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O perfil da presidência da Petrobras desde a quebra do monopólio
Assembleia de acionistas votou novo conselho e nome de José Mauro Ferreira Coelho, indicado por Bolsonaro. O Nexo fez um histórico sobre quem já ocupou o comando da estatal desde a Lei do Petróleo de 1997
Publicado em 14/04/2022 às 10h08
Foto Notícia
Os acionistas da Petrobras se reuniram na quarta-feira, 13, para eleger o novo conselho de administração da empresa. Entre os indicados está José Mauro Ferreira Coelho, escolhido pela União para presidir a maior estatal brasileira.

Coelho será o terceiro comandante da Petrobras no governo de Jair Bolsonaro. O cargo já foi ocupado por Roberto Castello Branco entre 2019 e 2021, e pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, entre 2021 e 2022. A assembleia dos acionistas encerra a conturbada troca de comando da estatal sob Bolsonaro.

A empresa é protagonista da crise dos combustíveis vivida em 2022. Desde os anos 1990, ela passou por altos e baixos que incluem o fim do monopólio estatal no mercado brasileiro, a descoberta do pré-sal, as investigações da Lava Jato, a troca da política de preços, a greve dos caminhoneiros e a diretriz de desinvestimentos.

Parte desses episódios ajudou a derrubar comandantes da estatal. Neste texto, o Nexo traz o perfil de Coelho e faz um histórico dos outros 12 presidentes da Petrobras dos últimos 30 anos.

O novo presidente

Após tornar pública a demissão de Silva e Luna, o governo anunciou que o economista Adriano Pires ocuparia o comando executivo da Petrobras. Mas a aposta se desfez à medida que cresceu a possibilidade de o economista ser barrado por conflitos de interesses, devido a sua atuação como consultor no setor privado. Pires, que tem boa relação com políticos do centrão, desistiu oficialmente da nomeação em 4 de abril de 2022.

Dois dias depois, o governo anunciou a indicação de José Mauro Coelho para o cargo. Ele é presidente do conselho administrativo da PPSA (Pré-Sal Petróleo), estatal fundada em 2013 para atuar na gestão de contratos e comercialização de petróleo e gás do pré-sal brasileiro.

Coelho é formado em química industrial e foi oficial da artilharia do Exército. De acordo com o currículo Lattes de Coelho, ele foi professor em diversas instituições de ensino superior a partir da segunda metade dos anos 1990. Em 2006, concorreu ao cargo de deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PSDB. Ele recebeu 1.437 votos e não foi eleito.

Em 2007, entrou via concurso para a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia. Fez carreira na empresa, chegando em 2016 ao cargo de diretor de estudos do petróleo, gás e biocombustíveis.

De acordo com a jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo, Coelho ajudou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva a definir o modelo que seria usado na exploração do petróleo do pré-sal. Em 2020, ele foi nomeado para o cargo de secretário de petróleo, gás natural e biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, onde permaneceu até outubro de 2021.

Coelho será o 12º presidente da Petrobras depois da quebra do monopólio da Petrobras em exploração, produção, pesquisa e refino de petróleo. A medida, aprovada no governo de Fernando Henrique Cardoso na forma da Lei do Petróleo (sancionada em 1997), marcou o fim da exclusividade estatal no setor petroleiro.

Abaixo, o Nexo relembra quem foram as outras pessoas que ocuparam a presidência da Petrobras e o que marcou cada gestão.

Histórico do comando

Joel Mendes Rennó (1992 a 1999): Ex-presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Joel Mendes Rennó chegou ao comando da Petrobras em novembro de 1992, sob Itamar Franco (1992 a 1994). Sobreviveu à troca de governo e foi o presidente da Petrobras no momento da quebra do monopólio. Pediu demissão após atritos com tucanos. Dias no cargo: 2.299

Henri Philippe Reichstul (1999 a 2001): Economista ligado a João Sayad (ex-ministro do Planejamento), Reichstul teve uma gestão marcada pelos lucros altos e pelo afundamento da plataforma P-36, que resultou na morte de 11 trabalhadores. Também conduziu a tentativa fracassada de mudar o nome da estatal para Petrobrax em 2000. Dias no cargo: 1.003

