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Cinco setores do agro mais expostos a um eventual "tarifaço" de Trump contra o Brasil
Concorrentes em alguns produtos no mercado global, Brasil e Estados Unidos são parceiros comerciais em segmentos importantes
Publicado em 05/02/2025 às 09h31
Foto Notícia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem travando guerras comerciais neste início de mandato na Casa Branca. Em menos de um mês na cadeia, anunciou tarifas contra importações de produtos do México, Canadá e China, e sinalizou que pode taxas também a União Europeia. Para o Brasil, há quem veja riscos e oportunidades para a economia, de forma geral, e o agronegócio, de modo particular.

No agro, Brasil e Estados Unidos são concorrentes no mercado mundial de alguns produtos, como soja e algodão, por exemplo. Em outros, são parceiros comerciais. Os americanos são o segundo maior destino das exportações do setor, mostram as estatísticas do Ministério da Agricultura. Em 2024, foram 9,43 milhões de toneladas de produtos, que geraram uma receita de US$ 12,09 bilhões.

Os americanos são o segundo maior parceiro comercial do agro brasileiro, atrás apenas da China. No ano passado, a participação dos Estados Unidos no valor das exportações do setor passou de 5,9% para 7,4%. E, já sob o comando de Donald Trump, em meio a guerras comerciais e discussões sobre imigração, o país abriu as portas para o feno, erva-mate e flor seca de cravo-da-índia do Brasil.

Pelo menos por enquanto, o Brasil parece não estar na mira do “tarifaço” de Trump, mas deve ficar atento, porque não deve ficar imune, como avaliou o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR). “Acho que vai ter [tarifa]. É natural que aconteça, é perfil dos americanos o protecionismo ao mercado deles. Vamos ter que enfrentar.”

Se acontecer, setores importantes do agronegócio brasileiro podem ficar expostos à política protecionista do presidente norte-americano. Saiba quais são os principais dessa lista tomando por base o valor das exportações em 2024.

Produtos florestais

Como grupo de produtos, o segmento que reúne madeira, celulose e papel foi o que mais faturou com as exportações aos Estados Unidos no ano passado. A receita foi de US$ 3,73 bilhões, o equivalente a 30,88% do total, informa o Agrostat, serviço de estatísticas do Ministério da Agricultura. O volume exportado foi de 4,9 milhões de toneladas, 52,2% de toda a quantidade embarcada pelo agro nacional para o mercado americano.

A celulose lidera. Como produto, individualmente, é o segundo mais embarcado. No ano passado, foram 3,02 milhões de toneladas, 32,1% de todo o volume de exportações. A receita foi de US$ 1,68 bilhão, 13,94% do total. Outro destaque no segmento florestal é a madeira perfilada, quinto na pauta de exportações. Em 2024, informa o Agrostat, foram 252,59 mil toneladas (2,68% do total) e US$ 480,94 milhões (3,98%). O papel é o número 11 da lista geral, com 203,91 mil toneladas (2,16%) e US$ 267,03 milhões (2,21%).

Café

Maior produtor e exportador de café do mundo, o Brasil tem nos Estados Unidos seu principal cliente. Levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que os americanos foram o destino de 16,1% do volume embarcado do produto no ano passado. As remessas cresceram 34% em comparação com 2023.

Considerando a pauta total de exportações do agro brasileiro para o país, o café, como segmento, representou 5% do volume embarcado, totalizando 471,53 mil toneladas, ou 7,85 milhões de sacas de 60 quilos, de acordo com o sistema Agrostat, do Ministério da Agricultura. Em receita, a participação foi de 17,16%. Os exportadores contabilizaram US$ 2,07 bilhões.

Como produto, individualmente, o café verde (em grão) é o líder do ranking das exportações do agro do Brasil para os Estados Unidos, superando a celulose, o suco de laranja e a carne bovina in natura. Em 2024, os produtores e exportadores de café mandaram para o mercado americano 453,23 mil toneladas, o equivalente a 7,55 milhões de sacas de 60 quilos.

As exportações de café solúvel somaram 17,4 mil toneladas, com um faturamento de US$ 172,88 milhões. E as de café torrado e moído totalizaram 807 toneladas, com uma receita de US$ 5,46 milhões.

Carnes

Em terceiro lugar entre os principais grupos de produtos, está o das carnes. No agregado, o sistema Agrostat mostra embarques de 248,5 mil toneladas, ou 2,63% do total exportado para os Estados Unidos. Em receita, foram US$ 1,4 bilhão, ou 11,65% do faturamento total do ano passado.

A carne bovina in natura é líder das exportações do segmento. O volume embarcado foi de 189,24 mil toneladas, com um faturamento de US$ 942,73 milhões. As exportações de carne bovina industrializada somaram 38,08 mil toneladas, com uma receita de US$ 393,55 milhões. Em terceiro lugar no grupo carnes, aparece a suína in natura, com exportações de 18,43 mil toneladas e uma receita de US$ 59,4 milhões.

Suco de laranja

Como segmento de produtos, o de sucos é o quarto da pauta de exportações do agro do Brasil para os Estados Unidos. O volume de 1,32 milhão de toneladas representou 14,06% de tudo o que o foi embarcado no ano passado. O faturamento dos exportadores foi de US$ 1,19 bilhão, 9,87% do total.

O amplo domínio neste segmento é do suco de laranja, produto em que brasileiros e americanos são também concorrentes no mercado internacional. Nos últimos anos, a cadeia produtiva dos Estados Unidos, concentrada no Estado da Flórida, sofreu perdas de produção, principalmente por causa do avanço de doenças como o greening, considerado a principal ameaça à citricultura global.

Neste cenário, o suco de laranja do Brasil também ocupa espaço no mercado americano. No ano passado, foram 1,21 milhão de toneladas, 12,9% do volume embarcado de produtos do agro brasileiro para o país. O faturamento foi de US$ 1,04 bilhão, 8,65% do total.

Complexo sucroalcooleiro

O quinto grupo de produtos do agro com maior faturamento nas exportações para os Estados Unidos é o complexo de açúcar e etanol. Em 2024, o segmento respondeu por 14,65% do volume enviado, com 1,38 milhão de toneladas. A receita foi de US$ 794,28 milhões, o equivalente a 6,57% do total.

Dentro do setor, o principal produto exportado é o açúcar bruto. No ano passado, os embarques foram de 883,36 mil toneladas, ou 9,36% do total, com um faturamento de US$ 44,2,02 milhões (3,66% do total). O álcool etílico aparece em seguida, com 247,77 mil toneladas enviadas e US$ 181,82 milhões em receita. Depois, vem o açúcar refinado, com 283,58 mil toneladas e uma receita de US$ 164,25 milhões.
Raphael Salomão
Fonte: Globo Rural
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