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Produção da China deve ficar estável com queda nas importações - Por: Mauricio Muruci
Queda forte nas importações deverá levar governo a leiloar estoques estratégicos do país em meio a estabilidade na produção interna; Demanda doméstica deve recuar 100 mil toneladas mantendo pressão de baixa nos estoques finais da China que deverão recuar 854 mil toneladas
Publicado em 01/11/2023 às 10h40
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Os dados mais recentes do USDA antecipando o relatório semestral de novembro e compilados pela SAFRAS & Mercado, mostram um cenário de disponibilidade de oferta mais apertada para a China nesta nova safra 2023/24 que começou agora em outubro. O grande destaque vai para a queda nas importações na faixa de 400 mil toneladas, quando comparamos os dados antecipados em outubro com os dados do último relatório semestral do USDA de maio, onde os volumes importados devem sair de 5,0 para 4,6 milhões de toneladas. Apesar da revisão negativa de 400 mil toneladas nas importações, frente a safra passada temos até uma alta de 800 mil toneladas na demanda externa chinesa por açúcar, com os volumes passando de 3,8 para 4,6 milhão de toneladas.

Logo, o mercado tem duas óticas de intepretação sobre as importações chinesas para esta safra nova. Por um lado, temos uma alta no ano de 800 mil toneladas mas, por outro, temos um ajuste de queda na alta que se estimava anteriormente de 400 mil toneladas, onde as importações da China em 2023/24 ao invés de serem de 5,0 milhões de toneladas [expectativa de maio de 2023] agora serão de 4,6 milhões de toneladas [dados mais recentes de outubro de 2023]. O USDA aponta que esta queda nas importações da China deve ocorrer diante da escalada de alta nos preços internacionais vista desde o final de março deste ano quando as cotações em Nova York saíram da média dos US$/cents 19,00 para os níveis atuais de US$/cents 27,00.

O USDA também aponta que os preços do açúcar no mercado interno da China estão oscilando no maior patamar desde 2012. Como produção interna se manteve inalterada em 10,0 milhões de toneladas entre as estimativas de maio e outubro deste ano, grande parte da pressão de baixa recai sobre os estoques finais. Porém a SAFRAS & Mercado alerta que apesar da estabilidade frente as estimativas de maio deste ano, o USDA mostra um crescimento de 1,04 milhão de toneladas na produção de açúcar frente a safra passada que fora de 8,96 milhões de toneladas. Então basicamente temos também um cenário bem divergente frente ao comparativo da safra passada e as primeiras estimativas para a esta temporada.

Por um lado, temos uma alta na oferta de 1,04 milhão de toneladas no ano, mas, por outro, temos uma estabilidade frente a primeira estimativa da safra nova. Isto é o mesmo que acontece com as importações que no ano avançam 800 mil toneladas, mas que frente aos primeiros números da temporada recuam 400 mil toneladas. Sobre os estoques finais os números se mostram mais alinhados. O USDA estima queda de 1,08 milhão de toneladas nos estoques finais desta safra comparados com a temporada anterior [recuando de 2,09 para 1,00 milhão de toneladas]. Frente aos primeiros dados de maio deste no o ajuste também é negativo, ainda que em escala menor, na faixa de 854 mil toneladas frente ao volume de 1,82 milhão de toneladas que se viam nos dados de maio.

Neste ponto o USDA aponta que a China deve começar a vender seus estoques estratégicos em um movimento que não acontecia desde 2016. Apesar disto a SAFRAS & Mercado lembra que as entregas físicas sobre o vencimento Outubro/23 em Nova York que foram recordes em 3,0 milhões de toneladas acabaram sendo destinadas todas para a China. Ou seja, temos então desde o mês anterior 65% do mercado de importações da China já contratado via entregas físicas sobre Outubro/23 da bolsa de Nova York, com 3,0 milhões de toneladas já compradas frente a perspectiva de importação de 4,6 milhão de toneladas restando ainda 1,6 milhão a ser contratada nos próximos meses. Pelo lado da produção o USDA comenta.
Maurício Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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