Francisco Gros (2002): Teve gestão destacada por iniciativas de transparência e governança corporativa. Além de último presidente da Petrobras sob Fernando Henrique Cardoso, foi também chefe do Banco Central (1987 e 1991 a 1992) e do BNDES (2000 a 2001). No setor privado, foi executivo do Unibanco e da OGX, de Eike Batista. Morreu em 2010. Dias no cargo: 365

José Eduardo Dutra (2003 a 2005): Formado em geologia, trabalhou nos anos 1980 na Petromisa, subsidiária da Petrobras. Foi senador pelo PT no Sergipe entre 1995 e 2002, tornando-se depois o primeiro presidente da Petrobras sob Lula. Na sua gestão, adotou o represamento de preços de combustíveis. Posteriormente, comandou a BR Distribuidora e foi presidente nacional do PT. Morreu em 2015. Dias no cargo: 931

Sergio Gabrielli (2005 a 2012): Economista ligado ao PT, Gabrielli foi o presidente mais longevo da história da Petrobras. Foi escolhido por Lula e reconduzido por Dilma Rousseff. Foi em sua gestão que a Petrobras descobriu, em 2007, o pré-sal, grande reserva de petróleo. Após deixar o cargo, foi condenado pelo TCU nos casos de obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e da compra da refinaria de Pasadena. Ele negou irregularidades. Dias no cargo: 2.397

Maria das Graças Foster (2012 a 2015): A engenheira Graça Foster fez carreira na Petrobras, começando como estagiária em 1978, até se tornar a primeira mulher a presidir a estatal. Foi durante seu mandato que foi deflagrada, em 2014, a Operação Lava Jato, revelando esquemas ilegais na Petrobras. A estatal também registrou prejuízos sob Foster. Ela deixou o posto em fevereiro de 2015. Dias no cargo: 1.087

Aldemir Bendine (2015 a 2016): Bendine, que foi por seis anos presidente do Banco do Brasil, assumiu a Petrobras a fim de superar o desgaste da gestão Foster. Sob seu comando, a empresa admitiu perdas de R$ 50 bilhões com corrupção e iniciou o processo de desinvestimentos. Bendine deixou a Petrobras após o impeachment de Dilma Rousseff. Foi preso pela Lava Jato, e condenado por corrupção passiva. Dias no cargo: 479

Pedro Parente (2016 a 2018): Indicado por Michel Temer, Parente havia sido ministro da Casa Civil de Fernando Henrique Cardoso. Quando assumiu, mudou a política de preços da Petrobras para acompanhar o mercado internacional de petróleo e anunciou uma redução de investimentos e venda de patrimônio. Deixou a presidência da Petrobras após a greve dos caminhoneiros de 2018 e assumiu cargo executivo na BRF, gigante alimentícia. Dias no cargo: 730

Ivan Monteiro (2018): Foi o presidente da Petrobras até o fim do governo Temer. Havia sido nome forte na gestão de Pedro Parente, e assumiu após a greve dos caminhoneiros. Manteve as principais diretrizes do antecessor, como a política de paridade de preços internacionais e a política de desinvestimentos. Dias no cargo: 216

Roberto Castello Branco (2019 a 2021): Crítico de gestões da Petrobras sob governos petistas, Castello Branco foi o escolhido por Jair Bolsonaro para assumir a estatal. Assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi um dos egressos da Universidade de Chicago na alta cúpula do governo. Sob Castello Branco, a Petrobras colocou à venda oito refinarias e privatizou subsidiárias como a BR Distribuidora. Ele foi demitido por Bolsonaro após aumentos seguidos nos combustíveis. Dias no cargo: 830

Joaquim Silva e Luna (2021 a 2022): Primeiro militar a comandar a Petrobras desde 1989, Silva e Luna assumiu sob a desconfiança de uma possível troca na política de preços da Petrobras a pedido de Bolsonaro. Mas isso não aconteceu. A estatal manteve a diretriz de preços e, também, fechou a venda de uma refinaria, a Landulpho Alves, na Bahia. Foi demitido semanas após o aumento de combustíveis anunciado em março de 2022. Dias no cargo: 359
Fonte: Nexo
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