União Nacional da Bioenergia

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A expansão do etanol de milho deve chegar a 10 bilhões de l no Brasil
Publicado em 30/05/2022 às 16h00
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A expansão do segmento de etanol de milho no Brasil, que começou há cinco anos, pode ser percebida com o surgimento de novas plantas dedicadas exclusivamente à geração de etanol, seja por meio do cereal (full) ou a ampliação de usinas que processam cana-de-açúcar e usam o milho na entressafra (flex).

A produção de etanol de milho no Brasil é vista como um importante avanço para a cadeia produtiva do grão, que passa a ter na fabricação do biocombustível mais uma oportunidade de geração de renda e emprego. Além disso, o advento do etanol de milho é um esforço que combina o grão em si, o segmento energético e também a pecuária, porque resíduos e sobras do milho usado para produção de etanol se transformam em insumos para a alimentação animal.

Dados da Unem (União Nacional do Etanol de Milho) mostram que atualmente, 17 usinas de etanol de milho estão em operação, sendo 10 em Mato Grosso, 5 em Goiás, 1 no Paraná e em 1 em São Paulo. Do total de unidades em operação, 10 são flex e 7 full.

De acordo com um estudo feito pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e publicado no início do mês, a produção de etanol de milho no Brasil deve dobrar nos próximos dez anos, e em 2031, o país deverá ter mais nove unidades flex e 24 full. Esse aumento de capacidade produtiva poderá levar a produção de etanol de milho para 8,1 bilhões de litros em 2031.

Isso mostra que o setor de etanol de milho passa por um processo de crescimento, com grandes grupos anunciando investimentos em novas unidades. Ainda em 2022, uma unidade da Inpasa deve entrar em operação em Dourados (MS) e uma usina da São Martinho, em Quirinópolis (GO), tem previsão de operar a partir de novembro.

Além disso, há previsão de ampliação da capacidade da Inpasa em Nova Mutum (MT), e início da operação da Neomille (Grupo Cerradinho) em Maracaju (MS) e da FS em Primavera do Leste (MS), todas em 2023. Outro anúncio foi feito pela ICM e a Agribrasil que vão investir na construção de uma unidade em Canarana (MT).

Não só o setor, mas também o mercado de etanol de milho está em franco processo de expansão, devido ao início da operação de novas unidades, aumento da capacidade de outras e a transformação de usinas que antes só processavam cana-de-açúcar em unidades flex, com possibilidade de produzir o biocombustível a partir de cana e de milho.

"O potencial produtivo de etanol de milho nacional, aliado às perspectivas de investimento no setor de biocombustível, deve impulsionar o setor de etanol de milho no país. A produção do cereal no Brasil deve crescer próximo de 25% até 2031, atingindo 124 milhões de toneladas. Essa produção, em grande parte de segunda safra, sustentará os investimentos previstos", afirma Guilherme Nolasco, presidente-executivo da Unem. Na safra 2030/2031, 22 milhões de toneladas de milho deverão ser destinadas à fabricação de etanol e seus coprodutos.

Nolasco lembra que o etanol de milho iniciou sua participação no mercado de biocombustíveis brasileiro com uma participação de apenas 6%, em 2020, para 13% na última safra, e com potencial de atingir próximo de 20% até 2030, quando a produção se aproximará dos 10 bilhões de litros.

Custo de produção

A macroeconomia é um problema que impacta todos os setores e acaba no bolso do cidadão. O período atual em que a preocupação em relação aos fertilizantes é uma variável na composição de preços, aumenta o custo de produção, o que acaba por refletir nos preços dos alimentos, das fibras, dos combustíveis e de todas as commodities. "O Brasil tem um grande potencial mineral a ser explorado, a Guerra da Ucrânia tem que servir como um marco para a modernização da exploração mineral de forma consciente e sustentável para que o país possa ser menos dependente de fertilizantes e cumprir sua missão de abastecer o mundo com alimentos, fibras e biocombustíveis", pontua Nolasco.

Para a Abramilho, certamente, os custos serão mais elevados, não apenas dos insumos diretos como defensivos, sementes e fertilizantes -- como também pelo aumento dos gastos com combustíveis, energia elétrica, frete e armazenagem, entre tantos outros. "O produtor rural, sobretudo o pequeno e médio, vem convivendo com quebras de safra -- devido a eventos climáticos adversos em sequência e ocorrência de pragas -, margens espremidas e perda de renda numa espiral de prejuízos", observa Cesário Ramalho, presidente institucional da Abramilho.

Ele lembra que o quadro já era complicado diante dos problemas provocados pela pandemia, em particular gargalos logísticos e interrupção das cadeias globais de fornecimento, e se agravou com a guerra no Leste Europeu. "O cenário de oferta limitada e reajuste de preços em torno dos fertilizantes serviu para escancarar o momento delicado", frisa Ramalho.

Muito além do etanol

Primeira usina de etanol brasileira que utiliza milho em 100% de sua produção, a FS, que iniciou sua operação em 2017, tem como atividade principal o etanol, mas também desenvolve produtos para nutrição animal, produz óleo de milho e gera bioenergia, comercializando o excedente.

Segundo Daniel Costa Lopes, vice-presidente executivo de Sustentabilidade e Novos Negócios da FS, a produção inicial de 280 milhões de litros saltou para 1,40 bilhão de litros em cinco anos. "Nossa missão é expandir para novas fronteiras o fornecimento de energia e alimentos de modo escalável e sustentável com excelência e agilidade na execução, tendo como visão nos tornarmos o maior produtor de combustível carbono negativo do mundo."

A terceira unidade da empresa, localizada em Primavera do Leste (MT), está em construção. A planta vai gerar uma média de 8 mil empregos indiretos durante as obras e 500 empregos diretos e indiretos quando estiver operando. A inauguração está prevista para 2023 e a capacidade total de produção será de 585 milhões de litros de etanol/ano. O investimento é de aproximadamente R? 2,3 bilhões.

Os planos de expansão da empresa incluem ainda outras três unidades industriais no estado do Mato Grosso, o que a fará atingir a marca de capacidade produtiva de 5 bilhões de litros de etanol por ano, aproximadamente.

Lopes explica que além do combustível, as usinas desenvolvem produtos para a nutrição animal e promovem cogeração de energia, com a venda dos excedentes. Para completar, as cinzas geradas no processo produtivo são misturadas com dejetos de aves e se transformam em adubo orgânico que volta para o campo como um fertilizante orgânico.

A geração de créditos de carbono é outro ponto mencionado pelo executivo. "A produção de etanol da FS, incluindo a terceira planta, em construção, pode evitar emissões de quase 3 milhões de toneladas de carbono por ano. Este número equivale a deixar de queimar 1,8 milhão de toneladas de carvão mineral. Trata-se de uma contribuição importante para o combate ao aquecimento global. Cada vez que se usa um litro do etanol, há uma redução de 80% de emissão de carbono, na comparação com a gasolina. Dentre as 220 usinas de etanol do Brasil, a planta de Lucas do Rio Verde, da FS, está em primeiro lugar (em consulta pública) em termos de pegada de carbono, com uma intensidade de carbono de 17 gCO2/MJ", exemplifica.

A empresa quer ir além. "Estamos trabalhando para instalar um processo de Captura e Estocagem de Carbono na planta de Lucas até 2024. Se tudo se materializar conforme o previsto, estocaremos 400.000 toneladas de carbono a 2km de profundidade do solo, reduzindo nossa pegada de carbono em 30gCO2/MJ, o que nos colocaria em uma posição de combustível carbono negativo", finaliza.
Fonte: RPA News
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