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Esqueça o asfalto tradicional! Estudo brasileiro utiliza cinza de bagaço de cana para melhorar ruas e estradas
Pesquisa inovadora da Universidade Estadual de Maringá propõe a substituição parcial do pó-de-pedra por cinza de bagaço de cana-de-açúcar na produção de asfalto. Os resultados indicam melhorias na resistência mecânica, redução de custos e aproveitamento sustentável de resíduos agroindustriais, apontando para um futuro mais ecológico na pavimentação de rodovias.
Publicado em 03/02/2025 às 10h41
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Pesquisa brasileira utiliza cinza de bagaço de cana para melhorar asfalto, aumentando resistência e reduzindo custos e impacto ambiental.
Em um mundo onde a busca por soluções sustentáveis se torna cada vez mais urgente, a engenharia civil brasileira dá um passo inovador que promete transformar a maneira como construímos nossas estradas.

Uma pesquisa recente revela uma alternativa surpreendente que pode revolucionar a pavimentação asfáltica, aliando eficiência e respeito ao meio ambiente.

Um estudo conduzido pelo engenheiro civil Vinícius Hipólito, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná, investigou o uso de cinzas do bagaço de cana-de-açúcar como substituto parcial do pó-de-pedra na produção de material asfáltico.

Os resultados indicam que essa substituição não apenas melhora a resistência mecânica do asfalto, mas também contribui para a redução do uso de agregados minerais e dos custos de produção.

Aproveitamento de resíduos agroindustriais

O bagaço de cana-de-açúcar é um subproduto abundante da indústria sucroalcooleira brasileira.

Tradicionalmente utilizado como fonte de energia nas usinas, sua queima gera uma quantidade significativa de cinzas que, muitas vezes, são descartadas sem um aproveitamento adequado.

A pesquisa de Hipólito propõe uma aplicação inovadora para esse resíduo, alinhando-se às práticas de economia circular e sustentabilidade.

Intitulada “Avaliação funcional e estrutural de um trecho experimental de asfalto modificado com cinza de bagaço de cana-de-açúcar”, a pesquisa foi aplicada em um trecho da rodovia BR-158, entre Campo Mourão e Maringá, no Paraná.

Nesse experimento, parte do pó-de-pedra utilizado na mistura asfáltica foi substituída pela cinza do bagaço de cana.

Os testes realizados demonstraram que o asfalto modificado apresentou desempenho mecânico superior ao convencional.

Benefícios observados

A substituição parcial do pó-de-pedra pela cinza de bagaço de cana resultou em diversas vantagens:

Melhoria na resistência mecânica: O asfalto tornou-se mais resistente às cargas aplicadas, aumentando sua durabilidade.

Redução de custos: A utilização de um resíduo abundante e de baixo custo contribuiu para a diminuição dos gastos na produção da mistura asfáltica.

Sustentabilidade: A iniciativa promove o reaproveitamento de resíduos agroindustriais, reduzindo o impacto ambiental associado ao descarte das cinzas e à extração de materiais naturais.

Reconhecimento internacional

A relevância da pesquisa foi reconhecida internacionalmente com sua publicação na revista Scientific Reports, que possui avaliação A1 no sistema Qualis, a mais alta para periódicos científicos.

Esse reconhecimento destaca o potencial da aplicação das cinzas de bagaço de cana na pavimentação e abre portas para futuras pesquisas e implementações em larga escala.

Parcerias e apoios

O estudo contou com o apoio da Conasa Infraestrutura, empresa de Londrina responsável pela administração de mais de 1.500 quilômetros de rodovias estratégicas para o escoamento logístico da safra de grãos do Mato Grosso para o mercado externo.

Vinícius Hipólito, que também atua como engenheiro na Conasa, destaca a importância da colaboração entre academia e indústria para o desenvolvimento de soluções inovadoras na infraestrutura viária.

Perspectivas futuras sobre o uso do bagaço de cana

A utilização de resíduos agroindustriais na construção civil apresenta um caminho promissor para a sustentabilidade no setor.

Além das cinzas de bagaço de cana, outros resíduos, como a cinza da casca de arroz, têm sido estudados por suas propriedades pozolânicas, podendo substituir parcialmente o cimento em materiais cimentícios.

Essas iniciativas contribuem para a redução do consumo de recursos naturais e das emissões de gases de efeito estufa associadas à produção de materiais de construção.

Desafios e considerações sobre o uso do bagaço de cana

Embora os resultados sejam promissores, a implementação em larga escala requer estudos adicionais para avaliar a viabilidade técnica e econômica em diferentes contextos.

É necessário considerar variáveis como a disponibilidade do resíduo, custos de transporte e processamento, além de possíveis impactos ambientais.

A normatização e padronização do uso de resíduos na pavimentação também são aspectos fundamentais para garantir a qualidade e segurança das rodovias.

A pesquisa de Vinícius Hipólito representa um avanço significativo na busca por soluções sustentáveis na engenharia civil.

Ao transformar um resíduo abundante em um componente valioso para a pavimentação, abre-se um novo horizonte para a construção de infraestruturas mais resistentes, econômicas e ambientalmente responsáveis.

A continuidade de estudos nessa área poderá consolidar práticas que beneficiem tanto o setor de transportes quanto o meio ambiente.
Alisson Ficher
Fonte: CPG - Click Petróleo e Gás
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