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O despertar a demanda do hidratado no Centro-Sul, por Mauricio Muruci
Mesmo sem os repasses da alta do Brent em Londres, o mercado de etanol já não precisa (tanto) do amparo da gasolina para crescer e sustentar na safra nova 2022/23
Publicado em 14/03/2022 às 15h47
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A safra nova de cana 2022/23 do Centro-Sul do Brasil começa apenas em abril pelo calendário oficial da temporada, mas muito antes disto o mercado já observa o desenvolvimento da temporada pela perspectiva da capacidade de demanda do hidratado que, para este período novo, tende a ser muito promissor. O primeiro ponto que chama a atenção e que no fundo permite esta recuperação esperada na demanda interna é a disponibilidade de oferta de cana. Ainda em junho do ano passado a SAFRAS & Mercado já alertava para um avanço produtivo na safra 2022/23 para 540 milhões de toneladas, vinda de uma quebra até então estimada em 515 milhões. Já em novembro de 2020 duas foram as mudanças vistas neste cenário.

A primeira fora o avanço da safra 2021/22 para 520 milhões de toneladas, volume até então muito positivo para quebra histórica em curso. Além disto a SAFRAS & Mercado observou que os mapas de anomalia de chuvas (que já mostravam precipitações regulares desde outubro, novembro e dezembro de 2021) também sinalizavam chuvas muito acima da média histórica para janeiro e fevereiro de 2022, que de fato se confirmaram. Com base nisto ainda em dezembro de 2021 a SAFRAS & Mercado elevou sua estimativa para a safra 2022/23 de 540 para 560 milhões de toneladas. Porém, para o mercado de etanol apenas uma esfera do problema estava resolvida: a oferta. Mas e a demanda?

Entre abril de 2021 e a primeira quinzena de fevereiro de 2022 o hidratado não apresentava níveis válidos de competitividade em nenhum estado brasileiro. A oferta era curta e a demanda incerta. Mas certo era o receio do desabastecimento e seus impactos sobre o blend de anidro a gasolina. Logo o setor se viu obrigado, como em um xeque mate em um jogo e xadrez, a tomar uma difícil decisão: sacrificar a rainha. E isto é o que foi feito quando os preços do hidratado subiram o suficiente para perder a competitividade e neutralizar grande parte da demanda para que a entressafra longa de seis meses fosse atravessada com níveis mínimos de estoques. O resultado disto foi um ápice de baixa de consumo de 917 milhões de litros registrados em janeiro de 2022 segundo dados da Unica.

Porém, como o crescimento da oferta estará de certa forma fundamentada na alta no volume de cana para o Centro-Sul na safra 2022/23, o mercado se viu confortável para conduzir os níveis de competitividade para padrões válidos a partir da segunda metade de fevereiro, com este movimento ganhando maior profundidade ainda nas primeiras semanas de março. Com base nisto, após as vendas de 917 milhões de litros de hidratado em janeiro, a SAFRAS & Mercado estima uma demanda de 1,1 bilhão de litros em fevereiro. Para março as vendas devem saltar para 1,3 bilhão de litros e se direcionando para 1,4 bilhão de litros em abril. Com base nisto fica clara que o setor não precisa se amparar tanto nos repasses da alta do Brent em Londres para a gasolina no mercado interno para conseguir uma recuperação considerável na demanda ao longo do segundo trimestre de 2022.


Mauricio Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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