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Brasil projeta avanços para 2025 e 2026 no mercado de açúcar
Publicado em 09/12/2024 às 12h00
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Mesmo enfrentando adversidades climáticas e desafios de safra, o Brasil consolidará sua posição de liderança no mercado global de açúcar em 2025 e 2026. Especialistas do setor destacaram essa projeção durante a nona edição da série de lives Conexão SCA Brasil, transmitida pelo YouTube. Entre os participantes, estavam Martinho Seiiti Ono, CEO da SCA Brasil; Júlio Adorno, head da Alvean no Brasil; e Arnaldo Corrêa, diretor da Archer Consulting.

Para o ciclo 2024-2025, a Alvean prevê uma produção de 39,5 milhões de toneladas de açúcar no Centro-Sul do Brasil, número que pode variar dependendo das condições climáticas e das decisões sobre o encerramento de operações industriais. Para a safra seguinte, a expectativa é de alcançar 40 milhões de toneladas.

O Brasil responde por 50% do fornecimento mundial de açúcar, e as exportações atingiram recordes históricos: 19 milhões de toneladas em 2023 e 26 milhões em 2024. Segundo Júlio Adorno, esse desempenho reflete a eficiência da indústria açucareira brasileira e a maior capacidade operacional nos terminais de grãos.

“Os estoques globais de açúcar continuam baixos, sem reposição nos últimos dois anos. O açúcar brasileiro é rapidamente consumido, e o mundo depende cada vez mais dessa produção para atender à demanda”, enfatizou Adorno.

Arnaldo Corrêa, da Archer Consulting, compartilha dessa visão, destacando que o Brasil detém atualmente uma participação de 56,5% no mercado global. “Se o Brasil tiver uma ‘gripe’, o mercado mundial de açúcar sofrerá uma ‘pneumonia dupla’”, afirmou.

Consumo e dependência global

Os especialistas destacaram o crescimento do consumo de açúcar em mercados como Bangladesh, Paquistão e Indonésia, onde a demanda somada ultrapassa 1 bilhão de consumidores. Na Indonésia, por exemplo, o consumo per capita aumentou sete quilos em uma década.

Por outro lado, fatores como preços elevados em 2023-2024 impactaram levemente o consumo em regiões como América do Norte e Ásia. Entretanto, Adorno prevê uma normalização no curto prazo, acompanhada por uma retomada do consumo global.

A Tailândia, tradicional concorrente no mercado, enfrenta baixa produtividade de cana e mandioca, limitando sua capacidade de recuperação nos próximos anos. Já a Índia, segunda maior produtora mundial, não deverá aumentar significativamente sua participação no mercado internacional.

Impactos climáticos e safras futuras

A atual safra brasileira enfrenta os efeitos de uma grave deficiência hídrica, estimada entre 400 e 500 milímetros nas regiões canavieiras, além de incêndios que destruíram 665 mil hectares de cana, sendo 465 mil somente em São Paulo. Como resultado, a moagem para a temporada 2024-2025 deve ficar entre 606 e 608 milhões de toneladas, segundo projeções da SCA Brasil.

Martinho Ono alertou para os reflexos desses problemas na safra 2025-2026, que deve processar entre 565 e 585 milhões de toneladas de cana. “A próxima safra enfrentará desafios como germinações desiguais, redução no índice de tonelada de cana por hectare (TCH), morte de soqueiras e aumento de pragas e doenças. Isso exigirá mais replantio e reduzirá a área disponível para colheita”, explicou.

O especialista Arnaldo Corrêa apresentou uma análise de preços do açúcar ao longo das últimas duas décadas. De acordo com seus cálculos, apenas 10% do tempo o mercado operou acima de R$ 2.956,00 por tonelada, enquanto em 90% permaneceu abaixo de R$ 1.609,00. Ele também prevê uma elevação no índice global de preços para as próximas safras, que pode variar de 300 a 400 pontos, ultrapassando os atuais 18 centavos de dólar por libra-peso.

Impacto global e oportunidades para o Brasil

Adorno e Corrêa também analisaram o papel do Brasil no cenário internacional frente a disputas comerciais entre grandes potências, como Estados Unidos e China. Segundo Corrêa, tensões entre esses países poderiam beneficiar o Brasil, aumentando as exportações de grãos e gerando novas oportunidades no mercado de etanol de milho.

Com projeções robustas de crescimento e a manutenção de sua hegemonia no mercado global de açúcar, o Brasil reafirma sua relevância como principal fornecedor mundial, equilibrando eficiência industrial, resiliência climática e adaptação às demandas internacionais.
Henrique Rodarte
Fonte: Agro em Campo
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