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Mercado mundial de milho está preocupado com sanções impostas à Rússia
Segundo a Safras & Mercado, a partir de agora, os mercados dependerão mais das sanções do que necessariamente do quadro de guerra
Publicado em 04/03/2022 às 08h30
Foto Notícia
O mercado de milho vem sendo impactado pela alta nos preços do petróleo e do trigo, bem como pelas dificuldades de exportação registradas na Ucrânia em razão dos conflitos com a Rússia. A avaliação é do consultor da Safras & Mercado, Paulo Molinari.

Conforme Molinari, há preocupações neste momento em como se dará o plantio da safra ucraniana em maio, o que pode afetar a safra 2022/23, bem como nas mudanças que deverão ocorrer em toda a região, inclusive na China. "A partir de agora, os mercados dependerão mais das sanções e dos embargos colocados pelo Ocidente à Rússia do que necessariamente do quadro de guerra", avalia.

O analista elenca abaixo diversos efeitos potenciais para os preços das commodities do agronegócio na Ucrânia. "Diante da ruptura da Ucrânia pela Rússia, sintoma que vinha sendo desenhado pelo mercado internacional há dias, algumas avaliações precisam ser preponderantes", ressalta. Entre elas estão:

-- A Ucrânia foi é terceiro maior exportador de milho em 2021/22, com 33 milhões de toneladas, portanto, tem peso no abastecimento da Europa e da China, além de ser um grande exportador de trigo;

-- A Rússia é o maior exportador de trigo mundial, portanto, tem participação fundamental no quadro global desta commodity e dos seus concorrentes como o milho, substituto em partes da demanda de trigo;

-- A Ucrânia é um grande exportador de óleo de girassol. É claro, se houver problemas para vendas desta commodity a demanda da Europa terá que ser suprida com óleo de soja ou de palma da Malásia. Por este motivo, o trigo é o que lidera as altas na Bolsa de Chicago, seguido do milho e depois do óleo de soja;

-- A maior parcela do fluxo de comércio destas commodities no Leste Europeu e Rússia é realizado pelo Mar Negro. Se os portos regionais forem fechados por um avanço da guerra e o fluxo de mercadorias for paralisado, os importadores mundiais precisarão buscar outros mercados, neste caso do trigo: EUA, Argentina e Austrália. Se não houver o milho da Ucrânia terão que buscar nos EUA e Argentina no curto prazo;

-- A possibilidade de um agravamento da guerra é um ponto muito sensível, sem dúvida. Porém, os mercados estão aguardando os comunicados dos embargos comerciais e econômicos que o Ocidente está impondo à Rússia. Se o Ocidente não puder comprar trigo, petróleo e derivados, fertilizantes e gás da Rússia, poderemos ter um colapso de abastecimento global;

-- A participação da Rússia no mercado de energia é expressiva. As altas do petróleo alimentam a demanda por etanol e biodiesel, consequentemente milho e óleo de soja;

-- O quadro é mais delicado para o trigo e para o milho, já que na soja a região tem pouca participação global;

-- É importante frisar, que não falta milho nem soja nos EUA e os preços altos na atual condição são referência de venda para o produtor local;

-- A grande questão agora para o trigo e o milho é a duração da guerra, como ficam os portos da Ucrânia e os compromissos de exportação, a substituição das vendas da Ucrânia e Rússia por outras origens na América do Sul e do Norte, e as sanções.
Fonte: Agência Safras
Texto publicado no Canal Rural
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