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Cristal recua 7% no ano em junho no mercado físico - Por: Maurício Muruci
Ampliação da oferta de curto prazo em função do andamento da safra corrente 2024/25 segue mantendo o cristal sob pressão sazonal de baixa desde maio; Julho deve ter leve movimento de alta nos preços em função do estresse climático que atinge os canaviais do Centro-Sul desde abril; Média de preços em R$ 134,81 veio em linha com a estimativa da SAFRAS & Mercado para o período em R$ 134,00
Publicado em 15/07/2024 às 11h06
Foto Notícia
O mercado físico de açúcar cristal teve o mês de junho marcado por preços mais baixos tanto no curto quanto no médio prazo. A média das vendas da saca de 50 kg ao longo de junho oscilou em R$ 134,81 para o cristal com até 150 Icumsa, um valor 7,43% menor do que o que se via no mesmo momento do ano anterior [com preços já corrigidos pela inflação] e 2,04% menores que os preços vistos frente ao mês imediatamente anterior.

O vetor de comparação somente veio positivo frente a média de longo prazo, de 5 anos sobre o mesmo período [também corrigida pela inflação], ainda que com alta moderada, beirando a estabilidade, na faixa de 0,74%.

Neste sentido podemos observar que o mês de junho foi um período negativo sobre os preços do açúcar cristal tanto no curto quanto no médio prazo junto a ganhos mínimos sobre a média de longo prazo, o que não deixou de ser um vetor negativo, visto que de janeiro a abril os preços correntes do cristal no mercado físico usualmente se posicionavam de 4% a 5% acima de sua média de 5 anos.

No mês anterior a SAFRAS & Mercado havia estimado preços médios sobre junho na faixa de R$ 134,00 a saca de 50 kg para o cristal com até 150 Icumsa, valor que se posicionou 0,60% abaixo da média efetiva do período em R$ 134,81 a saca de 50kg.

Para a média estimada sobre julho a SAFRAS & Mercado espera preços ao redor de R$ 136,00 a saca de 50 kg o que deverá representar ganhos sobre a média de junho de 0,88%. Apesar disto, no comparativo anual, frente aos preços já corrigidos pela inflação, deverá haver uma queda de 1,33%, junto a uma alta de 11,88% frente a média de 5 anos sobre o mesmo período. Por um lado, os preços atuais de junho se mostram depreciados em função da ampliação [mesmo que moderada] da moagem de cana da safra nova 2024/25.

Usualmente a temporada de moagem de cana no Centro-Sul atinge o seu ápice produtivo no mês de julho, o que deve manter a oferta de açúcar crescente ao longo deste mês que iniciamos. Mesmo assim a SAFRAS & Mercado projeta preços levemente mais altos sobre este período. Isto deverá acontecer diante das preocupações do mercado com os efeitos do tempo praticamente sem chuvas nos canaviais do Centro-Sul entre o início da segunda metade de abril e o final de junho.
 
Além disso, os mapas de chuvas acumuladas e projetadas sobre julho e agosto do Inmet mostram a continuidade do cenário de baixo volume de precipitações com déficits hídricos entre 10 a 50 mm sobre a maioria dos canaviais do Centro-Sul. Logo, a expectativa da SAFRAS & Mercado é de que o ápice de moagem da safra corrente 2024/25 seja atingido em julho [usualmente na segunda quinzena do mês] com fortes níveis de perda de qualidade nos canaviais, o que deverá gerar forte impacto negativo nos padrões de produtividade da cana.

Com isso, mesmo que a safra esteja estatisticamente em seu ápice de produção, a cana a ser processada no segundo semestre do ano terá padrões muito reduzidos de qualidade, impactando negativamente na produção dos derivados, entre eles os volumes de açúcar cristal no mercado físico. Logo, mesmo com a safra indo para o seu ápice, os preços deverão ter um suporte de alta claramente sólido antes mesmo que ela comece a sazonalmente declinar em seus volumes de cana processada a partir de agosto, quando a temporada corrente estiver se encaminhando para o seu término, em dezembro.

Ainda é cedo para apontar uma finalização antecipada da safra atual, principalmente quanto levamos em conta que os mapas de chuvas acumuladas previstas para setembro projetem o retorno das chuvas sobre os canaviais do Centro-Sul, mesmo que de forma moderada. Isto pode desacelerar o ritmo da moagem e provocar condições de melhora nos canaviais a serem colhidos no final do ano, deixando uma janela de moagem maior para as usinas que optarem por retomar a moagem após o breve período de recuperação dos canaviais entre outubro e novembro, já com trinta dias de chuvas acumuladas sobre estes.
Maurício Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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