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La Niña deve ter curta duração e fase neutra pode retornar já a partir de março, prevê OMM
Segundo a organização, há uma probabilidade de 60% das condições de temperatura do Pacífico Equatorial retornarem para a fase neutra entre março e maio.
Publicado em 06/03/2025 às 16h31
Foto Notícia
La Niña é caracterizado por resfriamento das águas do Pacífico Equatorial
Foto: NOAA
Além de fraco, o fenômeno climático La Niña, que se estabeleceu em dezembro de 2024, deve ter curta duração, de acordo com Organização Meteorológica Mundial (OMM).

O La Niña ocorre quando há o resfriamento da faixa Equatorial Central e Centro-Leste do Oceano Pacífico. Ele é estabelecido quando há uma diminuição igual ou maior a 0,5°C nas águas do oceano. O fenômeno acontece a cada 3 ou 5 anos.

Os monitoramentos da OMM indicam que há uma probabilidade de 60% das condições de temperatura do Pacífico Equatorial retornarem para a fase neutra no período entre março e maio. Essa probabilidade aumenta para 70% entre abril e junho.

A organização também aponta que, até o momento, a chance do El Niño se desenvolver entre os meses de março e junho é insignificante.

"As previsões sazonais para El Niño e La Niña e os impactos associados nos padrões climáticos e de tempo globalmente são uma ferramenta importante antecipar alertas e ações", disse a Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo.
Apesar dos impactos diretos de eventos como o La Niña e o El Niño, as mudanças climáticas induzidas pelo homem são o que mais têm alterado os padrões do clima.

Nesse contexto, recordes históricos de temperatura têm sido quebrados mês a mês. Janeiro de 2025, por exemplo, foi o mais quente já registrado, apesar de já estar sob a influência das condições fracas do La Niña.

Com expectativa de as temperaturas da superfície do mar se manterem acima do normal em todos os principais oceanos, a previsão da OMM é que as marcas continuem acima da média também em quase todas as áreas terrestres do planeta.

Efeitos do La Niña

Mesmo sendo considerado um La Niña fraco, o fenômeno pode causar mudanças no clima, como já é esperado nas previsões sazonais.

 Para o Brasil, os efeitos clássicos do La Niña são:
  • Aumento de chuvas no Norte e no Nordeste;
  • Tempo seco no Centro-Sul, com chuvas mais irregulares;
  • Tendência de tempo mais seco no Sul;
  • Condição mais favorável para a entrada de massas de ar frio no Brasil, gerando maior variação térmica.
Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, explica que o cenário atual já reflete os efeitos de uma La Niña fraca e de curta duração.

“Na prática, isso quer dizer que não vai mudar muito do que já estávamos prevendo. A La Niña, de forma geral, traz pouca chuva pro Centro-Sul, mas aumenta a chance de granizo. E é exatamente o que estamos vendo, especialmente em São Paulo: muitos temporais acompanhados de granizo, bem diferente do verão passado, quando quase não tivemos isso", diz.

Ainda segundo Luengo, isso ocorre por dois motivos principais:
  1. Primeiro, a atmosfera está mais fria, o que facilita a formação de granizo.
  2. Segundo, a La Niña desloca o jato subtropical mais para o norte, aproximando-o do Centro-Oeste e Sudeste. E esse deslocamento aumenta as áreas de instabilidade, que, ao se combinarem com o calor e a umidade, geram mais tempestades.
Ele também destaca que a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é responsável por levar chuvas para o norte do país, já está descendo.

"Isso quer dizer que está chovendo mais no Amapá e no norte do Pará. Daqui a pouco, a chuva vai aumentar no norte do Nordeste, especialmente no Maranhão, Piauí e Fortaleza", acrescenta.

Além disso, a atuação mais persistente das ACAs (Alta da Cordilheira dos Andes) também impacta o país.

Desde o início do mês, essas formações têm contribuído para manter o padrão de pouca chuva no Centro-Sul, enquanto aumentam a umidade no Norte e Nordeste.

El Niño X La Niña

O El Niño é a fase positiva do fenômeno chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS). Quando ele está em atuação, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso no Brasil. Isso ocorre porque ele dificulta o avanço de frentes frias no país, fazendo com que as quedas sejam mais sutis e mais breves.

Em resumo, o fenômeno causa secas no Norte e Nordeste do país (chuvas abaixo da média), principalmente nas regiões mais equatoriais, e provoca chuvas excessivas no Sul e no Sudeste.

Apesar do fim do fenômeno, esse último inverno ainda foi bastante impactado pela influência do El Niño, muito por conta de sua forte intensidade ao longo dos meses.

Agora estamos observando um resfriamento mais evidente das águas do Pacífico, com o estabelecimento do La Niña confirmado.
 
Júlia Carvalho
Fonte: g1
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