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Diversas

Energia da biomassa, conheça o potencial no Brasil
Publicado em 28/09/2021 às 17h06
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A energia de biomassa é limpa e renovável. Se você ainda não ouviu falar, prepare-se. Mas, antes, o que é mesmo biomassa? Basicamente é todo recurso renovável oriundo de matéria orgânica, animal ou vegetal, usada como fonte de energia. As vantagens do uso da biomassa são o baixo custo, o reaproveitamento de resíduos que de outra forma seriam descartados, e ser muito menos poluente que os combustíveis fósseis.

Energia da biomassa, conheça o potencial no Brasil

A biomassa já faz bonito no País. É a terceira fonte mais usada depois da hidráulica, e da energia eólica.

Segundo especialistas, a energia da biomassa tem capacidade para suprir quase um terço do consumo de energia no Brasil.

Energia da biomassa hoje

De acordo com o site canalbioenergia, ´Com 14,6 mil MW da potência instalada da matriz elétrica do Brasil, a participação da biomassa é pouco mais de 9% do total de 161 mil MW do sistema´.

´Somente a biomassa de cana-de-açúcar contribui com 11 mil MW. As demais fontes são compostas por insumos florestais, principalmente a lenha de eucalipto, resíduos sólidos urbanos e restos vegetais´.

Igual a duas usinas de Itaipu

Segundo Zilmar José de Souza, gerente de bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), ´o potencial técnico da biomassa da cana pode ir além e alcançar quase duas usinas do porte de Itaipu, com geração de 165 TWh até 2024.´

A deficiência: exportação do excedente produzido

Segundo o professor, sócio-fundador e Diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, a biomassa tem como foco a produção de energia elétrica para autoconsumo, mas a exportação do excedente produzido é dificultada pela ausência de condições que facilitem a conexão dessas usinas à rede para comercializar energia.

Adriano Pires falou ao canalbioenergia: "As usinas de açúcar e etanol estão dispersas geograficamente, sendo por vezes distantes de subestações capazes de escoar a energia produzida. Com isto, o aceso à rede acaba constituindo-se em uma barreira para a incorporação de novos empreendimentos de geração movidos a biomassa."

Dependência da energia hidráulica

Como se pode ver pelo gráfico acima, ainda somos muito dependentes da energia hidráulica. Isso não é nada bom. É preciso dizer que as usinas hidrelétricas são prejudiciais aos rios, e à fauna aquática em geral. Muitas impedem a piracema (subida do peixe, em tupi), por exemplo, quando várias espécies sobem os rios para a desova e alimentação.

Outra situação comum acontece quando o peixe é sugado pelo duto que leva até a turbina de uma usina hidrelétrica, e destrocado pela diferença de pressão.

Matéria da Folha de S. Paulo, ´Hidrelétricas matam toneladas de peixes e ameaçam espécies nos rios brasileiros´, informa que ´o biólogo e ecólogo Andrey Leonardo Fagundes de Castro, professor da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ) e um grupo de pesquisadores da UFSJ, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, e da Universidade Southampton, na Grã-Bretanha, reuniram todas as notificações de cardumes mortos nos últimos dez anos no Brasil em decorrência de operações de usinas hidrelétricas´.

´Eles compilaram um total de 128 mil quilos de peixes mortos, com ocorrências em praticamente todas as bacias hidrográficas do país´. Mas o número pode ser muito maior já que a ´amostragem compreende menos de 1% das usinas do país´.

Já um relatório da ONU diz que ´as barragens construídas para aumentar a potência da energia hidráulica afeta 2/3 dos rios do mundo´. É demais!

As hidrelétricas da Amazônia ainda produzem ´feridas´ na floresta, e em seus enormes reservatórios a decomposição da vegetação dá origem a gases como o metano, o gás carbônico, e o óxido nitroso, todos gases de efeito estufa. Sem falar no deslocamento de populações, e outros impactos. Apesar disso, ainda a consideram ´energia limpa´.

A dependência, e um governo perdido no espaço

A dependência de uma fonte, como é o caso das hidrelétricas, fica ainda mais perigosa quando temos um governo que se nega a governar.

Nega a ciência, nega a pandemia que tratou como ´gripezinha´, nega o apagão que está em nossas portas devido à seca agravada pelo aquecimento global que, até bem pouco tempo, também era negado até mesmo pelo ´ministro´ do Meio Ambiente.

Apesar da dramática situação, da possibilidade de apagão, e dos avisos dos meteorologistas de que as perspectivas são pífias para a temporada de chuvas que começa entre o fim de setembro e início de outubro, o governo, que optou pelo conflito, prefere negar as evidências.

Enquanto isso o beócio do Palácio do Planalto declarava que "Tem que todo mundo comprar um fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado."

O ministro da Economia, o tal posto Ipiranga, teve o desplante de declarar: "Qual o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?"

Este é mais um motivo para...

Diversificar é a ordem do dia

Com a luta pela mitigação do aquecimento global na pauta mundial, o melhor que o País tem a fazer é diversificar ainda mais sua matriz elétrica.

A energia eólica deve crescer muito depois que for publicado o marco regulatório para exploração offshore, que acontecerá em breve.

E o mar ainda nos dará fontes limpas e renováveis com usinas de ondas e de marés, ainda em estado experimental no Brasil.

A biomassa da cana-de-açúcar

Os especialistas dizem ser esta a mais promissora fonte de energia de biomassa. Inicialmente a biomassa de cana era usada para o atendimento das necessidades da própria usina de açúcar e álcool.

Com a procura da sustentabilidade, e a descarbonização das economias, novas oportunidades surgiram a partir de inovações tecnológicas, como explica Sérgio Alves Torquato, no trabalho publicado pela Embrapa, Potencial da bioeletricidade no Brasil: uso da biomassa de cana-de-açúcar como energia alternativa e complementar.

De acordo com o Balanço Energético Nacional 2019, o País tem uma oferta de energia de 289 milhões de toneladas equivalentes de petróleo -- tep, medida que equivale a 7 barris de petróleo, distribuídas em 45,25% de ofertas de renováveis e os 54,8% em não renováveis. Entre as renováveis, a biomassa corresponde a 17,5% da oferta disponível.

Enquanto isso, o Plano Nacional de Energia 2050, que traça estratégias de longo prazo, mostra o enorme potencial da biomassa.

Para o ano de 2050, a biomassa apresenta um potencial energético de 530 milhões de tep, mais que o dobro do consumo energético total atual, consideradas todas as fontes de energia.

Como se vê, se tivermos um mínimo de direção a transição no Brasil pode gerar muitos novos empregos, e trazer muito investimento de fora. Mas, para isso, é preciso um mandatário que não tenha optado pelo conflito, a paranoia, ou a negação, como é o caso brasileiro.
Fonte: Estadão
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