União Nacional da Bioenergia

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Diversas

Usina Colorado será a primeira a emitir título de dívida "verde"
Publicado em 11/11/2019 às 09h44
A Usina Colorado, localizada em Guaíra (SP), será a primeira empresa de bioenergia no mundo a emitir títulos de dívida "verdes" certificados. A unidade, que faturou R$ 972 milhões na última safra (2018/19), fará uma emissão de R$ 200 milhões em certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) que, pela primeira vez, foram certificados pela Climate Bonds Iniciative (CBI), ONG voltada à promoção de investimentos sustentáveis. A operação deve atrair investidores que buscam elevar a participação de projetos "limpos".

A emissão deverá levantar recursos para que a companhia - que pertence ao Grupo Colorado, dono de outra usina em Goiás - levante capital de giro para suas operações de etanol. A usina, que além de produzir o biocombustível também fabrica açúcar bruto e cogera energia a partir da queima do bagaço da cana, costuma estocar etanol para vender na entressafra.

A oferta prevê que os CRAs terão prazo de cinco anos e oferecerão remuneração de acordo com a taxa DI, mais sobretaxa de até 1,35% ao ano, a ser definida no procedimento de bookbuilding. A Central Energética Morrinhos (CEM), segunda planta do grupo, será a avalista da operação. A emissão foi avaliada pela plataforma de finanças sustentáveis Sitawi e auditada pela Vigeo Eiris e terá a EcoAgro como securitizadora.

A operação só foi possível depois que a CBI concluiu, em julho, seu processo de estabelecimento dos critérios globais que podem enquadrar um projeto de uma empresa de bioenergia como "verde", ressaltou Thatyanne Gasparotto, chefe da CBI para a América Latina. Para ela, o segmento sucroalcooleiro do Brasil é o que mais tem potencial no mundo para realizar essas emissões conforme os critérios para bioenergia.

Esses critérios incluem tanto indicadores de mitigação de emissões como de adaptação e resiliência às mudanças climáticas. Para que uma empresa de bioenergia possa emitir um título verde certificado pela CBI, seu processo produtivo precisa ter eficiência de 80% na emissão de gases de efeito estufa, comparado à produção de combustíveis fósseis. No caso das usinas de cana, há limites de emissões de gases-estufa da produção de etanol e da cogeração a partir do bagaço.

Para a produção de etanol, a "pegada de carbono" máxima deve ser de 18,8 gramas de gases equivalente ao carbônico por megajoule de energia gerada. A avaliação da Colorado feita pela Sitawi indicou um índice de emissão de 12,3 gramas. O alto índice de eficiência energética e ambiental da usina é creditado, em parte, ao aproveitamento de toda a cana no processo, já que a Colorado usa os resíduos industriais derivados da biomassa em seus canaviais.

Os critérios de enquadramento de títulos verdes também excluem a produção de bioenergia que provoca desmatamento - seja ele direto ou indireto, legal ou ilegal. Para garantir que a biomassa usada no processo industrial não provenha de áreas que tenham "empurrado" outros usos da terra sobre vegetações nativas, a CBI definiu que os projetos precisam demostrar que a produção é derivada do aumento da produtividade, sem expansão de área. Senão, a empresa tem que provar que a biomassa usada foi cultivada em áreas que não tinham antes uma outra cultura. Outra opção à empresa é demostrar que a biomassa advém de uma cadeia de produção já estabelecida e não demanda produção fora das áreas atualmente cultiváveis.

A emissão de títulos verdes certificados em bioenergia também demanda do emissor um plano de avaliação de risco climático e de adaptação quando há riscos elevados identificados. A companhia ainda precisa provar que sua matéria-prima está de acordo com "os padrões de melhores práticas da indústria". Outro ponto necessário para um projeto de bioenergia ser elegível a uma emissão de títulos verdes é a identificação de riscos de segurança alimentar e de solução para eventuais problemas correlatos.
Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do clipping do SCA
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