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Diversas

Compra de carros elétricos vai crescer 300% em dez anos, prevê EPE
Preços elevados dos modelos, ampliação de pontos de recargas são alguns desafios para cenário até 2034 se concretizar
Publicado em 05/09/2024 às 11h36
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Em uma década, os veículos leves eletrificados (híbridos e elétricos) devem representar quase 18% do crescimento dessa categoria no Brasil, totalizando 694 mil novas unidades em circulação. Essa frota deve alcançar 3,7 milhões de unidades licenciadas ao fim dos próximos dez anos.

A projeção consta no caderno de “Eletromobilidade: Transporte Rodoviário”, com dados que vão compor o Plano Decenal de Expansão de Energia 2034, preparado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em parceria com o Ministério de Minas e Energia.

Se confirmado a alta nas vendas de carros leves eletrificados, as compras dessa modalidade crescerá 4,1 vezes em dez anos. Seria um saldo de 170 mil novos unidades licenciadas em 2024, conforme previsto no caderno, para os quase 700 mil em 2034.

Eletrificação de veículos pesados deve avançar por nichos, aponta estudo da empresa

A venda de veículos eletrificados leves no Brasil, entre janeiro e julho deste ano, superou o volume registrado em todo ano de 2023, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Nos primeiros sete meses do ano, foram emplacados 94,6 mil desses veículos, ultrapassando 93,9 mil alcançados em 2023, que já tinha sido o melhor ano da história da eletromobilidade no Brasil.

O estudo da EPE, supervisionado pelo MME, projeta que a eletrificação de veículos pesados deve avançar por nichos, como no serviço de transporte de carga voltado para entrega em distâncias mais curtas, nos grandes centros urbanos e suas extremidades, a chamada “última milha”. A eletrificação deve alcançar 16% dos veículos comerciais leves e caminhões leves licenciados no período e 26% entre os ônibus urbanos.

Já em relação aos caminhões semipesados e pesados, o caderno da EPE indica que as tecnologias híbridas e a gás natural vão se expandir mais do que a categoria dos elétricos, mas se mantendo com participação inferior a 10%. Isso porque os motores de combustão a diesel devem continuar tendo um maior peso no segmento, com 93% das vendas em 2034.

O caderno destaca que os veículos híbridos e elétricos devem inibir o consumo de mais de 28,6 bilhões de litros de gasolina por veículos leves e mais 6,3 e 2 bilhões de litros de óleo diesel em ônibus e caminhões, respectivamente.

Em mensagem preparada para divulgação do estudo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirma que o governo aposta na “na diversidade, na pluralidade de fontes” de energia. Para ele, deve haver uma “combinação dos biocombustíveis com a eletrificação”, atrelados à busca por “ganhos de eficiência energética”.

A análise preparada pelo quadro técnico da EPE reconhece que a chamada eletromobilidade impõe, como desafios para Brasil, os preços elevados dos modelos de veículos leves eletrificados, a necessidade de ampliação de infraestrutura dos pontos de recarga e a estruturação do parque fabril nacional, que deverá estar preparado para produzir motores híbridos.

Sobre o alto preço dos modelos para a população, a EPE reforça que a maior parte das vendas ainda está voltada para segmento “premium”, com custo unitário acima de R$ 200 mil. Na prática, os modelos disponíveis no mercado são acessíveis apenas para os consumidores de maior padrão de renda, aponta. No ano passado, o preço médio dos veículos da categoria ficou em R$ 243 mil.

De acordo com o governo, o mercado de veículos elétricos deve amadurecer nos próximos anos com o resultado de iniciativas como o programa federal Mobilidade Verde e Inovação (Mover). Neste contexto, as montadoras já sinalizaram investimento de R$ 130 bilhões até 2030.

Para ajudar a converter a frota de ônibus em elétrica, o caderno indica que o Novo PAC prevê investimento de R$ 7,3 bilhões até 2028 para acelerar a renovação da frota em sete Estados e 61 municípios.

Uma lacuna identificada na estratégia brasileira para a eletrificação de frota está na falta de política para o aproveitamento de minerais estratégicos para fabricação de baterias. Questionado, o MME informou que “atua para ampliar a produção de minerais importantes para a transição energética no Brasil, bem como agregar valor a esses minerais”.

A ação do ministério, ressaltou o órgão, inclui esforços para “priorizar os processos minerários de pesquisa e lavra desses minerais, bem como impulsionar os levantamentos e mapeamento de áreas”. Outra frente de atuação da pasta é a busca de apoio financeiro de bancos e agências de fomento, incluindo o incentivo ao “desenvolvimento da tecnologia nacional para o processamento desses minerais estratégicos e a capacitação de profissionais para o setor”.

O plano decenal até 2034 é esperado por especialistas e investidores pelo fato de sinalizar os rumos da política pública para o setor em uma década. Para o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, o plano ajuda a dar segurança aos investidores na tomada de decisão com efeitos no longo prazo. Ele ressaltou que o lançamento do caderno reforça o “papel importantíssimo” que a mobilidade tem para a transição energética.

Questionada sobre a elaboração do caderno e quais seriam os desafios e oportunidades para o setor na próxima década, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disse que, “sem conhecer o estudo, não pode tecer nenhum comentário”.
Rafael Bitencourt
Fonte: Valor Econômico
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