União Nacional da Bioenergia

Este site utiliza cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência. Ao continuar navegando
você concorda com nossa política de privacidade. Política de Privacidade

Diversas

Alemanha tropeça na estratégia do hidrogênio verde
Análise é da consultoria Westwood, que identifica atrasos e cancelamentos de financiamento, projetos de infraestrutura e de estímulo à demanda
Publicado em 25/06/2024 às 11h14
Foto Notícia
A Alemanha tem encontrado obstáculos nos últimos meses para encaminhar sua estratégia de se tornar líder na produção de hidrogênio verde, com a maior meta entre os países da União Europeia até 2030, de 10 GW em eletrolisadores em operação. Seu plano inclui não só projetos internos como (e principalmente) compras externas por meio de cronograma de leilões internacionais.

Segundo a consultoria britânica Westwood, que publica boletim mensal sobre o desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde, o país sofre atrasos e cancelamentos nos principais pilares para fazer o setor se consolidar: em financiamento, demanda e infraestrutura.
O marco da turbulência foi a decisão do Tribunal Constitucional Federal da Alemanha (o STF de lá), em novembro de 2023, de tornar inconstitucional o uso de 60 bilhões de euros, provenientes de dívida não utilizada durante o combate à Covid, no Fundo para o Clima e Transformação (CTF), principal fonte para financiar projetos de descarbonização, incluindo aí sobretudo o H2V, apontado como central na estratégia alemã.

Essa decisão, aponta a Westwood, está obrigando o governo alemão a buscar novas fontes de financiamento para programas de descarbonização industrial (um dos principais consumidores do hidrogênio verde) e a buscar reduzir os gastos totais com a estratégia.

Os percalços com financiamento começaram a afetar, desde o ano passado, os estímulos à demanda e infraestrutura. Antes mesmo da decisão do Tribunal Federal de limitar o uso de recursos para o fundo, o governo havia anunciado redução nos subsídios do CTF para construir usinas de hidrogênio que converteriam o H2V ou a amônia em eletricidade; usinas híbridas, com energia renovável combinada e com armazenamento de hidrogênio; e ainda usinas a gás prontas para receber hidrogênio.

Em fevereiro, a estratégia diminuiu a meta de subsídios, antes em 23,8 GW para todos esses tipos de usinas, para apenas 10 GW e limitada a demanda das usinas a gás preparadas para o hidrogênio. Esses cortes passaram a influenciar negativamente os investidores, como por exemplo a empresa de energia alemã RWE, que reformulou um projeto de usina híbrida por conta da decisão.

Outra mudança de planos foi o adiamento em cinco anos, para 2037, de uma rede de gasodutos de hidrogênio de 9.700 km, um investimento previsto em 20 bilhões de euros. Esse postergamento fez a consultoria Westwood passar a ter dúvidas sobre as expectativas de importação do H2V pela Alemanha.

Isso principalmente porque a meta para 2030 é pautada, segundo o Conselho Nacional de Hidrogênio da Alemanha, por uma importação média de 50% a 70% da demanda esperada até 2030, de 56 a 93 TWh, ou o equivalente a 6,4 a 10,6 GW.

A dependência externa, que demanda financiamento de projetos em outros países e leilões internacionais de compra de hidrogênio, deve envolver vizinhos europeus como outros países mais distanes, como Canadá, Chile, Namíbia, Austrália e África do Sul, com os quais foram assinados memorandos de entendimento e parcerias. No Brasil, a AHK – Câmara de Comércio Brasil-Alemanha tem organizado muitos eventos para tentar fomentar o hidrogênio verde.

Com base no cenário com atrasos e cancelamentos de investimentos e políticas de subsídios, a Westwood analisou o pipeline de projetos de hidrogênio verde na Alemanha e classificou apenas 11% deles como prováveis de ocorrer, sendo o restante rotulados como “possíves ou arriscados”.

“Com 42% dos projetos previstos para entrar em operação em 2030, a Alemanha enfrenta o risco de perder suas metas de produção de hidrogênio sem uma ação urgente para aumentar os projetos de infraestrutura e produção”, diz a consultoria.

Aliás, o governo alemão parece ter se atentado a essa necessidade, visto em maio ter sido aprovada em primeiro turno a “Lei de Aceleração do Hidrogênio”. A legislação, ainda dependente de aprovação parlamentar, visa simplificar e digitalizar os procedimentos para o desenvolvimento de projetos de hidrogênio eletrolítico, gasodutos de hidrogênio, terminais de importação, crackers de amônia e outras infraestruturas relacionadas.
Marcelo Furtado
Fonte: Editora Brasil Energia
Fique informado em tempo real! Clique AQUI e entre no canal do Telegram da Agência UDOP de Notícias.
Notícias de outros veículos são oferecidas como mera prestação de serviço
e não refletem necessariamente a visão da UDOP.
Mais Lidas