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Cuidado com os idos de Março...
Publicado em 10/03/2021 às 15h43
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Petróleo e dólar valorizados fazem açúcar disparar em NY; Preços internos do açúcar do etanol seguem com forte suporte a novos recordes de ganhos e meio a forte depreciação do câmbio e da atual política macroeconômica

O mercado de açúcar teve um final de fevereiro acalorado tanto nos preços externos quanto internos. De modo quase que surpreendente, a questão do frio extremo nos Estados Unidos acabou resultando em fortes questionamentos quanto a continuidade da atual política macroeconômica do governo brasileiro, através de forte interferência da presidência da república nas questões de precificação do gás, do diesel, da gasolina e, por fim, também da tarifa de energia elétrica. O resultado foram quedas fortes no IBOV, nas ações da Petrobras e no real frente ao dólar. Porém, o outro lado da moeda foi que o setor sucroalcoleiro acabou se beneficiando de quase todos estes movimentos, principalmente da desvalorização do câmbio.

Para completar o petróleo seguiu subindo em Londres em quase 3% na maior parte do dia, em função da percepção de que a retomada da normalidade no fornecimento não deve ser tão rápida como se imagina. É claro que em condições normais de pressão e temperatura era de se esperar que ganhos de mais de 2% no dólar e de quase 3% no Brent em Londres rapidamente se transformassem em ajustes de mais de 10% nos preços da gasolina no mercado interno braseiro [ou até mais]. Mas como as ações da Petrobras caíram mais de 17% na segunda-feira, 22, depois de terem despencado outros 7% na sexta-feira anterior, 19, o sinal é que estes ajustes devem continuar represados. E o que tem o frio do Texas com a continuidade da política macroeconômica no Brasil? O fato é que toda esta mão pesada do estado [no lugar da mão invisível do mercado] acaba deixando insustentável a presença do atual Ministro da Economia.

Nisto, coloca-se mais pressão ainda nesta "panela" que está prestes a explodir, ao passo que importantes corretoras de investimento já projetam um dólar a R$ 6,00 ao final do ano no início da segunda-feira, contra R$ 4,90 da sexta-feira anterior. Mas e o frio no Texas? Bem, no fundo, dado todo o estardalhaço e coqueluche que se abateu sobre o mercado desde as primeiras horas da manhã da segunda-feira, é o que menos importa. Já diriam à Júlio César ao fim do segundo triunvirato romano "Cuidado com os idos de março!" [ou, em sua variação mais moderna "Don?´t Tread on Me!"], e, por mais profético que pareça, a situação dramática toda se desenvolve exatamente na virada de fevereiro para o terceiro mês do ano, ao passo que a memória de curto prazo da anterior presidente eleita não inspira muita perseverança, exatamente pelo mesmo motivo. Coincidência? Não..

Mauricio Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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