União Nacional da Bioenergia

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Enquanto você foge do açúcar, o marketing te serve um prato cheio de ilusão
Publicado em 26/05/2025 às 10h59
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Nos últimos 15 anos, o consumo de açúcar refinado no Brasil caiu 17%, segundo o IBGE. Mesmo assim, a obesidade explodiu: hoje, 68% dos adultos brasileiros estão acima do peso e 31% já são obesos, de acordo com a pesquisa Vigitel 2024, do Fórum DCNTs. Um dado que, à primeira vista, parece contraditório. Se há menos açúcar no prato, por que há mais gordura no corpo?

A resposta pode estar onde menos se espera: nos rótulos bonitos, nos produtos com selo “fit”, nos alimentos “zero”. Na forma como a indústria aprendeu a parecer saudável. O açúcar refinado saiu da frente do rótulo, mas o marketing tomou o lugar dele.

O Brasil ainda consome, em média, 80 gramas de açúcar por dia — o triplo do limite recomendado pela OMS, que é de 25 gramas. Mas a maior parte desse açúcar não vem mais da colher no café ou do doce da padaria. Ele está escondido em sucos “naturais”, iogurtes “integrais”, biscoitos “sem glúten” e barras “fonte de fibras”. Produtos que carregam uma linguagem visual limpa, minimalista, com cara de saúde, mas recheados de adoçantes artificiais, sódio, gordura hidrogenada e aditivos químicos.

Quem me despertou para essa reflexão foi o empreendedor e criador de conteúdo digital Felipe Clave, de Porto Alegre. Em um de seus posts, ele abordou com muita clareza como a indústria transformou o açúcar em vilão, não para melhorar a qualidade dos alimentos, mas para criar uma nova vitrine de apelo emocional. Saíram os produtos com sabor, entraram os produtos com status. De bebidas funcionais cheias de cafeína, taurina, edulcorantes sintéticos e conservantes a chás com storytelling de mindfulness, o que se vende não é mais comida: é estilo de vida.

Felipe cravou com precisão: hoje, quem domina a linguagem da saúde vende, mesmo sem entregar saúde. O consumidor do futuro busca transparência, mas ainda não sabe decifrar o que vê. Continua sendo enganado porque, como diz o próprio Clave, o que engorda não é o açúcar. É o marketing.

No fim das contas, seu cafezinho com açúcar nunca foi o problema. O problema é acreditar que o que parece saudável, de fato, é. E, nessa ilusão, a indústria venceu.

Um bom suco de abacaxi com hortelã, adoçado com um pouquinho de açúcar. Uma colher de doce caseiro que lembra sua avó. Tudo feito com o açúcar que vem de uma planta — a cana — que, sozinha, é uma das espécies mais eficientes do planeta em transformar CO₂ em oxigênio.

Nada disso pode ser mais nocivo do que uma garrafinha bonitinha de “suco natural”, cheia de aditivos químicos e promessas embaladas em storytelling.

Lembram que o ovo já foi o grande vilão da alimentação? Depois a ciência mostrou que não era bem assim. Pois é. Parece que o açúcar está indo pelo mesmo caminho.
Ruy Dantas
Fonte: Paraíba Business
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