setorial estimulante e de longo prazo para a bioeletricidade, com diretrizes claras e de continuidade, buscando garantir o pleno uso eficiente deste recurso energético renovável na matriz elétrica do país. No Dia Mundial do Meio Ambiente, fica a reflexão que as energias renováveis (sobretudo a bioeletricidade) têm enorme potencial para contribuir, mais do que já contribuem, com o desenvolvimento socioeconômico sustentável do país.
Zilmar José de Souza
Gerente de Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar - UNICA
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