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Hidratado tem alta de 10% no ano em agosto no físico - Por: Mauricio Muruci
Perspectiva da SAFRAS & Mercado para setembro é de novas altas no ano e na margem em função da quebra da entressafra, das queimadas em SP, dos efeitos da seca prolongada e da continuidade da demanda das distribuidoras acima de 1,85 bilhão de litros em agosto; Mercado deverá ser convergido para uma queda na produção de cana baixo de 600 milhões de toneladas no Centro-Sul
Publicado em 05/09/2024 às 10h15
Foto Notícia
O mês de agosto foi um período também marcado por uma forte dicotomia entre o comportamento de longo e o de curto prazo sobre o etanol hidratado negociado no mercado físico. Com uma dinâmica muito semelhante a observada sobre as cotações do açúcar bruto em Nova York, as primeiras duas semanas foram marcadas por preços mais baixos sendo que a terceira e a quarta semana de agosto foram marcadas por uma aceleração intensa nos preços. Isto explica o porque da média final de agosto para o hidratado com base em Ribeirão Preto, ao oscilar em R$ 3,11 o litro [com impostos] apresentou alta de 10,04% no ano, queda de 1,06% na margem [frente ao mês imediatamente anterior] e baixa de 7,21% frente a média de 5 anos sobre o mesmo período [tanto o comparativo anual quanto o da média de 5 anos com preços corrigidos pela inflação].

A primeira metade de agosto fora um período em que as distribuidoras ditaram mais o tom do mercado do que as usinas. Isto aconteceu porque observava-se até então que os dados quinzenais de moagem da Unica mostravam que o processamento de cana e a produção de derivados no Centro-Sul [entre eles o etanol hidratado] se encontravam em seu ápice da temporada, com os maiores níveis de produção da safra. Com base nisto as distribuidoras observaram que as usinas estavam passando por um processo de forte excedente de oferta de curto prazo, o que deixava a ponta compradora tranquila para adiar entradas no mercado de forma mais significativa.
Porém, já na segunda metade de agosto, mesmo sem os dados quinzenais da Unica, que atualmente versam apenas sobre a primeira metade do mês, o mercado observou que o ápice da temporada já tinha ficado para trás e que a cana da segunda metade da safra seria uma cana altamente impactada pela seca que vem desde abril deste ano, a qual se prolongará até o final de outubro. Com isso as distribuidoras começaram a se mostrar mais presentes na ponta de demanda formando a base inicial para novos avanços nos preços. Por fim, vieram os incêndios em São Paulo na virada da terceira para a quarta semana, o que causou forte impacto físico e “psicológico” na formação dos preços do açúcar no mercado internacional e do hidratado no mercado físico.

Além disso, logo na sequência, vieram os dados da Unica mostrando vendas fortes de hidratado das usinas para as distribuidoras na primeira metade de agosto que, de acordo com as projeções da SAFRAS & Mercado, colocam agosto com uma perspectiva de demanda final de 1,85 bilhão de litros, somente no Centro-Sul, considerando um dia a mais que o mês possui no calendário. Caso se confirme este volume, será um crescimento de 49% no ano e 1,79% na margem, frente a demanda de 1,80 bilhão de litros de julho. Todos estes vetores levam a SAFRAS & Mercado a projetar um crescimento de 2,42% na média de preços de setembro, projetada em R$ 3,18 o litro, contra a média de agosto que fora de R$ 3,11 o litro. No ano a alta de deverá ser de 11% junto a uma queda de 2% frente a média de 5 anos sobre o mesmo período, com ambos os referenciais corrigidos pela inflação.

Um breve ponto negativo aos preços do anidro é a questão das vendas nas bombas. Isto porque os dados da ANP relativos ainda ao mês de julho mostram uma redução na participação de demanda do hidratado no Ciclo Otto a qual saiu de 26,73% para 26,48% considerando a demanda de combustíveis leves [gasolina, etanol anidro e hidratado]. Embora no curto prazo tenha tido uma queda de 0,25 ponto porcentual, no ano o hidratado apresentou alta de 7,12 pontos porcentuais, enquanto a gasolina teve alta de 0,19 pontos porcentuais no curto prazo, com sua representatividade saindo de 57,46% para 57,66% entre junho e julho. Em termos absolutos o hidratado teve até um avanço no curto prazo, com a demanda nas bombas crescendo 1,17% de junho para julho, ao sair de 1,63 para 1,71 bilhão de litros que também representou alta de 47% no ano. Com isso a SAFRAS & Mercado alerta que todo o segundo semestre de 2024 e o primeiro de 2025 serão períodos de preços mais altos sobre o etanol hidratado, e que até mesmo o único vetor que se mostra com impacto negativo ao avanço dos preços [participação do Ciclo Otto] no fundo não é tão negativo assim.
Mauricio Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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