União Nacional da Bioenergia

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Biocombustíveis, essenciais na transição energética - Por: Jacyr Costa Filho
Para zerar as emissões até 2050, seria necessário triplicar a produção global de biocombustíveis. Eis uma tremenda oportunidade para o Brasil
Publicado em 04/09/2024 às 16h19
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O Brasil está na vanguarda no uso de energias renováveis e bioenergia. Com 45% da matriz energética proveniente de fontes renováveis, o país supera de longe a média global de 14% e a média de 9% dos países da OCDE. No que diz respeito à matriz elétrica, o Brasil atinge impressionantes 85% de fontes renováveis. Enquanto isso, o carvão ainda representa 38% da matriz elétrica mundial, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA). O carvão é a maior fonte de poluição na China e na Índia, primeiro e terceiro maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE). O banimento desta fonte de energia é premente. 

A descarbonização do setor de transportes é um exemplo claro desse progresso. Responsável por 20% das emissões globais, o setor terá de reduzir as emissões em 3% ao ano até 2030, para ser capaz de alcançar a meta de Net Zero até 2050. Aqui, o setor de transportes representa cerca de 15% das emissões totais de GEE. Esse avanço é atribuído ao uso histórico de biocombustíveis nos transportes rodoviários. Para alcançar o Net Zero, o Brasil precisa considerar diversas tecnologias e avaliar quais são mais adequadas para cada modal de transporte. Entre as opções estão biocombustíveis como etanol, biodiesel, diesel verde (HVO), biogás e combustível sustentável de aviação (SAF), além da eletrificação e do hidrogênio verde.

Os biocombustíveis são a maneira mais rápida e eficiente para reduzir as emissões nos transportes. Não à toa, nos últimos cinco anos, os investimentos globais em renováveis ultrapassaram os dos combustíveis fósseis: US$ 1 trilhão em 2018 a US$ 2 trilhões que se espera para este ano. Para zerar as emissões líquidas de carbono até 2050, seria necessário triplicar a produção global de biocombustíveis. Eis uma tremenda oportunidade que o Brasil não pode deixar passar.

No caso da aviação, responsável por 2% das emissões globais de GEE, 75% das emissões vêm das aeronaves maiores e dos voos de maior duração. A eletrificação tem potencial para mitigar as emissões dos aviões menores, de até 20 passageiros, e de voos de curta duração, devido ao peso e vida útil da bateria. Para a descarbonização dos aviões maiores, no entanto, o SAF é a alternativa mais promissora. Com o limite de 50% misturado ao querosene tradicional, o SAF é um combustível drop-in, ou seja, pode ser usado nos modelos de aeronaves atuais sem demandar modificações. O Projeto de Lei do Combustível do Futuro, já aprovado na Câmara e aguardando apreciação no Senado, estabelece a criação do mercado de SAF com a adição de 1% de bioquerosene a partir de 2027, evoluindo até 10%.

Para o transporte marítimo, que responde por 3% das emissões, dispor de opções que se adequem à atual frota é essencial para dar início à descarbonização do setor. Entre as fontes de energia alternativas, temos o metanol, a amônia, o hidrogênio verde, mas é no biodiesel que vislumbramos o caminho mais promissor para a fase de transição, pois pode ser utilizado em embarcações e motores já existentes.

Com essas iniciativas, o Brasil reafirma seu compromisso com a sustentabilidade e a liderança global na transição para uma matriz energética mais limpa e eficiente.
Jacyr Costa Filho
Presidente do Cosag - Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e sócio da consultoria Agroadvice
Fonte: Diário da Região
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