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Trump diz que Brasil tarifa demais produtos americanos e promete tratamento igualitário
Presidente eleito afirmou que governo será recíproco, cobrando taxas de quem faz o mesmo com produtos americanos
Publicado em 17/12/2024 às 10h10
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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, citou nesta segunda-feira (16) o Brasil como exemplo de país com excesso de tarifas alfandegárias sobre produtos americanos e disse que vai impor um tratamento semelhante às exportações estrangeiras.

"Nós vamos tratar as pessoas de forma muito justa, mas a palavra 'recíproco' é importante. A Índia cobra muito, o Brasil cobra muito. Se eles querem nos cobrar, tudo bem, mas vamos cobrar a mesma coisa", disse Trump durante entrevista coletiva realizada em Mar-A-Lago, em Palm Beach, na Flórida.

Desde a campanha presidencial dos EUA, da qual saiu vitorioso em novembro, Trump tem reiterado promessas de aumentar tarifas sobre produtos chineses e criar outras novas sobre os demais países.

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante coletiva de imprensa em Mar-a-Lago, Palm Beach, na Flórida; à sua esquerda, o futuro secretário do Comércio, Howard Lutnick - Andrew Harnick - 16.dez.2024//Getty Images via AFP

O republicano disse nesta segunda que as cobranças tornarão o país mais rico e descartou um potencial aumento da inflação com o encarecimento de produtos cruciais, por exemplo, para a fabricação de automóveis.

"Não tivemos aumento da inflação [no primeiro mandato] e impomos muitas tarifas em várias coisas, no aço. Nosso país está em déficit com todo mundo", disse, ao lado de Howard Lutnick, indicado para chefiar a política comercial do país.

Em setembro, algumas das principais produtoras de aço dos EUA entraram com uma petição para aplicar tarifas antidumping sobre as importações de um tipo de aço de dez países, incluindo o Brasil. No início deste mês, Trump disse que bloqueará venda da siderúrgica U.S. Steel para japonesa Nippon Steel.

"O presidente [Trump] tem uma agenda muito clara em relação às tarifas e acho que reciprocidade é algo que será crucial para nós", disse Lutnick na coletiva. "A forma como somos tratados é a mesma forma com a qual vocês [outros países] devem esperar ser tratados", disse Lutnick.

O presidente eleito afirmou no final de novembro que vai impor tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá no seu primeiro dia de governo, além de aumentar em 10% as taxas aplicadas à China. Ele tomará posse em 20 de janeiro de 2025. A justificativa do republicano é que os países vizinhos não estão combatendo o tráfico de drogas a migração ilegal para os Estados Unidos.

Nas últimas semanas, Trump também ameaçou impor tarifas de 100% aos países membros do Brics caso o bloco apoie a criação de uma moeda para substituir o dólar

"Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana", escreveu Trump em novembro na sua rede social, Truth Social.

O desenvolvimento de um mecanismo de compensação de pagamentos em moedas locais é uma das prioridades do Brasil no Brics, que quer ver o bloco menos dependente do uso do dólar nas suas transações internas.

O Brasil assume a presidência do bloco a partir deste ano e durante 2025, e tem a intenção de acelerar essa proposta e também ampliar a atuação do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco do Brics, atualmente presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff.

Também na coletiva desta segunda, Masayoshi Son, CEO do SoftBank, anunciou um investimento de US$ 100 bilhões nos EUA ao longo dos próximos quatro anos. O montante, segundo o executivo, deve gerar 100 mil empregos no país.

"Meu nível de confiança na economia dos EUA aumentou tremendamente com a vitória dele", disse Son. "Negócios são importantes, tecnologia é importante, mas eu realmente espero que o presidente Trump leve paz ao mundo mais uma vez".
 
Gustavo Soares
Fonte: Folha de S. Paulo
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