União Nacional da Bioenergia

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Por que o etanol brasileiro não será combustível para o mundo
Publicado em 13/04/2023 às 14h09
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No início da semana, fiz uma análise sobre as matrizes de energia para o futuro do automóvel. Embora o carro 100% elétrico seja a aposta de grande parte das montadoras, vários fatores indicam que eles podem não ser a única resposta. Vão dividir espaço com outros tipos de automóveis, inclusive os a combustão alimentados por combustível sintético, não mais derivado do petróleo.

Nesse contexto, o Brasil poderia ganhar relevância. Afinal, o etanol, cuja versão nacional é derivada da cana-de-açúcar, vem dividindo há 20 anos, com a gasolina, o protagonismo como fonte de energia para os carros de passeio. Na teoria, temos uma grande oportunidade para o País ser uma referência tecnológica, e até um polo exportador, para o resto do mundo.

Na prática, isso não deve acontecer. O etanol tem alguns problemas mesmo no panorama doméstico. A produção não é suficiente, entre outras razões, porque o combustível divide a safra de cana com o açúcar - que acaba sendo prioridade dos produtores. Além disso, há a questão do preço, que torna o produto desvantajoso na maior parte dos Estados do Brasil.

Os problemas internos, no entanto, são contornáveis. O que não é fácil de transpor é uma das principais motivações para a Europa estar investindo tão alto no carro elétrico como principal solução para o futuro. Mais do que reduzir o impacto dos veículos no meio ambiente, há o plano de eliminar a dependência energética.

Etanol não combina com planos da Europa

O etanol pode ser uma boa alternativa para um dos gigantes do mercado automotivo mundial, os Estados Unidos. Afinal, como no Brasil, o país de dimensões continentais tem muitas áreas cultiváveis. E, para fazer etanol, seja derivado da cana ou de outras fontes, a matéria-prima tem de ser cultivada na terra.

Os EUA, aliás, já são grandes produtores de etanol, embora por lá o combustível não tenha protagonismo. No país, a principal matéria-prima para o produto é o milho.

Mas na Europa a história é diferente. O continente carece de áreas cultiváveis. Por isso, ao apostar no etanol, teria de depender de outros países para obter matéria-prima, da mesma maneira que hoje é dependente do petróleo obtido em território externo.

No entanto, o continente é autossuficiente na produção de energia elétrica - obtida, na maior parte dos países, por meio de usinas termoelétricas. E essa é uma das principais motivações para a União Europeia apostar tão alto no carro a eletricidade.

Mudança nas normas de 2035

Ainda assim, a União Europeia, há algumas semanas, voltou atrás na decisão de proibir a venda de carros a combustão a partir de 2035. Agora, a partir da data, esse tipo de produto poderá continuar sendo oferecido por montadoras. Porém, terão de ser alimentados por combustíveis sintéticos.

Se as montadoras decidirem continuar apostando no carro a combustão no mercado europeu, o mais provável é que o mercado opte pela gasolina sintética. Ela pode ser obtida a partir da reação com produtos que não necessitam de áreas cultiváveis, como o hidrogênio.

Outros países na mira

Se o etanol brasileiro tem poucas chances na Europa, e escassas nos EUA - que já tem sua própria tecnologia -, o combustível pode ser a resposta para outros países, especialmente os em desenvolvimento. Um dos exemplos é a Índia.

Existem conversas entre o país e o Brasil para exportação da tecnologia do etanol. E a Índia é um dos maiores mercados automotivos do mundo. Outros alvos podem ser países do sudeste asiático e até da América do Sul.

Hoje, no continente, apenas o Brasil utiliza o combustível. Nem mesmo a Argentina usa o etanol como matriz. No entanto, diversos países sul-americanos têm problemas geográficos e econômicos semelhantes aos nossos. Problemas que vão dificultar a consolidação do carro elétrico como principal fonte de energia.
Rafaela Borges
Fonte: UOL
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