União Nacional da Bioenergia

Este site utiliza cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência. Ao continuar navegando
você concorda com nossa política de privacidade. Política de Privacidade

O que esperar do etanol hidratado em fevereiro? - Por: Maurício Muruci
Fevereiro deverá ser um mês de ajustes de alta nos preços médios do etanol hidratado no Centro-Sul; Ajustes na projeção de safra e retorno das chuvas sobre os canaviais da região serão os principais vetores de sustentação nos preços do etanol além da pressão de baixa sobre os estoques de passagem ainda elevados para a época do ano
Publicado em 05/02/2024 às 09h12
Foto Notícia
O mês de janeiro para o mercado físico de etanol foi um período de forte volatilidade na média de preços a qual apresentou uma forte divergência entre a evolução de curto e a de médio e longo prazo. Isto porque no curto prazo [frente ao mês anterior, dezembro de 2023] tivemos uma queda de 0,34% na média de preços. Porém, no comparativo anual [frente a janeiro de 2023] tivemos uma baixa bem mais intensa, em 23,44%, com o mesmo padrão de comparação também sendo observado frente a média dos últimos cinco anos sobre o mesmo período, o qual o preço médio de janeiro de 2024 se mostrou 27,33% mais baixo. Tanto o comparativo de preços do ano anterior quando da média de cinco anos foi devidamente corrigido pela inflação e trazido para valores presentes.

No mês passado a SAFRAS & Mercado havia estimado uma média de preços para as negociações do etanol hidratado no mercado físico na faixa de R$ 2,35 o litro, a qual acabou se posicionando apenas 1,25% mais alta que a média efetiva de janeiro de 2024 em R$ 2,32 o litro. Já para fevereiro de 2024 a expectativa da SAFRAS & Mercado é de preços ao redor de R$ 2,48 o litro, com alta prevista de 6,85% na margem frente a média atual de janeiro. Isto deverá ocorrer diante do retorno das chuvas esperadas sobre os canaviais do Centro-Sul e Centro-Oeste do Brasil a qual irá provocar a desaceleração dos movimentos finais de moagem de cana por parte das usinas que ainda se encontram em atividade na região.

Além disso estas mesmas chuvas também irão atrasar o retorno antecipado da moagem da safra nova 2024/25 que está agendado ao menos por parte de 15 usinas para a primeira quinzena de fevereiro. Com isto o mercado físico encontrará uma escassez de oferta de etanol novo ao passo que os estoques de passagem seguirão negativamente pressionados no curto prazo. Ainda que estes estoques se encontram expressivamente volumosos, a pressão de saída de hidratado nas bombas segue elevada no médio prazo, com o hidratado seguindo em seu caminho de ampliação de sua participação de mercado frente a gasolina visto desde julho de 2023. Com isto, os preços em fevereiro se mostrarão com movimentos mais alinhados a sazonalidade da entressafra.

A SAFRAS & Mercado alerta que as distribuidoras seguem em seus movimentos de recomposição de seus estoques intermediários praticamente esvaziados ao longo dos meses de dezembro e janeiro, o que seguirá mantendo a pressão de alta sobre os preços no mercado físico em fevereiro com o agravante do retorno das chuvas sobre os canaviais do Centro-Sul. Outro fator que poderá oferecer forte sustentação aos preços [e reforçar a tendência de alta que a SAFRAS & Mercado projeta para os preços médios de fevereiro] é a elevada possibilidade de ajustes de baixa nas primeiras estimativas realizadas para a safra futura 2024/25 do Centro-Sul do Brasi. Isto porque os meses de dezembro e janeiro [em suas três primeiras semanas] foram de fracos volumes de chuvas, o que deixou os canaviais com volumes de precipitação entre 14% a 17% abaixo da média histórica para o período [a depender da região].

Pode parecer pouco, mas foi o suficiente para que a SAFRAS & Mercado cortasse em 10 milhões de toneladas de cana a sua primeira estimativa da safra futura da região de 670 para 660 milhões de toneladas [-1,49%] o que ajudará igualmente na formação do cenário de mercado de disponibilidade menor de cana para a próxima safra. O detalhe é que o etanol hidratado e o açúcar cristal deverão ser as “réguas de corte” nos ajustes de baixas entre os derivados, visto que as usinas seguirão mais voltadas a produção do VHP para o atendimento das exportações elevadas programadas para a próxima safra.
 
Maurício Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Fonte: Safras & Mercado
Fique informado em tempo real! Clique AQUI e entre no canal do Telegram da Agência UDOP de Notícias.
Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não representando,
necessariamente, a opinião e os valores defendidos pela UDOP.