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A chegada de um novo mês não irá alterar muito o clima no Brasil a partir deste sábado (1/2). De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), fevereiro, definido por dias quentes e pancadas de chuva, mantém as características típicas do verão e que foram observadas também em janeiro.

Enquanto a previsão do tempo indica precipitação entre a média climatológica ou acima da média na maioria dos Estados do Norte e do Nordeste, parte do Rio Grande do Sul, na região Sul, e o Espírito Santo, no Sudeste, devem registrar volumes menores.

“Como é o segundo mês do período mais chuvoso, tem, realmente, muita chuva, porque essa é a condição principal da estação. E também será muito quente, pois nessa época temos mais incidência de radiação solar, os dias são mais longos que as noites. Consequentemente, os termômetros seguem elevados e com essa condição de mais chuva”, explica Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo.

As temperaturas elevadas em fevereiro podem impulsionar a formação de ondas de calor, fenômeno caracterizado pela sequência de, no mínimo, três dias em que os termômetros de uma determinada região permanecem 5ºC ou mais acima da média.

Porém, mesmo com a condição comum no verão brasileiro, nada foi previsto pelos modelos meteorológicos até o momento. Caso ocorram nas próximas semanas, a tendência é que elas sejam restritas ao Sul, adianta o especialista ouvido pela Globo Rural.

“Nosso país está em uma tendência de extremos e, consequentemente, observamos esses picos de calor. Não podemos descartar, mas se vier alguma (onda de calor), será de curta e de pouca intensidade também”.

Como será o clima em cada região?

SUL

• Chuva: os volumes devem ser um pouco acima da média na faixa que abrange o centro-sul do Paraná e o leste de Santa Catarina, enquanto nas cidades localizadas no norte do Rio Grande do Sul a tendência é de precipitação abaixo da média, mas nada que cause problemas de abastecimento. Em geral, em boa parte dos três Estados, a chuva é esperada dentro da normalidade.
• Temperatura: o destaque será o Rio Grande do Sul. Assim como aconteceu em janeiro, a previsão indica dias quentes em razão de massas que se deslocam do Paraguai ao Estado gaúcho. Até o momento, a maior temperatura de 2025 no Brasil foi registrada em Quaraí: 42,4ºC em 23 de janeiro. No Paraná e Santa Catarina, a regularidade das chuvas mantém as temperaturas dentro da normalidade.

SUDESTE

• Chuva: a tendência é que fique acima da média em áreas de São Paulo, Minas Gerais e parte do Rio de Janeiro pela formação de canais de umidade. No Espírito Santo, o tempo será mais seco e, os volumes, abaixo da média.
• Temperatura: por causa das chuvas, as temperaturas permanecem dentro da normalidade, mas com picos de calor em algumas áreas da região. Em São Paulo e Minas Gerais, há a possibilidade de temperaturas abaixo da média.

CENTRO-OESTE

• Chuva: os maiores volumes devem ocorrer em Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal, mantendo a condição observada em janeiro por causa da formação de canais de umidade. O norte de Mato Grosso do Sul pode apresentar chuva acima da média, enquanto o clima fica mais seco no oeste.
• Temperatura: com a ocorrência de chuvas regulares durante o mês de fevereiro, a previsão indica temperaturas dentro da normalidade.

NORDESTE

• Chuva: a precipitação observada no fim de janeiro se repete em fevereiro, com exceção da Bahia, sul do Piauí e centro-sul do Maranhão. No geral, o quesito será dentro da normalidade e até acima da média no Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte pela migração da Zona de Convergência Intertropical, sistema que favorece a formação de chuvas.
• Temperatura: a presença da chuva mantém as temperaturas dentro da normalidade, mas podem ocorrer picos de calor e até registros abaixo da média em locais isolados, o que não é considerado frio porque o clima no mês é quente.

NORTE

• Chuva: o Amazonas, onde os principais rios sofreram com a seca ao longo dos últimos dois anos, será beneficiado com chuva acima da média no mês que inicia neste sábado, assim como Roraima, Pará, Amapá e pontos isolados de Rondônia.
• Temperatura: a previsão do tempo indica números dentro da normalidade, mas em cidades do Pará podem ocorrer picos de calor, o que é considerado normal.

De olho na agricultura

No Centro-Oeste, principal região produtora do país, e em parte do Sudeste, as culturas serão favorecidas pela elevação da umidade do solo em decorrência das chuvas. Mas, por outro lado, lavouras que estão no estágio de maturação e colheita podem ser prejudicadas pela condição.

O mesmo cenário se repete no Sul, com a primeira safra beneficiada pela precipitação e umidade do solo. Somente em áreas localizadas no centro-oeste do Rio Grande do Sul e Santa Catarina é que os volumes menores de chuva colocam o desenvolvimento das lavouras em risco.

A regularidade e distribuição das chuvas em fevereiro será vista nas áreas mais conhecidas pela produção de alimentos tanto no Norte como no Nordeste, principalmente no norte e oeste da segunda região citada. O destaque negativo é o centro-leste da Bahia. Com menos precipitação, a umidade do solo pode ficar prejudicada em fevereiro.

Influência do La Niña no clima

O fenômeno confirmado pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla inglês) em 9 de janeiro e definido como anomalia negativa na temperatura das águas do Oceano Pacífico deve interferir no clima do Brasil em fevereiro.

“Os canais de umidade que se formam entre as regiões Norte e Sudeste são potencializados por esse resfriamento. Além disso, impulsiona também a frequência de frentes frias que ajudam a reforçar esses canais”, pontua Guilherme Borges.