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Biomassa tem expansão importante em 2024, mas continuidade preocupa - Por: Zilmar José de Souza 
Publicado em 13/05/2024 às 09h10
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Em 2023, a biomassa em geral, que inclui as diversas biomassas, instalou nove unidades geradoras novas (UTEs) totalizando 214 MW, representando 2,1% do total de acréscimo de potência instalada na matriz elétrica por todas as fontes de geração no país (10.315 MW) naquele ano, bem abaixo da média dos últimos 10 anos (2014-2023), quando a biomassa teve um acréscimo médio de 569 MW novos a cada ano.

Nos últimos 10 anos (2014 a 2023), a fonte biomassa em geral instalou 5.691 MW novos na matriz elétrica brasileira, equivalente a 51% da potência instalada pela Usina Belo Monte ou 41% de uma Itaipu. 

Para o ano de 2024, a previsão é que a fonte biomassa em geral atinja um acréscimo de 1.125 MW, o maior valor desde 2013, com a instalação de 22 usinas geradoras (UTEs), sendo que oito entraram em operação até abril deste ano (266 MW) e as 16 UTEs restantes (859 MW) têm viabilidade alta de entrada em operação comercial neste ano, conforme estudo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) na base de dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Em 2024, prevê-se que a biomassa em geral represente 12% do acréscimo de capacidade instalada no país (9.680 MW), atrás apenas do acréscimo representado pelas fontes eólica e solar centralizada. Desde 2015, o acréscimo anual de potência pela fonte biomassa não superava a fonte fóssil no país.

Em volume, o recorde de acréscimo anual pela biomassa foi em 2010 (1.750 MW), seguido do ano de 2013 (1.431 MW) e 2009 (1.155 MW) que quase empata com a previsão para o ano de 2024 (1.125 MW).

Em 2024, a maioria das 22 usinas geradoras (UTEs) que entraram ou entrarão em operação comercial, totalizando 1.125 MW, terão resíduos agroindustriais como combustíveis principais (categorizados como bagaço/palha de cana, biogás, capim elefante e casca de arroz).

Contudo, para o ano de 2025, a previsão da Aneel é que a biomassa acrescente apenas 259 MW novos dos 11.918 MW previstos para serem instalados no país (2,2% do total), ficando à frente apenas das hídricas, que instalarão 226 MW (1,9% do total). Em 2025, a geração solar centralizada será a principal em termos de novos MW, com a previsão de instalação de 6.577 MW (55,2% do total), seguida pela fonte fóssil (2.469 MW, com 20,7% do total). As eólicas ocuparão o terceiro lugar, com 2.387 MW novos (20% do total a instalar pelo país em 2025).

Quase 74% da expansão em 2024 (827 MW) pela biomassa tem relação com contratos comercializados no ambiente de contratação regulada (ACR), mostrando a importância ainda dos leilões regulados para o setor da biomassa. 

Desde 2022, não temos leilões regulados de contratação de energia nova e, para este ano, tudo indica que teremos apenas o Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência, com diretrizes que praticamente expulsarão a biomassa embora, tradicionalmente, entreguem potência e energia (renovável) firmes no período seco e crítico do setor elétrico, porém com características de despacho diferentes das gigantescas térmicas a gás ou óleo.

É importante fortalecer o mercado livre, desenvolvendo instrumentos de financiamento de longo prazo e uma formação de preços consistente, além de regularizar o funcionamento das liquidações financeiras no Mercado de Curto Prazo, imbróglio judicial que se arrasta por quase dez anos. 

Contudo, precisamos trabalhar para criar diretrizes que possam continuar permitindo a participação efetiva da biomassa no ambiente regulado, incorporando as externalidades da bioeletricidade e reconhecendo as características de cada projeto e tecnologia, contribuindo para uma expansão mais contínua da bioenergia na matriz elétrica brasileira.
 
Zilmar José de Souza 

Pós-doutor em Economia, doutor em Engenharia de Produção, mestre em Economia, graduado em Economia e Gestão Ambiental. Trabalhou em empresas como Banco Itaú, CPFL, Energias do Brasil, Agência Reguladora de Saneamento e Energia - SP e foi professor doutor na UNESP – Jaboticabal. Desde novembro de 2008, é gerente em bioeletricidade da UNICA - União da Indústria de Cana de Açúcar e Bioenergia, e atua como professor convidado em cursos de pós-graduação.  
 
Fonte: Editora Brasil Energia
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