União Nacional da Bioenergia

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Açúcar reforça canal lateral em Nova York durante novembro
Publicado em 09/11/2020 às 15h23
Foto Notícia
Movimentos de euforia compradora se mostram acentuadamente amenos no mercado após a vitória de Biden nos Estados Unidos. Novo relatório do USDA e eleições na Índia devem ser fotos elevados de negatividade ao mercado em 2021

O mercado de açúcar está tendo um mês de novembro marcado por uma calmaria sobre os futuros em Nova York. Porém, como toda a calmaria, uma tempestade pode está a caminho do setor diante da definição de importantes informações a nível fundamental. A batalha para testar e se manter acima do nível dos US$/cents 15,00 está cada vez mais árdua para Março/21 visto que a observação clara de um canal lateral sobre a linha de preço deste ativo forma, por si só, uma expectativa auto realizável de avanços a recuos moderados, dentro de um intervalo bem definido e claramente previsível de oscilação, o qual deve ser a marca do restante do mês de novembro. Este canal lateral está atualmente indicado pela máxima de US$/cents 15,00, a mínima em US$/cents 14,38 e um ponto de equilíbrio em US$/cents 14,68. Reforçando esta leitura temos a presença da Banda Média de Bollinger exatamente próxima a este ponto de equilíbrio, dando ainda mais sinalizações ao mercado de firmeza na formação deste canal lateral.

Saindo rapidamente da breve análise gráfica é importante manter o foco nos fundamentos. Neste sentido a SAFRAS & Mercado alerta que depois do dia 20 a Secretaria de Agricultura dos Estados Unidos lançará a segunda atualização do seu relatório semestral de oferta e demanda mundial de açúcar de 2020, com números já da safra 2021/22, sinalizando a próxima safra do Brasil e a safra atual da Ásia. Desde setembro a SAFRAS & Mercado alerta que a atual estimativa de superávit de 5 milhões de toneladas deverá ser elevada a 10 milhões, ampliando ainda mais o gap da safra anterior que teve um déficit de 10 milhões de toneladas. A queda na demanda pelos efeitos ainda das contrações econômicas da crise da Covid-19 deverão ser os pontos altos do reporte. Também é importante não esquecer das recuperações produtivas da Ásia frente a uma temporada de chuvas de Monção acima da média dos últimos 50 anos entre junho e agosto deste ano.

A clara elevação nos estoques internacionais também deve ser um forte ponto de impacto que, convertidos todos sob uma perspectiva local, teremos pressões ainda maiores para ampliação dos subsídios de exportação por parte de origens que usam este meio como um modo de estabilidade dos preços internos, vide Índia. Fica mais grave ainda esta questão aplicada em um contexto de forte queda no PIB local junto a eleições, onde as demandas das entidades representativas de classe indianas devem ser o foco condutor da eleição, ou não, de muitos políticos. Logo, pressões internas devem fazer com que o anúncio dos subsídios seja feito entre o fim de novembro e início de dezembro com ampliação dos valores pagos e da cota a ser embarcada.

O que pode neutralizar parte deste excedente são os acordos bilaterais com economias fechadas da região, como a China. Porém, atritos geopolíticos fronteiriços registrados ainda ao longo deste ano de 2020 devem se mostrar como um empecilho a mais neste modo de solução que em si já se mostrava paliativo. De modo geral, toda a complexidade da questão asiática na oferta e na [falta da ] demanda, deve ser somada ao risco iminente da segunda onda do Covid-19 como um forte vetor de risco aos preços internacionais para o restante de 2020 e também para o início de 2021, a curva futura de preços de Nova York está aí para confirmar esta leitura.
Mauricio Murici
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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