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Diversas

Análise: As dificuldades do setor automotivo para prever o dia seguinte
Publicado em 13/10/2021 às 10h27
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Há poucos dias, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, disse que o setor nunca teve tanta dificuldade para enxergar o cenário a curto prazo como hoje.

A persistente crise no fornecimento global de semicondutores agrava o quadro de incertezas. Acrescenta mais dúvidas às que já perturbam o setor em relação ao ambiente macroeconômico do país.

Por isso, a apenas dois meses do encerramento do ano, a entidade decidiu trabalhar com mais de uma projeção tanto para produção como para vendas e exportações.

A produção poderá variar entre 2,12 milhões e 2,21 milhões de veículos. Isso representa aumento de 6% a 10% em relação a 2020. As vendas podem variar de 2,03 milhões a 2,11 milhões, o que corresponde a uma queda de 1% ou crescimento de 3%, respectivamente. Já as exportações tendem a ficar entre 357 mil e 377 mil unidades, o que equivale a uma alta de 10% a 16% em comparação com o resultado de 2020.

Depois do forte impacto provocado pela pandemia, os fabricantes de veículos nunca se mostraram tão desolados como agora por não poder atender consumidores que circulam de concessionária em concessionária em busca do modelo desejado. É um paradoxo o país com graves problemas de inflação, alta dos juros e elevado índice de desemprego ter filas de espera por carros zero-quilômetro.

Não poder atender o consumidor também levou, nos últimos dias, a Fenabrave, a associação que representa os concessionários, a refazer cálculos para o 2021. Em janeiro a entidade tinha uma expectativa de as vendas de veículos crescerem 16% em 2021 na comparação com 2020. Em julho, baixou a projeção para 11,6% e no início deste mês, para 4,8%.

O quadro se estende há meses e está longe de terminar, segundo cálculos da própria indústria que, a cada dia que passa, se pergunta até quando esse setor suportará um sistema de manufatura que o deixa vulnerável em situações em que depende de uma única fonte de fornecimento, como acontece com os semicondutores, com produção concentrada na Ásia. Se na indústria, as projeções para os próximos meses são incertas, entre os importadores, a situação é agravada pela perspectiva de que a alta do dólar não deve recuar tão cedo. Para piorar, a instabilidade política em véspera de campanha para eleição presidencial tende a ser um dos principais entraves à valorização do real.

Os importadores também estão preocupados em manter incentivos para carros elétricos e híbridos por serem eles os que mais atuam nesse segmento. A Abeifa, a associação que os representa, tem mantido contatos com o governo federal para que seja renovada a portaria que reduz o Imposto de Importação para modelos híbridos e elétricos trazidos de países fora dos blocos que mantêm acordos comerciais com o Brasil. Caso isso não ocorra até o fim do ano, as alíquotas do tributo para esses veículos subirão da atual faixa, que vai de zero a 7%, para 35%.

A expectativa é de que o governo renove a portaria, já que do contrário, dizem, as vendas desses modelos ficariam praticamente inviáveis. Veículos elétricos e híbridos já são, hoje, um segmento quase que totalmente voltado às classes de maior poder aquisitivo. São as marcas de alto luxo as que mais têm renovado a linha de produtos, trocando-os por modelos eletrificados. São esses os carros mais vendidos por essas empresas na Europa, por exemplo.

Enquanto isso, no Brasil, continua a discussão, entre os fabricantes, do que fazer para que o país não seja completamente excluído do mapa de desenvolvimento global de veículos. A esperança, por enquanto, é que as matrizes se convençam de que o país pode ser um centro de desenvolvimento de modelos híbridos movidos a etanol. As discussões entre associações, fabricantes, usinas, trabalhadores e governo estão em curso.
Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do boletim SCA
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