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USDA reduz estimativa de produção mundial de soja, com pouca alteração para o Brasil
Publicado em 08/12/2023 às 16h11
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Em seu relatório de oferta e demanda mundial de grãos, divulgado nesta sexta-feira (8/12), o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) reduziu para 398,88 milhões de toneladas sua estimativa para a produção mundial de soja na safra 2023/24.

O dado indica uma queda de 0,38% se comparada à projeção divulgada no mês passado. Além disso, a demanda global foi revisada para cima em 0,07%, com o volume de 383,96 milhões de toneladas. A exportação mundial também cresceu (1,19%), estimada em 170,29 milhões de toneladas.

Entretanto, o órgão reduziu em 0,26% sua estimativa para as reservas globais de soja ao fim do ciclo 2023/24, que devem chegar a 114,21 milhões de toneladas.

Para os Estados Unidos, a expectativa de colheita da oleaginosa se mantém igual a do mês passado, projetada em 112,39 milhões de toneladas. O dado já havia ficado acima das expectativas de analistas de mercado, que apostavam em novembro uma produção de 111,67 milhões de toneladas.

O USDA também manteve a previsão para os estoques finais americanos, para 6,68 milhões de toneladas.

América do Sul

Sobre as previsões de safra na América do Sul, o órgão reajustou as previsões para o Brasil, enquanto nada mudou para a soja na Argentina.

A expectativa de produção de soja no Brasil caiu 1,23%, para 161 milhões de toneladas em relação ao mês passado (163 milhões de toneladas). No sentido contrário, o órgão elevou a projeção de exportações da oleaginosa no país para 99,5 milhões de toneladas, cerca de 2% a mais em relação ao último relatório.

O Departamento reduziu, ainda, a perspectiva de estoque final na safra 2023/24 para 37,6 milhões de toneladas. Os dados refletem as consequências de variações climáticas que, por sua vez, atrasaram calendários de plantio nas principais praças da soja.

Já sobre a Argentina, a estimativa de oferta ficou estável em 48 milhões de toneladas, com as vendas externas projetadas em 4,6 milhões.

Milho

No caso do milho, a estimativa sobre produção mundial ficou em 1,222 bilhão de toneladas. O volume é 0,1% (2 milhões de toneladas) superior ao projetado no mês passado.

O órgão americano também elevou em 0,16% sua projeção para a demanda global, para 1,21 bilhão de toneladas. Os países devem exportar 201,46 milhões de toneladas neste ciclo, um aumento de 0,92% em relação à estimativa de novembro. Os estoques finais se mantiveram em 315.22 milhões de toneladas.

Importante para a formação de preços na bolsa de Chicago, a safra americana teve pouca mudança de perspectiva. A produção deve ser de 386,97 milhões de toneladas, com consumo interno de 317,72 milhões de toneladas — mesmos números de novembro.

As maiores mudanças vieram nas estimativas de estoques (+1,2%), para 32,34 milhões de toneladas, e estoques finais (-1,15%), para 54,12 milhões de toneladas.


O USDA também não alterou suas projeções para as safra do Brasil e Argentina, que devem chegar a 129 milhões e 55 milhões de toneladas, respectivamente. Chama a atenção que o Brasil deve exportar “uma Argentina”, ou 55 milhões de toneladas, enquanto os argentinos enviarão ao exterior 41 milhões de toneladas.

O departamento americano aumentou em 3,4% a projeção de safra na Ucrânia, para 30,5 milhões de toneladas, e também elevou em 5% a perspectiva para exportações desse país do Leste Europeu, que podem chegar a 21 milhões de toneladas.

Neste momento, os contratos mais negociados do milho na bolsa de Chicago caem 0,36%, a US$ 4,8625 por bushel. Consultorias como a Hedgepoint esperavam um corte na estimativa de safra do Brasil, devido ao atraso no ciclo da soja causado pelo clima, que pode impactar o plantio da segunda safra — a mais importante em termos de volume no país.

Trigo

Para o cenário do trigo, o USDA estimou que haverá mais oferta no mundo em 2023/24, ao mesmo tempo que a demanda e o comércio mundial também crescerão. Em seu relatório de oferta e demanda de hoje, o órgão americano indicou que a safra mundial de trigo chegará a 783,01 milhões de toneladas, 0,13% mais que o previsto no mês passado.

Segundo o USDA, Austrália e Canadá colherão mais trigo do que o inicialmente imaginado para a temporada. Isso será parcialmente compensado pela menor produção no Brasil.

O USDA cortou 10,6% a estimativa para o país, para 8,4 milhões de toneladas, em linha com consultorias locais e com a Companhia Nacional de Abastecimento.

Nos EUA, onde a colheita está praticamente definida, a previsão continuou em 49,31 milhões de toneladas.

No que diz respeito ao consumo global, USDA elevou o número em 1,8 milhões de toneladas, para 794,7 milhões, principalmente com maior uso para a produção de ração para animais.

A expectativa de comércio global cresceu 2,2 milhões de toneladas, para 207,2 milhões, com os maiores players sendo Rússia, Austrália, Estados Unidos, Canadá e Ucrânia.

Com esses números, a relação entre estoque e uso permanece confortável, em 32,5%. E, com essa percepção, os traders fazem o trigo cair na bolsa de Chicago. Agora, os papéis mais negociados do cereal, para março de 2024, recuavam 1,2%, a US$ 6,31 o bushel.
 
Isadora Camargo, José Florentino e Fernanda Pressinott
Fonte: Globo Rural
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