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O mês de setembro foi um período de aumento nos prêmios do açúcar cristal [para a saca de 50 kg com até 150 Icumsa com base em Ribeirão Preto] sobre as médias de preços do etanol anidro e hidratado [quando convertido em equivalente a R$/50kg de açúcar cristal com até 150 Icumsa] onde a relação de vantagem do açúcar passou de +48% para +53%. Este avanço de pouco mais de cinco pontos porcentuais nos prêmios do açúcar entre os meses de agosto e setembro sucedeu outros ganhos de 9 pontos porcentuais que haviam sido vistos de julho para agosto, quando até então os prêmios do açúcar haviam passado de +39% para +48%.

Agora, com os novos dados de setembro, a relação de vantagem do açúcar cristal no mercado físico volta a se aproximar das máximas do ano onde, entre os meses de janeiro, fevereiro e março, a commodity detinha vantagem entre +83% a +103% sobre os preços do biocombustível. Os prêmios do açúcar cristal sobre o etanol em setembro na faixa de +53% surpreenderam até mesmo a SAFRAS & Mercado que esperava para o período prêmios na faixa de +37% os quais se posicionaram quase 17 pontos porcentuais abaixo dos dados efetivos do período.

O grande detalhe foi a falta de força do etanol hidratado para seguir com novas valorizações em setembro, visto que as usinas elevaram fortemente o nível de produção do biocombustível neste período com sentido de reaproveitar a cana que fora atingida pelos incêndios. Com isso as usinas praticamente não tiveram escolha ao processar a cana atingida pelo fogo a qual teve queda média em seu nível de ATR de 10% a 15%. Na outra ponta as distribuidoras observaram esta fragilidade de curto prazo e acabaram fazendo com que as usinas recuassem fortemente em suas pedidas de preços, dada a forte elevação na disponibilidade de curto prazo que também ocorreu de forma inesperada.

Para outubro a expectativa da SAFRAS & Mercado é de novos avanços nos prêmios do açúcar para o nível de 65%, com uma alta de 11 pontos porcentuais frente ao nível de vantagem visto agora em setembro. Isto acontecerá porque o etanol no mercado físico seguirá com seus preços negativamente pressionados ao mesmo tempo em que a disponibilidade de oferta para o açúcar se manterá baixa. Isto ocorrerá de modo semelhante ao visto em setembro quando a oferta do etanol se mostrou alta e a do açúcar baixa, fazendo com que os preços de ambos se comportassem de acordo com essa premissa, com queda para o os preços etanol e alta para os preços do açúcar.

É claro que o etanol não se manterá em pressão negativa de modo indefinido. Há a aproximação da entressafra que natural e sazonalmente levará ao declínio na produção do mesmo, formando um fator de elevação nas pedidas de preços das usinas. O detalhe é que o açúcar cristal no mercado físico passará exatamente por este mesmo efeito [até mesmo já vem passando desde setembro] o que praticamente neutralizará os eventuais avanços nos preços do etanol, com a vantagem do açúcar não apenas sendo mantida na correlação de prêmios, mas também ampliada, visto que o açúcar cristal no mercado físico terá, além da queda na oferta de cana e a concorrência com o etanol, uma concorrência forte com o açúcar VHP, o qual demanda forte nível de captação de cana para a sua fabricação.

Esta, por sua vez, também fora negativamente impactada pelos efeitos das queimadas com a redução do mix para a sua produção. Há também o efeito da demanda que se mostrará em alta no final do ano com a proximidade das festas de natal e ano novo. Este também é um movimento sazonal de curto prazo que manterá os preços do açúcar cristal positivamente elevados ao longo de outubro e, com eles, também em alta os seus níveis de prêmios sobre o etanol.