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Diversas

Enquanto La Niña não se fortalece, Brasil deve ter meses sem extremos climáticos
Avaliação foi feita por meteorologistas da Climatempo, durante evento sobre mudanças climáticas no interior de São Paulo
Publicado em 26/07/2024 às 14h49
Foto Notícia
As previsões de La Niña ainda estão divergentes e há um cenário de neutralidade que deve permanecer por mais alguns meses, sem extremos climáticos atuando sobre as regiões produtivas, o que pode beneficiar o momento de recuperação das lavouras no Rio Grande do Sul. É o que avalia Caio Souza, metereologista e gerente da área de agronegócio da Climatempo. Ele explica que a situação de neutralidade é quando nenhum fenômeno impacta de forma significativa as áreas atingidas.

Por outro lado, boletim de 22 de julho da Administração Nacional Atmosférica e Oceanográfica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), aponta que o fenômeno La Niña será mais rápido e intenso, com ação entre outubro e novembro. As estimativas para o Brasil apontam que a estiagem forte deve continuar na Amazônia, enquanto Centro-Sul deve se beneficiar no pré-plantio de soja, com chuvas estimadas para a janela pós vazio sanitário, em setembro.

“Há fontes que dizem que o fenômeno será mais intenso, outras que será mais fraco e moderado. Essas são questões ainda a definir. Inclusive, o La Niña já está atrasando para o final do ano e a tendência é a que fiquemos em um cenário de neutralidade por um pouco mais de tempo do que estávamos esperando”, acrescentou à reportagem.

A recomendação da Climatempo aos produtores tem sido um monitoramento mais assíduo da previsão meteorológica para repensar as janelas de plantio, em especial da safra de verão. Os meteorologistas trataram do assunto no II Encontro Nacional de Mudanças Climáticas para o Setor de Energia e Agronegócio (Emsea), no Parque de Inovação e Tecnologia (PIT), em São José dos Campos (SP).

“É até perigoso a gente falar de uma seca extrema no Rio Grande do Sul por conta da La Niña. Isso não está definido e pode não acontecer. A eutralidade, pode beneficiar um pouco o produtor do Estado, pois, hoje, o que ele precisa é que essa próxima safra não seja acompanhada de extremos”, alertou.

Marcely Sondermann, também metereologista da Climatempo, confirma que os desvios e picos de temperatura continuarão mais acelerados, em especial depois de 2023. “Afinal estamos acima do limiar de 1,5 grau permitido pelo Acordo de Paris. Ou seja, rompemos esse acordo”, acrescenta.

No Brasil, ela projeta uma permanência de chuvas mais intensas e secas mais severas, com diferenças radicais entre as temperaturas mínimas e máximas. A solução é associar metas climáticas à regulação ambiental vigente dentro do setor privado do agro.

De acordo com Souza, o agro irá passar por uma “segunda revolução climática”, que ele define como o momento em que o produtor consegue aplicar toda a informação gerada e já cruzada em plataformas tecnológicas para decidir como gerenciar suas culturas e safras a partir das previsões do clima.

Ele explica que fará parte do planejamento olhar para área produtiva nos próximos cinco e dez anos, aceitando que deverá ter alterações de cultivares ou mesmo de culturas. Isso afeta a área de crédito, que também necessitará olhar para as previsões de safra, e até a aquisição de novas áreas de plantio.

A situação não atinge todos os representantes da cadeia, porque o custo tecnológico ainda é alto no país e a conexão com a internet não é homogênea em todas as regiões produtoras. Apesar disso, Souza vê oportunidade para “personalizar" as projeções meteorológicas, a fim de que agricultores possam ter planejamentos de safra mais eficientes e adequados, sabendo se deve investir, por exemplo, em um cultivar mais resistente à seca ou à umidade intensa.

A primeira revolução, diz ele, foi quando começou-se a aplicar estações ainda analógicas e se monitorar disponibilidade de água e vento para estruturar as janelas de plantio e colheita. No entanto, com os extremos que se intensificaram diante do El Niño no ano passado, não há mais como pensar que as regiões terão o mesmo comportamento de décadas atrás.

“A previsão de temperatura para Dourados (MS) e o acumulado de chuvas previsto vai impactar pastagens, grãos da realidade do Estado, mas não significa que se aplica ao Brasil. Hoje, um dos grandes desafios é como aplicar meteorologia para cada cultura agrícola e realidade rural”, detalhou.

Decisões na pecuária, acrescenta Souza, serão ainda mais complexas, pois haverá necessidade de acompanhar se o pasto aguentará a temperatura, ou precisará de uma troca; se o rebanho suportará o estresse térmico. “O futuro é investir em previsões corporativas para assegurar conforto térmico aliado à demanda energética”, atentou.

Descarbonização

No setor público, a Embrapa Territorial tem liderado projetos de descarbonização e análise preditiva do clima para tentar antecipar estimativas que possam ajudar produtores a se preparar e não vivenciar catástrofes, como as do Rio Grande do Sul e do litoral de São Paulo, em 2023.

Gustavo Spadotti, coordenador da unidade, disse à reportagem que as pesquisas estão focados em uso de biogás e biometano, bioinsumos para redução de fertilizantes nitrogenados, e aumento de sistemas integrados entre pequenos e médios produtores.
“Queremos espalhar o protocolo de soja de baixo carbono e da carne carbono neutro para que o balaço entre emissão e sequestro dos gases seja mais eficiente. Além das estratégias de mitigação, o olhar da entidade está para adaptação ao clima com foco na agrometereologia cada vez mais precisa em um contexto de inteligência territorial estratégica”, explicou.
Isadora Camargo
Fonte: Globo Rural
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