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Precisamos de um plano unificado para a COP30 - Por: Jacyr Costa Filho
Só assim o Brasil pode ocupar o papel de líder na oferta de soluções para desafios globais, como demanda por alimentos, energia limpa e transporte de baixas emissões
Publicado em 11/06/2024 às 16h16
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Presidente do Cosag - Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e sócio da consultoria Agroadvice
Jacyr Costa Filho
Estamos a um ano e meio da realização da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-30, que vai acontecer em Belém (PA). Evento de suma importância, que vai colocar o Brasil sob holofotes, e que acontece depois de dez anos do Acordo de Paris, quando os 195 países signatários da COP concordaram em estabelecer metas globais de descarbonização. Até hoje é o único regime legalmente vinculante que trata a questão climática.

É uma oportunidade única para nos colocarmos na posição que poucos países do mundo podem ocupar. Temos uma disponibilidade de recursos naturais ímpar: 20% da biodiversidade, 20% da água doce, a maior floresta tropical e o Código Florestal mais restritivo do mundo. E poderemos ser líderes na oferta de soluções para os desafios mais relevantes que se apresentam, como a segurança alimentar, a necessidade de energia limpa e transporte de baixas emissões, já que estas discussões passam inevitavelmente pela agricultura tropical brasileira.

Mas, para isso, não podemos nos iludir. É preciso trabalhar com muito foco para o posicionamento assertivo e unificado do Brasil nesta COP. Em Paris, o mundo deu um grande passo ao assumir compromissos para diminuir emissões e assim limitar o aquecimento global em 1,5º C até o final deste século. No entanto, falhamos na ação. Hoje, vivemos uma ordem geopolítica totalmente diferente, com o sistema multilateral fragilizado, o que afeta questões de comércio exterior, com barreiras tarifárias. E o que estamos assistindo são grandes movimentos unilaterais, embora este seja um desafio de todos.

Neste cenário, o Brasil tem as condições para se colocar como provedor de soluções, mas para isso temos de nos preparar e ter uma agenda ambiciosa em pontos-chave, como a agricultura, os biocombustíveis e recursos minerais. Uma agenda que olhe para o futuro e pense nos interesses do País como um grupo. É hora de deixarmos os silos e ter um discurso de união.

Dentro deste plano de estruturação até 2025, um ponto urgente que teremos de tratar é a falta de métricas confiáveis para dar estofo ao posicionamento do Brasil como um país que tem um agro moderno e sustentável e uma matriz energética baseada em soluções renováveis de fazer inveja. Precisamos, por exemplo, usar a inteligência artificial para demonstrar como a agricultura brasileira fixa carbono. Só assim conseguiremos discutir com propriedade o nosso papel nas metodologias internacionais de cálculo de carbono e liderar essa discussão.

Ao tratar de planos de ação, impossível não encarar de frente um dos maiores fatores de emissões, que é o uso do carvão, principalmente, e do petróleo. O Brasil fez esta lição de casa há tempos com o desenvolvimento da indústria de biocombustíveis e tem todas as condições de levar este modelo para o mundo – principalmente para os nossos parceiros da Ásia, alguns deles, como a China, ainda muito dependentes do carvão. Um ótimo exemplo foi a parceria vencedora entre Brasil e Índia, com o compartilhamento da tecnologia do etanol.
Jacyr Costa Filho
Presidente do Cosag - Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e sócio da consultoria Agroadvice
Fonte: Diário da Região
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