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Diversas

Petrobras acelera cortes nos combustíveis
Publicado em 16/08/2022 às 10h23
Foto Notícia
Pela quinta semana consecutiva, a Petrobras fará cortes nos preços dos combustíveis. A estatal anunciou ontem que vai reduzir o preço médio de venda do litro da gasolina nas refinarias às distribuidoras de R$ 3,71 para R$ 3,53 por litro a partir de hoje. O movimento corresponde a uma queda de R$ 0,18 por litro, ou 4,85%. Desde 20 de julho, a companhia reduziu três vezes o preço da gasolina e duas o do diesel.

No período, a queda acumulada nos preços da gasolina vendida nas refinarias da estatal foi de 13,05%, segundo cálculos do Valor Data. No caso do diesel, a redução total, desde 5 de agosto, é de 7,49%. O diesel teve dois cortes desde a mudança no comando da companhia, em junho, quando Caio Paes de Andrade assumiu a presidência da Petrobras. O último deles, de 4,07%, passou a valer na sexta-feira. O óleo diesel é vendido desde então a R$ 5,19 o litro, em média.

Sob o comando de Andrade, a Petrobras encurtou a frequência entre os reajustes dos combustíveis. Entre março e junho, a estatal chegou a ficar três meses sem mudanças nos preços da gasolina, período de aumento das cotações internacionais. Especialistas dizem que as quedas recentes nos combustíveis fazem sentido, do ponto de vista técnico, em linha com a queda do dólar ante o real nas últimas semanas e com a redução no preço do petróleo. Andrade assumiu depois de sucessivas críticas do presidente Jair Bolsonaro à política de preços da Petrobras. Os preços dos combustíveis se tornaram uma das principais bandeiras do presidente na campanha pela reeleição.

Ontem, o barril tipo Brent, principal cotação internacional, fechou a US$ 95,10, queda de 3,1%, na negociação para entrega em outubro. O barril ficou acima dos US$ 100 nos últimos meses, com a guerra na Ucrânia e a alta da demanda com o fim das restrições da pandemia.

Nos cálculos da Associação Brasileira dos Importadores dos Combustíveis (Abicom), antes do corte de hoje, a gasolina vendida pela Petrobras estava, em média, 10% acima do preço de paridade internacional (PPI), o que indicava potencial para uma redução de R$ 0,33 por litro. "Esperamos que a nova gestão da Petrobras faça os acompanhamentos com a frequência devida. Não desejamos aumentos de preços, mas esperamos que, em momentos de elevação do petróleo, os reajustes [dos derivados] também sejam anunciados com a frequência das reduções", disse o presidente da Abicom, Sérgio Araujo. Ele diz que quando a Petrobras demora a reajustar o diesel e a gasolina em momentos de alta desses produtos no mercado externo as importações se inviabilizam.

André Vidal, chefe de óleo, gás e materiais básicos da XP, afirma que, após a redução de hoje, a Petrobras ainda venda a gasolina 2,6% mais cara do que o mercado internacional, o equivalente a R$ 0,09 por litro. A consultoria StoneX estimou ontem que, mesmo depois do corte, a gasolina vendida pela Petrobras ainda teria espaço para um corte de cerca de 10% ou de R$ 0,3496, em média.

Pedro Shinzato, da StoneX, diz que a opção por não zerar a diferença em relação ao mercado internacional pode estar relacionada à volatilidade do mercado: "Imagino que seja na esteira de buscar preços que reflitam as mudanças estruturais, e não conjunturais, do mercado." O Credit Suisse disse em relatório que a Petrobras está acompanhando a tendência de queda nos preços de paridade de importação. O banco calcula que a gasolina é vendida 3% acima da paridade internacional, mesmo com o corte.

Dois analistas de bancos de investimentos dizem que a nova redução do preço da gasolina era esperada. Para eles, o corte foi técnico e aconteceu independentemente da gestão da empresa. "O processo é matemático, independente de quem está lá", disse. Para Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, o anúncio da Petrobras é condizente com a queda dos preços de petróleo e câmbio: "Ainda que segundo nossos cômputos não víssemos espaço para uma redução deste tamanho, acreditamos que o mercado agirá de forma neutra com a decisão da petrolífera", ressalvou.

A pesquisadora do Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Carla Ferreira, lembrou que, apesar dos recentes cortes, a gasolina segue acima dos preços no começo do ano. "A Petrobras aumentou a frequência dos reajustes em função do mercado internacional. Mas a disposição para a implementação dos reajustes também pode ter relação com a proximidade das eleições. Há uma insatisfação popular com o aumento generalizado de preços", afirmou.

No caso do diesel, a StoneX calculava ontem que existia espaço para um corte de R$ 0,54 no preço médio do litro da Petrobras, equivalente a uma redução de cerca de 10%. "No diesel está muito claro que a Petrobras manteve preços abaixo da paridade no primeiro semestre e agora está um pouco acima, talvez em busca de uma paridade média no ano ou trimestre", disse Shinzato.

Araújo, da Abicom, não acredita em novos cortes no diesel em breve, pois há viés de alta desse produto no mercado internacional.
Fonte: Valor Econômico
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