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O papel do Brasil no futuro energético global - Por: Mara Pinheiro
Publicado na Revista Opiniões, Anuário de Sustentabilidade do Sistema Bioenergético + Guia de Compras 2024, Setembro/Outubro de 2024.
Publicado em 01/11/2024 às 16h51
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As iniciativas de descarbonização são um tema central nas discussões globais. O Brasil, com uma matriz energética predominantemente renovável e o potencial de captura de carbono por suas florestas, possui um papel estratégico nesse cenário e pode se consolidar como um dos principais atores na transição para uma economia de baixo carbono.
 
O País é uma referência no campo da bioenergia, o que reforça sua relevância nas políticas climáticas internacionais. Por este motivo, em 2021, durante a Cúpula das Nações Unidas sobre Energia, o Brasil foi escolhido como um dos líderes no diálogo global sobre transição energética. A cúpula, a primeira em 40 anos dedicada ao tema, buscou acelerar a adoção de energias limpas. Com vasta experiência em biocombustíveis, como o etanol de cana-de-açúcar e o biodiesel, o país foi reconhecido por seu papel no avanço de tecnologias sustentáveis.

Em 2023, 49,1% da matriz energética do Brasil era composta por fontes renováveis, contrastando com a média global de 14,7% e os 12,6% dos países da OCDE. No contexto da agenda ESG, o pilar ambiental ganha destaque, especialmente na transição energética, que envolve a substituição progressiva de fontes fósseis, como petróleo e carvão, por alternativas renováveis, como solar, eólica e biomassa.

O Brasil, com sua ampla capacidade de produção de energias renováveis, está em posição privilegiada nesse processo. No âmbito do Acordo de Paris, o Brasil assumiu o compromisso de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, alinhando-se às metas globais para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C. O uso de biocombustíveis, como o etanol, é um exemplo dos avanços do país na descarbonização. Apenas a BP Bunge evitou a emissão de cerca de 1,7 milhão de toneladas de CO2 com sua produção.

Segundo a UNICA, o Brasil segue como maior produtor mundial de cana, com 715 milhões de toneladas processadas na safra de 2023/2024. A entidade atesta o potencial do setor de contribuir, a partir dos biocombustíveis, para a descarbonização não só da matriz de transporte terrestre, como das aérea e marítima. O etanol, responsável por 41,3% da matriz de transportes, se destaca na redução das emissões. Desde a introdução dos veículos flex, há 20 anos, mais de 660 milhões de toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas na atmosfera. Além de reduzir a poluição, o etanol impulsiona a economia rural e urbana.

Outro avanço é o Combustível Sustentável de Aviação (SAF), que coloca o Brasil em posição de liderança no fornecimento de etanol como matéria-prima para o setor aéreo. Paralelamente, é uma oportunidade para o país se estruturar para produzir SAF localmente. No entanto, para que esse mercado avance, são necessárias políticas públicas e incentivos, como já ocorre nos EUA e Japão, que estão na vanguarda dessa indústria.

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei “Combustível para o Futuro”, que estabelece metas para o uso de combustíveis mais limpos, como o diesel verde, o biometano e o SAF, além de aumentar a mistura de etanol e biodiesel à gasolina e ao diesel, respectivamente. No setor aéreo, operadores serão obrigados a utilizar SAF em, no mínimo, 1% de suas operações entre 2027 e 2028, com aumento progressivo até alcançar 10% em 2037. Já a meta total de descarbonização para 2024 ficou estabelecida em 47,37 milhões de Cbios (Crédito de Descarbonização).

A BP Bunge já se movimenta nesse sentido e participa do Conexão SAF, fórum da ANAC  e da ANP, que promove informações sobre certificações de sustentabilidade e melhores práticas para produção e uso de SAF no Brasil. Além disso, em 2023, a BP Bunge obteve a certificação ISCC CORSIA, que atesta a conformidade de seu etanol com os padrões internacionais de sustentabilidade para aviação. Essas iniciativas demonstram o compromisso da BP Bunge com a economia de baixo carbono, contribuindo assim para o combate às mudanças climáticas globais. Todas as 11 unidades da companhia integram o RenovaBio, que é um dos pilares da estratégia brasileira para a redução das emissões de gases de efeito estufa. A empresa também integra o Pacto Global da ONU e tem compromissos claros na agenda ESG, com metas estabelecidas até 2030 em alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

A transição energética vai se dar  por diversas vias, e o etanol tem papel central nesse processo, no Brasil e no mundo. Que essa trajetória em direção a uma economia sustentável e circular, com a preservação ambiental no centro, seja a bússola que nos guia diante dos desafios climáticos.


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Mara Pinheiro
Diretora de Comunicação, Relações Institucionais e ESG na BP Bunge Bioenergia
Fonte: Revista Opiniões
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