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Economia

Novo presidente do BID pressiona por aumento de capital do banco
Publicado em 27/10/2020 às 16h34
O novo presidente da principal instituição de financiamento da América Latina espera usar preocupações com o crédito chinês para conquistar o apoio dos parlamentares dos Estados Unidos à iniciativa de aumentar a capacidade de empréstimo anual do banco para 20 bilhões de dólares, enquanto a região enfrenta a crise sanitária do coronavírus.

Mauricio Claver-Carone, que é conselheiro sênior do presidente dos EUA, Donald Trump, e assumiu o comando do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em 1º de outubro, disse que já iniciou discussões com democratas e republicanos no Congresso e espera finalizar um plano de aumento de capital para ser apresentado ao conselho do banco em março. Os Estados Unidos são os maiores acionistas do BID, com 30% dos votos.

Documento apresentado ao conselho do Banco Mundial estima as necessidades de financiamento da região em 25 bilhões de dólares por ano, em um momento no qual os países latino-americanos foram duramente atingidos pela pandemia, e o crédito da China, dos Estados Unidos e de outros países diminuiu drasticamente.

"O BID pode e deve ficar em 20 bilhões de dólares ao ano em empréstimos", disse Claver-Carone em entrevista à Reuters. "Isso faria uma grande diferença na região."

Claver-Carone disse que seu contato com os parlamentares dos EUA um mês antes de qualquer ação do conselho foi um pouco "heterodoxo", mas tinha como objetivo facilitar o caminho para a aprovação do aumento de capital.

Ganhar o apoio dos EUA para financiar instituições multilaterais geralmente é difícil e pode ser ainda mais árduo durante a crise atual. Alguns democratas também podem hesitar depois de terem se oposto à indicação de Trump de Claver-Carone, um cidadão norte-americano, para um cargo tradicionalmente ocupado por um nome da América Latina.

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Economistas dizem que ajuda urgente é necessária, dados os altos patamares de dívida em toda a região, e estimam que a crise do Covid-19 aumentará as necessidades de financiamento de saúde para mais de 150 bilhões de dólares.

Argentina e Equador já reestruturaram suas dívidas externas este ano, e toda a região enfrentará uma contração de 8,1% na produção econômica em 2020, segundo cálculos do Fundo Monetário Internacional, com uma recuperação apenas parcial e desigual no horizonte em 2021.

A China aumentou os empréstimos para a América Latina no início dos anos 2000, mas recuou nos últimos anos quando uma queda nas exportações causada pela guerra comercial sino-americana cortou as reservas de moeda estrangeira.

Os empréstimos chineses recuaram para 1 bilhão de dólares em 2019, após atingirem uma máxima em torno de 35 bilhões de dólares há uma década, disse Claver-Carone, mencionando dados compilados pelo grupo de estudos independente Inter-American Dialogue.

As crescentes preocupações com a falta de transparência nos empréstimos chineses, especialmente para as economias em desenvolvimento, podem ajudar a angariar apoio para um aumento de capital do BID, disse ele.

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"É um grande argumento de venda", afirmou, descrevendo a dependência contínua do Equador de empréstimos chineses como importante exemplo para explicar por que o banco precisa de uma base de capital maior.

Recentemente, o Equador concluiu um programa de financiamento de 6,5 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI), após renegociar cerca de 17,4 bilhões de dólares em títulos soberanos e obter um acordo para adiar o pagamento de capital e juros de empréstimos de bancos chineses.

"O Equador foi essencialmente forçado a negociar com os chineses um financiamento estendido para que a dívida pudesse ser mais sustentável", disse Claver-Carone, acrescentando que os empréstimos chineses foram em parte o que colocou o Equador em apuros.

"E eu apresentei esse caso ao Congresso. Aqui está um presidente que está tentando mudar seu país e ele fez tudo da maneira certa. Mas ele não tem dinheiro suficiente e essencialmente teve que voltar para os chineses", disse.

Claver-Carone afirmou não ter nenhum preconceito com a China, que também é um pequeno membro do BID, mas disse que a maioria dos países da região prefere tomar empréstimos da instituição regional sob melhores condições financeiras e sem outras contingências.
Fonte: Reuters
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