União Nacional da Bioenergia

Este site utiliza cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência. Ao continuar navegando
você concorda com nossa política de privacidade. Política de Privacidade

Cosan admite possibilidade de diluição na Raízen e venda de usinas
Holding de Rubens Ometto negou ainda possibilidade de injetar capital no negócio
Publicado em 28/02/2025 às 08h20
Foto Notícia
A Cosan, holding do empresário Rubens Ometto, admitiu que avalia a possibilidade de diluição de sua participação na Raízen, gigante de distribuição de combustíveis e de produção de açúcar e bioenergia. Em teleconferência com analistas, a direção da companhia negou a possibilidade de injeção de capital na controlada, mas indicou que, além de uma diluição de controle, também cogita a venda de negócios da Raízen ou de suas usinas.

“Avaliamos sim eventuais alternativas de entrada de sócios”, disse Rodrigo Araújo, diretor financeiro da Cosan, durante a teleconferência com investidores para tratar dos resultados não auditados divulgados no dia anterior.

“Dada nossa alavancagem em Cosan, temos disposição em sermos diluídos. A companhia não tem hoje capital para alocar”, afirmou. O CEO da Cosan, Marcelo Martins, ressaltou ainda que a holding “não vai colocar dinheiro na Raízen”, já que sua prioridade “é redução da sua alavancagem”.

A Cosan e a Cosan Nove Participações (que tem o Itaú com 27% de participação) detêm 44% das ações da Raízen, enquanto a Shell detém outros 44%. Os demais 12% estão na mão de investidores dispersos.

Contexto

A Cosan e suas investidas entraram em um processo de reestruturação no ano passado conforme a alta dos juros começou a apertar os negócios. Ontem, Ometto disse em evento do BTG que os juros elevados estão "atrapalhando um pouco" os investimentos da Raízen. Ele disse que a empresa está investindo R$ 9 bilhões “com recursos próprios” para construir seis indústrias de etanol de segunda geração (E2G) e “apanhando um pouco para organizar isso”.

Também no evento, o empresário disse que a alta taxa de juros é o que “mais atrapalha” o empresariado brasileiro e o deixa “vagabundo”. “Se você tem a condição de aplicar seu dinheiro a 15%, 20%, até 25% ao ano, você vai ficar vagabundo, porque [isso] vai fazer com que todo mundo fique sentado na cadeira sem fazer nada, e o dinheiro não produz”, disse.

Fatiamento

O diretor financeiro da Cosan disse também na teleconferência com analistas que o grupo avalia a possibilidade de venda de negócios dentro da Raízen, como o de Renováveis (que engloba etanol e energia) de forma parcial ou integral.

“Isso tem que ser aprovado pelo outro sócio [a respeito] de eventuais parceiros em negócios da companhia, como o de energia e renováveis. Nós avaliamos a entrada de parceiros. Não tem nada específico, mas é uma das coisas que a gente considera”, afirmou o CFO.

“Sobre uma separação de ativos na Raízen, depende de acordo com a Shell. Os dois entendendo que há possibilidade de desinvestir no negócio, vamos desinvestir. Se tiver que separar negócios, será considerado. Estamos fazendo isso”, acrescentou.

Ele também admitiu “a possibilidade de reduzir o portfólio de usinas”. “Não temos falado muito isso, mas a revisão [de portfólio na Cosan] passa também pelas usinas que estão no portfólio.”

Venda de terras

Outro negócio da Cosan que já está executando venda de ativos é a Radar, empresa de terras agrícolas que o grupo de Ometto controla, tendo como sócio o fundo de pensão americano TIA. Segundo Araújo, a Radar já aumentou suas operações de venda de terras agrícolas em 2024 e vai continuar nesse movimento neste ano.

“Tem formas de se fazer qualquer desinvestimento, e isso está acontecendo no negócio de terras. Em 2024 e neste ano não vai ser diferente. Temos aumentado o volume de desinvestimento na própria investida [Radar]”, afirmou. Em 2024, a empresa vendeu nove fazendas.

Ele comentou que esse movimento não está visível porque, ao mesmo tempo em que a Radar está vendendo terras, seu atual portfólio tem se valorizado em meio ao movimento de apreciação das terras agrícolas no Brasil. O portfólio de terras da Radar encerrou o ano de 2024 avaliada em R$ 17 bilhões, sendo R$ 5,3 bilhões referentes à participação da Cosan. Com vendas de fazendas, a receita da Radar no quarto trimestre saltou mais de três vezes, para R$ 830 milhões.

Além disso, o diretor financeiro da Cosan comentou que “qualquer outro” movimento “estrutural” em relação à Radar também “está na mesa”.
 
Por Camila Souza Ramos e Robson Rodrigues — São Paulo
Fonte: Globo Rural
Fique informado em tempo real! Clique AQUI e entre no canal do Telegram da Agência UDOP de Notícias.
Notícias de outros veículos são oferecidas como mera prestação de serviço
e não refletem necessariamente a visão da UDOP.
Mais Lidas