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Combustíveis Fósseis

Nova gasolina: é melhor, mas ainda pode ser adulterada
Publicado em 05/08/2020 às 09h34
A partir da próxima segunda-feita, 3 de agosto, entra em vigor uma resolução da ANP que estabelece novos padrões para a chamada nova gasolina no tocante a ponto de evaporação, octanagem e densidade, dentro de três meses. Ela será ainda melhor, mas nem tanto quanto anunciam.


Densidade mínima: que bicho é esse?

Densidade é a relação peso/volume. Em português mais claro, a água contida numa garrafa de um litro pesa (em média) 1 kg. Muito menos, por exemplo, que o mercúrio colocado nesta mesma garrafa, que pesa mais de 13 kg.

A gasolina, quanto menor a densidade, tanto pior para o motor. E o problema é que ela varia muito, de 650 até 750 gramas por litro. Depende do petróleo que lhe deu origem, da formulação, da temperatura, etc. O etanol anidro é mais denso (pesado) que a gasolina: 791,5 g/litro.

Qual é a densidade obrigatória para nova gasolina a partir deste mês de agosto? A gasolina C (com adição de etanol) deve ter um mínimo de 715 g/litro (ou kg/m3).


Qualidade era inferior?

A Petrobrás diz que a dela, não: há tempos a densidade é até superior aos exigidos 715 g/litro. E a octanagem (RON 93) declarada maior que mínima obrigatória, RON 92. Entretanto, como não havia exigência de densidade mínima, distribuidoras e postos podiam adulterá-la à vontade com solventes ou naftas, por exemplo, que são mais "leves" (densidade inferior).

Podia-se também importar gasolina mais barata, com densidade inferior a 700 g/litro. E octanagem também inferior, cerca de RON 90. Por isso a possibilidade de tamanha diferença de desempenho e consumo ao se abastecer em dois postos.


É adulterável? Sim, só ficou mais difícil...

Como não havia exigência de densidade mínima, cada refinaria, distribuidora, importadora ou formuladora fornecia a gasolina com densidades variáveis, muitas vezes inferiores aos 715 g/litro agora exigidos pela ANP. E também com octanagem mais baixa que RON 92. Por isso, o motorista abastecia num posto fiscalizado e aprovado e não entendia porque seu carro perdia desempenho e aumentava o consumo.

O que a imprensa está anunciando é que a nova gasolina impede sua adulteração, pois o posto terá, a pedido do freguês, que provar a densidade utilizando um densímetro, (bastão graduado de 700 a 750 g/l) que se mergulha numa proveta e que deve indicar, no mínimo, 715 g/litro.

Então, com a nova exigência, seria impossível continuar vendendo gasolina "leve", de baixa densidade. Mas ainda é possível, sim, adulterá-la: basta aumentar o volume de etanol anidro que se adiciona a ela para elevar a densidade final da mistura, pois o etanol tem densidade bem maior.

Então, se o freguês desconfia da densidade, o posto tem obrigatoriamente que testá-la com o densímetro. Aprovado nesta etapa? A desconfiança tem que prosseguir e exigir também a proporção de etanol na gasolina, que não pode superar os 27% (25% na premium). Aí aparece a maracutaia, pois revela que, para "chegar" na densidade mínima, o posto aumentou o volume do etanol!


´Nova gasolina´ não é tão nova assim!
Posto que aumentar o preço da gasolina alegando as novas exigências da ANP poderá estar mentindo, principalmente se for da Petrobras, que afirma ter sua gasolina enquadrada há meses nos novos padrões. E diz que, por isso, não muda seu preço.

Além disso, nem todos os postos a terão imediatamente pois a ANP deu prazo de 60 dias para as distribuidoras e 90 dias para os postos esgotarem os estoques da "velha" gasolina. Então, até novembro, o motorista ainda pode encontrar ambas nos postos.


Melhor para os carros novos que para os velhos

A exigência de octanagem mínima RON 92 (RON 93 a partir de janeiro de 2022) será vantajosa para quem abastece com a nova gasolina. Pois a central eletrônica terá que interferir menos no ponto de ignição para evitar a combustão irregular (detonação ou "batida de pino"). Reduz assim a perda de desempenho e aumento de consumo.

E os carros mais antigos? Os carburados também serão beneficiados com a maior densidade da nova gasolina brasileira, mas pouco com a octanagem, pois têm baixa taxa de compressão.
Fonte: Jornal do Carro - O Estado de S. Paulo
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