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Diferencial do hidratado cai cinco pontos porcentuais em maio - Por: Maurício Muruci
Diferencial de preços entre o etanol hidratado e o açúcar bruto de nova York oscila em 25,56% em maio; Entre abril e maio deste ano o diferencial de preços do etanol hidratado recuou 5,21 pontos porcentuais ao sair de -30,77% para -25,56%; Padrão de deságio do hidratado frente ao açúcar bruto é o menor desde abril de 2023 quando o biocombustível remunerava 23,71% menos que o açúcar; Redução na desvantagem do hidratado vem ocorrendo no mercado desde janeiro deste ano quando o biocombustível remunerava 45,20% menos que o açúcar; Para junho SAFRAS & Mercado estima redução ainda maior no diferencial para -20,38%.
Publicado em 03/06/2024 às 09h04
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O mês de maio foi um período de redução importante nos níveis de diferenciais entre os preços do etanol hidratado no mercado físico e o açúcar bruto de Nova York, ambos em centavos de dólar por libra-peso colocados dentro da usina. Esta redução da desvantagem do hidratado não é um evento isolado visto agora em maio, ela já vem sendo observada desde janeiro deste ano quando o mesmo remunerava 45,20% menos que o açúcar. De lá para cá, no acumulado de cinco meses, o hidratado já reduziu a sua desvantagem média mensal em relação ao açúcar bruto de Nova York em níveis importantes de 19,65 pontos porcentuais, uma tendência que não é nada desprezível ao mercado.

Neste sentido, olhando brevemente pela ótica do médio prazo, a SAFRAS & Mercado alerta que este movimento deverá se intensificar ainda mais, tanto pelas quedas do açúcar bruto em Nova York quanto pela tendência de alta que será observada nos preços do etanol hidratado no mercado físico brasileiro. Primeiramente o açúcar bruto de Nova York deverá manter os padrões de preços mais baixos que já vem apresentando ao mercado desde início de abril desde ano. Isto ocorrerá tanto pelos fundamentos da safra nova do Centro-Sul do Brasil quanto pelos fundamentos da safra corrente 2023/24 e da safra futura 2024/25 da Ásia.

A Ásia já vem apresentando aumentos produtivos em sua safra corrente diante das chuvas 20% acima do esperado entre janeiro e abril deste ano, que provocaram padrões de recuperação de produtividade dos canaviais na segunda metade da moagem da safra de cana local, após um ano anterior ter sido marcado por chuvas 6% abaixo da média histórica em função da sobreposição do El Niño com a temporada de chuvas de Monção de 2023. Já para a safra 2024/25 a recuperação produtiva vista na temporada 2023/24 deverá ser ampliada em função das chuvas 106% acima da média histórica. Estas ocorrerão em função da sobreposição do La Niña com a temporada de chuvas de Monção de 2024, que ocorre entre junho a setembro, com o La Niña ocorrendo de julho a setembro deste ano.

No Brasil a safra corrente de cana do Centro-Sul deverá se manter firme em 42 milhões de toneladas, mesmo com a quebra na safra de cana de 650 para 610 milhões de toneladas na região. Logo, tanto pelo Brasil quanto pela Ásia, os preços do açúcar bruto em Nova York deverão se manter negativamente pressionados ao longo do terceiro trimestre de 2024 em direção a base dos 18 cents e depois em tendência direta aos 17 cents. Neste meio tempo o etanol hidratado no Centro-Sul deverá ter caminho oposto: o da valorização. Isto ocorrerá também em função da quebra da safra 2024/25 de cana de açúcar do Centro-Sul do Brasil.

Como as usinas estão com tendência clara a manter firme a produção do açúcar bruto ao longo da temporada, mesmo em meio a uma quebra na safra de cana, o desconto natural deverá recair sobre o etanol hidratado, o qual permite capacidade de controle das usinas tanto da curva de oferta quanto da curva de demanda, através da gestão dos níveis de competitividade frente a gasolina. O objetivo das usinas é reduzir a produção de etanol hidratado para sobrar mais cana para a produção de açúcar mas, ao mesmo tempo, evitar que ocorra a escassez do hidratado, através da elevação dos preços de venda para as distribuidoras de modo a reduzir os níveis de competitividade e, consequentemente, da demanda. Haverá uma oferta menor de hidratado, mas os preços do mesmo serão mais elevados, compensando parcialmente a perda de receita.

Na visão da SAFRAS & Mercado as usinas evitarão também cortar a oferta de etanol anidro com receio de gerar preocupações ao governo no momento da aprovação no Senado do projeto de Lei Combustível do Futuro, o qual deverá aumentar a mistura do anidro a gasolina dos atuais 27,5 para 30% em 2025. Com isto, se mostra politicamente sensível ao setor permitir que a oferta do anidro seja reduzida neste ano, mesmo com a quebra de safra, o que aumentará a pressão de desconto sobre a produção do hidratado, resultando em maior pressão de alta sobre os preços deste ao mesmo tempo que reduz ainda mais o padrão de defasagem frente aos preços do açúcar bruto em Nova York.

De abril para maio a queda nesta defasagem [que foi iniciada em janeiro deste ano] fora de 5,21 pontos porcentuais. Isto ocorreu mesmo diante da baixa de 3,37% dos preços do etanol hidratado no mercado físico a qual fora ampliada para 3,91% pelo movimento de desvalorização do real frente ao dólar de 0,31% ao longo de maio. Porém, o grande detalhe para a queda no diferencial de preços do hidratado frente ao açúcar bruto fora a baixa nas médias do mesmo ao longo de maio em Nova York que, entre abril e maio, recuou 8,21%. Colocado dentro da usina, na modalidade PVU, com todos os descontos de frente, elevação e fobização, o açúcar bruto acabou tendo o seu desconto médio mensal sendo elevado para 11,07%, o qual não teve como competir com a queda vista no etanol hidratado de 3,91% já com a desvalorização cambial.

É interessante observar que o etanol hidratado teve um contrapeso dos preços do Cbios negociados na B3 que recuaram 1,35% entre abril e maio, ao passo que o açúcar teve seu padrão médio de basis pago em Santos para exportação de VHP praticamente estável em US$/cents 0,11. Para junho a expectativa da SAFRAS & Mercado é de nova redução dos diferenciais do hidratado frente ao açúcar da faixa atual de maio de -25,56% para -20,38%. Esta deverá ocorrer também em função do aumento dos preços do etanol hidratado em meio a queda nos preços do açúcar. No mês passado a SAFRAS & Mercado detinha a expectativa de diferenciais médios de -30% para o hidratado que se mostraram 4,44 pontos porcentuais mais baixos que os dados efetivos do período.
Maurício Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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