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Hidratado com alta de 24% no ano em março - Por: Mauricio Muruci
Apesar dos avanços fortes no comparativo anual, frente ao mês anterior queda foi de 1,7% com oferta elevada no curto prazo; Mercado físico seguiu pressionado pela oferta elevada por parte de usinas de cana com estoques altos para a época do ano e pelas usinas de milho com padrões elevados de produção ao longo da entressafra; A demanda seguiu alta por parte das distribuidoras ajudando a dar vazão ao conforto na oferta de curto prazo; Antecipação da safra nova também reforça oferta imediata e limita ganhos o longo de 2025
Publicado em 25/04/2025 às 09h02
Foto Notícia
O mês de março foi um período de movimentos divergentes entre o curto e o médio prazo para o mercado físico de etanol hidratado. Enquanto no ano tivemos ganhos de 24%, na margem [frente ao mês imediatamente anterior] o hidratado teve uma queda de 1,78% que reflete, basicamente, a elevada disponibilidade de oferta de curto prazo mesmo em pleno período de entressafra de cana.

Basicamente a região do Centro-Sul tem enfrentado um cenário de oferta relativamente confortável de etanol hidratado ao longo da entressafra. Por um lado, os estoques de passagem se mostram elevados para a época do ano, mesmo que sigam sendo consumidos no curto prazo [mais informações em nosso reporte mensal sobre estoques de anidro e hidratado no Centro-Sul, publicado em nossa plataforma]. Por outro, as usinas de etanol de milho têm atuado de forma intensa na oferta de curto prazo com os volumes desta safra se sobrepondo, em muito, tanto sobre os padrões da mesma safra quanto em relação a temporada anterior.

Derivando dados do reporte mais recente da Unica é possível observar que o etanol de milho respondeu por 94% da oferta total de etanol ao longo da segunda metade de fevereiro, contra 88% visto no mesmo momento do ano anterior, com alta de 5 pontos porcentuais no avanço da representatividade da oferta em termos anuais.

Isto tem ocorrido diante do aumento da produtividade das usinas de milho já em operação e da entrada em atividade de novas usinas de milho ao longo de 2024 e 2025. Logo, o complemento da oferta de etanol de milho reforça no conforto da oferta de curto prazo que ajuda formar um cenário até mesmo de queda moderada nos preços de 1% vista entre as médias de fevereiro e março.

Ao longo de março a média de negociação do hidratado no mercado físico, com base em Ribeirão Preto, oscilou em R$ 3,33 o litro, com impostos. Este preço se mostrou 24,46% mais alto que a média do ano anterior que fora de R$ 2,67 o litro [com preços corrigidos pela inflação e colocados em valores presentes, sendo que os nominais da época eram de R$ 2,56 o litro]. Além disso, frente a média de 5 anos sobre o mesmo período, que oscila em R$ 3,58 o litro [também corrigida pela inflação e colocada em valores presentes] houve uma queda de 7,01%.

No comparativo de curto prazo, frente ao mês imediatamente anterior, a média do hidratado em março, em R$ 3,33 o litro, apresentou uma queda de 1,78% comparada com a média de R$ 3,39 o litro de fevereiro. No mês passado a SAFRAS & Mercado havia estimado preços médios para o hidratado em março na faixa de R$ 3,38 o litro, sendo uma expectativa que se posicionou 1,56% acima da média efetiva para o período que oscilou em R$ 3,35 o litro.
    

Para o mês de abril a SAFRAS & Mercado estima preços médios para o hidratado na faixa de R$ 3,20 o litro que, se confirmadas, deverão resultar em uma queda de 3,82% na margem [frente a média atual de março] assim como uma alta de 6,84% no ano e perdas de 10,03% frente a média de 5 anos sobre o mesmo período. Tanto a média anual quanto a de 5 anos também se encontram corrigidas pela inflação com seus preços colocados em valores presentes.

Esta queda nos preços médios ocorrerá obviamente em função da sazonalidade do período com o início oficial da safra nova 2025/26 de cana no Centro-Sul. Mesmo assim a SAFRAS & Mercado alerta que a disponibilidade de oferta de etanol da safra nova tem sido reforçada desde março com 88 usina antecipando moagem de cana antes do início oficial do calendário de moagem. Ao longo de março a SAFRAS & Mercado estimou antecipação de moagem da safra nova de 40 usinas na primeira quinzena e mais 48 na segunda quinzena do mês, com outras 57 usinas devendo iniciar a moagem na primeira metade de abril junto a mais 77 usinas na segunda quinzena do mesmo mês. Em maio o Centro-Sul terá apenas 10 usinas iniciando a safra nova na primeira quinzena e 2 na segunda quinzena.

Com isso a oferta de etanol tem se mantido elevada antes mesmo do início da moagem de cana iniciar de forma inicial pelo calendário em abril. Porém os preços não deverão ter quedas muito profundas visto que os níveis de competitividade do hidratado frente a usina seguem oscilando na faixa de 67% na média de SP, o que garante as saídas nas bombas, mantendo os preços relativamente sustentados no curto prazo ainda que com pressão sazonal de baixa. Colabora para isto o padrão médio de mix de produção de 70% a 100% para o etanol por parte das usinas que iniciam a safra nova, reforçando ainda mais a oferta de etanol no início da safra.
Mauricio Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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