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Guerra na Ucrânia impulsiona Nova York em março
Vetores fundamentais de médio prazo como a entrada da safra nova do Centro-Sul do Brasil ficam invalidados por efeitos da guerra
Publicado em 05/04/2022 às 14h45
Foto Notícia
Invasão russa desperta petróleo em Londres e faz açúcar em Nova York ter o maior padrão de ganho anual de 2022 com avanços significativos na margem; Fundamentos devem voltar a dar o tom nos preços ao longo de abril. O mercado internacional de açúcar teve um mês de março marcado pela reviravolta na média de preços sobre o atual driver Maio/22 em Nova York.

Este ativo até então vinha oscilando dentro de uma tendência de baixa de médio prazo observada sobre o mercado desde o início de janeiro em reflexo aos fundamentos baixistas que se aproximavam cada vez mais do mercado. Estes fundamentos traduziam uma safra nova 2022/23 parcialmente recuperada no Centro-Sul com a produção de cana se recuperando de 520 para 560 milhões de toneladas. Logo, pelo menos até a última semana de fevereiro a perspectiva era de queda em função dos fundamentos da safra nova 2022/23 do Centro-Sul do Brasil. Este era o curso natural do mercado de até então.

Porém com a eclosão guerra na Ucrânia, os prêmios de risco geopolítico sobre o petróleo dispararam e com eles as cotações do açúcar. Praticamente tivemos a ocorrência de um Cisne Negro no mercado, não apenas no de açúcar, mas no de petróleo também. Isto acabou distorcendo a curva de preço de Maio/22 que passou a oscilar contra a sua tendência natural, desenvolvida com amparo nos fundamentos, levando ao cenário atual sobre as médias de março com o maior nível de ganhos anuais de 2022 e a reversão das perdas na margem observadas desde início do ano.

No comparativo anual os ganhos de março em 19% foram os maiores de 2022 superando o avanço de 11% no ano de fevereiro e de 15% de janeiro. Na margem tivemos a brusca reversão das quedas que se viam desde o início de 2022 com a alta de 7,5% de março contrastando com as quedas de 3,97% de fevereiro e de 3,87 de janeiro. Havia até então um aprofundamento das quedas de janeiro para fevereiro e possivelmente haveria um novo aprofundamento em março não fosse a eclosão da guerra.

Para abril a SAFRAS & Mercado alerta para uma nova investida de baixa nos preços do açúcar para Maio/22 em Nova York. Como os efeitos da guerra já estão praticamente todos precificados ao longo de março, os fundamentos devem novamente ser revisitados ao longo de abril com o início oficial do calendário da safra nova no Centro-Sul do Brasil. A presença de figuras gráficas de reversão de tendência amparadas nos fundamentos reforça este cenário de negatividade esperada para abril, ainda que a safra esteja em grande parte concentrada ao etanol. Nem mesmo o câmbio desfavorável a exportação com o real mais forte frente ao dólar deve ter um peso suficiente para neutralizar a baixa esperada para abril.


Mauricio Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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