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Preços da soja no BR podem recuar com entrada mais intensa da safra 22/23 nas próximas semanas
Publicado em 27/01/2023 às 08h33
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As vendas de soja continuam lentas no Brasil. Segundo estimativa da Brandalizze Consulting, há algo entre 30% e 31% da safra 2022/23 já comercializada, contra mais de 45% do mesmo período do ano passado, e alguma pressão mais intensa sobre os preços nas próximas semanas será inevitável. "Os poucos negócios continuam e as vendas chegam a perto de 1% da safra por semana", explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

E as poucas operações que têm se efetivado, ainda de acordo com o especialista, tem se dado mais com trocas por insumos do que vendas diretas, e assim, a maior parte do volume tem destino na exportação. Os sojicultores, como afirma Brandalizze, vem buscando formas que, neste momento ao menos, lhe parecem mais garantidas diante de uma volatilidade insistente não só na Bolsa de Chicago para os futuros da oleaginosa, como também no mercado cambial.

A demanda interna, que carrega bastante potencial para 2023 diante da quebra da safra da Argentina e do buraco que o país deve deixar na oferta de derivados, está menos presente agora. "As indústrias aguardam a chegada da safra nova já que estão em uma posição mais confortável agora", diz o consultor. Assim, a expectativa é de que, aos poucos, elas também aparecem de forma mais frequente na ponta compradora do mercado.

A lentidão da colheita no Brasil, que apresenta um atraso de uma a duas semanas - a depender da região - deixa a oferta de soja disponível ainda restrita no mercado nacional, dando suporte importante aos prêmios, os quais seguem positivos e contribuindo para valores que continuam remunerando adequadamente o produtor. No entanto, este quadro pode mudar com a chegada de volumes maiores de soja nos próximos dias.

"Eu imagino que, em mais uma semana, o fluxo de chegada de soja deve aumentar e uma pressão será inevitável. O prêmio pode cair também e o frete é o que mais pesa agora", detalha o consultor. Afinal, apesar da colheita ainda estar travada, os trabalhos de campo já começaram, o transporte desses grãos está mais demandado e a tendência é de que os preços continuem aumentando. "Isso pressiona o mercado de balcão e tira bastante do preço".

Em Mato Grosso, onde a colheita caminha mesmo que lentamente, os preços da soja cederam 3,27% na última semana, passando a uma média de R$ 149,17 por saca, de acordo com números do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária). O estado, que é o maior produtor brasileiro da oleaginosa, já vendeu mais de 40% de sua safra 2022/23.

Na sequência, os dados do Paraná, também compilados pelo Rabobank, apontam para um comportamento semelhante.

A análise sobre a relação do atraso da safra 2022/23 e a formação de preços é compartilhada pelo diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro. "Este atraso no ciclo da cultura soja, em especial no centro do Brasil, está sendo observado em várias regiões. Mas, vamos ter uma grande entrada de oferta soja e uma soja que está menos vendida do que em anos anteriores. Então, quando chegarmos ao momento em que os compromissos financeiros sejam inadiáveis para o produtor, teremos sim uma pressão", diz.

Palavro afirma que, naturalmente, o mercado não vai olhar só para este fator, todavia, que este será um fator com força intensa de pressão sobre os preços da soja brasileira. "Em alguns momentos, os produtores terão que fazer essa venda e colocar toda essa oferta no mercado porque os compromissos financeiros vão chegar".

"Estamos passando por uma mudança de dinâmica. Os produtores brasileiros eram mais ávidos às vendas antecipadas até dois, três anos atrás. E este ano vemos que, de fato, há menos produtores incentivados a vender mais antecipadamente, até mesmo pelo histórico das últimas duas safras. Mas, essa safra que entra é uma safra grande, haverá muito produto disponível aqui para frente, e não temos visto um grande arrocho dos compradores na intenção das compras. Assim, não só a preocupação está pelo lado da oferta, que vai ser grande, mas na ponta da demanda os compradores estão esperando essa oferta para entrar com mais agressividade. Vemos que as empresas estão, de certa forma, com um pé no freio", detalha o diretor da Pátria.

O que o mercado também vai acompanhar é onde os negócios fluirão mais intensamente: na exportação ou na indústria processadora local. Com a quebra de safra na Argentina, o processamento por lá será menor este ano e isso traz uma vantagem às indústrias processadoras do Brasil.

"Quando a gente vê os preços em cada região vemos que a ponta industrial do que a ponta exportadora e isso é um ponto de atenção também aos produtores que têm indústrias instaladas em sua região e viabilidade para vender diretamente a elas", conclui Cristiano Palavro.
Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas
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