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CTC lança novas tecnologias para disputar mercado de R$ 60 bilhões
Empresa prevê começar a entregar inovações a usinas e produtores já na temporada 2025/26; lista inclui cana resistente a glifosato
Publicado em 16/04/2025 às 09h24
Foto Notícia
César Barros, do CTC: meta de dobrar produtividade de canaviais até 2040
Foto: Divulgação
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) está lançando nesta safra 2025/26, que começou em abril, um novo pacote de tecnologias que, segundo a empresa, têm potencial de movimentar até R$ 60 bilhões nos próximos 15 anos. O conjunto de inovações inclui uma nova série de variedades com melhoramento genético, uma nova plataforma de biotecnologia e novos passos no projeto de sementes sintéticas de cana.

As novidades são parte dos esforços do CTC para perseguir o objetivo de duplicar a produtividade das lavouras brasileiras de cana-de-açúcar até 2040. A companhia acredita que, com os lançamentos que anunciou ontem, usinas e produtores vão acelerar a adoção das tecnologias da empresa.

O CTC vai submeter as novas variedades aos órgãos reguladores, e a expectativa é obter aprovação para que a entrega às usinas comece já na safra 2025/26, afirmou César Barros, o principal executivo do CTC, à imprensa após apresentação das inovações ao mercado no CTC Day. A estimativa de receita bruta potencial de R$ 60 bilhões em 15 anos considera a hipótese de todas as usinas e produtores utilizarem as tecnologias que a companhia está lançando agora, de acordo com o executivo.

Uma das inovações é a nova série de variedades de cana batizada de “CTC Advana”. Essas tecnologias, uma evolução em relação às variedades CTC 9000, as mais populares da empresa nos canaviais brasileiros, podem ser até 16% mais produtivas — o equivalente a 2,1 toneladas de açúcar por hectare — do que a média de suas concorrentes no mercado. São variedades que têm um porte mais ereto, o que facilita o uso de máquinas na colheita, além de terem mais sanidade e características que as tornam mais adaptáveis às diferentes regiões do país.

A segunda linha de inovação é em biotecnologia. Oito anos depois de apresentar sua primeira variedade transgênica de cana, resistente à larva da broca-da-cana, o CTC está lançando agora uma nova transgenia com resistência a herbicidas, que permite o combate a plantas daninhas que prejudicam o crescimento da cana-de-açúcar. Como a variedade transgênica é resistente ao glifosato, a companhia está trabalhando em parceira com fabricantes de defensivos à base do herbicida, como a Bayer.

Essa nova plataforma de biotecnologia, batizada de VerdePro2, prevê ainda a combinação das duas biotecnologias: a nova variedade transgênica pode ter tanto a modificação que combate a broca-da-cana quanto a resistência a herbicidas. Agora, o CTC está desenvolvendo uma variedade de resistência ao bicudo da cana, uma praga que, somados os custos adicionais e a diminuição de produtividade dos canaviais, causa prejuízos de R$ 6 bilhões ao ano.

A terceira via de inovação em curso no CTC é o projeto de sementes sintéticas. O projeto, que entrou em desenvolvimento há mais de dez anos, ainda não está pronto para ser lançado, mas está dando novos passos. Em janeiro, a companhia começou a construir uma planta demonstrativa, que deve ficar pronta no fim do ano. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) financiou metade do investimento, de R$ 100 milhões.

Segundo Barros, a fábrica tornará possível o plantio de mil hectares por ano quando atingir capacidade máxima. Atualmente, a produção de sementes ocorre em laboratório, o que permite um plantio de até 5 hectares ao ano. “Isso vai ser fundamental para testar em mais clientes, em diferentes ambientes, com diferentes tipos de preparo de solo”, disse o executivo.

O plantio de sementes tem diversas vantagens em relação ao plantio por meio de toletes, como é hoje em dia, o que deve aumentar a produtividade agrícola e reduzir custos operacionais. A expectativa da empresa é que o custo para plantar um hectare de cana, que é atualmente de R$ 16 mil, caia para R$ 10 mil.

De imediato, a substituição das mudas pelas sementes pode liberar 5% da área dos canaviais hoje dedicadas a viveiros, aumentando a produção. Além disso, uma máquina de plantio de semente pode carregar um peso 40 vezes menor do que o plantio mecanizado de toletes para semear a mesma área, o que reduz o consumo de diesel. A própria plantadora de sementes de cana é mais leve, o que diminui a compactação de solo.

Do ponto de vista da geração de receita, uma das principais vantagens do plantio de sementes é a capacidade que esse sistema oferece de reduzir o ciclo da cana e aumentar a frequência do plantio, o que pode antecipar a adoção de novas tecnologias. Atualmente, um produtor replanta suas lavouras a cada cinco anos. Já do ponto de vista do produtor, por ser mais simplificado, o plantio de sementes pode ocorrer mais frequentemente, o que acelera a adoção de variedades mais modernas e pode melhorar a produtividade mais rapidamente.

O CTC convidou duas empresas de máquinas e implementos agrícolas, a John Deere e a Civemasa, para desenvolver tecnologias de plantio das sementes do CTC. As duas fabricantes já desenvolveram sistemas de posicionamento das sementes, que estão operando em fase de testes nos campos do CTC. Na próxima safra, os equipamentos com o sistema completo de plantio devem estar prontos para ir ao mercado.

O plano é que, com o tempo, as inovações sejam integradas em uma mesma variedade. “Até o fim da década, o cliente vai acessar as três tecnologias juntas em um só produto. Ele vai ter uma [variedade] CTCAdvana, protegida pela VerdePro2, dentro da semente”, afirmou Barros.

O CTC investiu R$ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento na última década, sendo R$ 250 milhões apenas na safra passada. O projeto da semente sintética de cana, o mais caro de todos, deve consumir R$ 1 bilhão em investimentos até sua conclusão.
Com as inovações em curso, o CTC espera ampliar sua participação de mercado. na safra passada, 17% da área disponível para colheita tinha cana do CTC, e as variedades da empresa representaram 27% da área de plantio. Também há a expectativa de aumento do valor médio dos royalties que a empresa recebe pelos ganhos de produtividade que suas variedades tornam possível.
Camila Souza Ramos
Fonte: Globo Rural
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