União Nacional da Bioenergia

Este site utiliza cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência. Ao continuar navegando
você concorda com nossa política de privacidade. Política de Privacidade

Com guerra tarifária, projeto prevê ‘clareza de reação’ na defesa de barreiras comerciais
Proposta de senadora Tereza Cristina tem colaboração do Itamaraty e pode ser analisada em regime de urgência, após ação dos EUA
Publicado em 06/03/2025 às 14h26
Foto Notícia
Senadora Tereza Cristina quer endurecer resposta do Brasil a barreiras comerciais
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Em meio ao anúncio de tarifas pelos Estados Unidos e da entrada em vigor das exigências ambientais da União Europeia em breve, o Senado pode analisar em regime de urgência a proposta que cria mecanismos legais para o governo brasileiro retaliar eventuais barreiras comerciais ou medidas protecionistas que afetem a competitividade de produtos nacionais no comércio internacional.

O texto da senadora de oposição Tereza Cristina (PP-MS) mira a defesa comercial de todos os bens e produtos brasileiros - não só do agronegócio - em termos econômicos e ambientais. O projeto prevê “clareza de reação” pelo governo e permite a adoção de “mecanismo crível” para combater travas e protecionismo.

Construída com a colaboração do Itamaraty, a proposta foi inspirada na legislação americana e dá poderes à Câmara de Comércio Exterior (Camex) para suspender concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a ações - políticas ou práticas unilaterais - de países ou blocos econômicos que impactam negativamente a competitividade internacional dos produtos brasileiros.

Diferentemente do texto original do projeto de lei do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), que trazia o conceito de reciprocidade ambiental e criava barreiras para produtos de países com leis e níveis de preservação menores que os do Brasil, o substitutivo da ex-ministra da Agricultura a esse texto prevê uma reação formulada de maneira “compassada” e que deixe “aberto o espaço para negociação”. O objetivo é evitar um caráter punitivista contra o parceiro comercial e não criar um ambiente para o aumento da guerra tarifária, com retaliações a produtos brasileiros.

O tema ganhou força em meio ao acirramento da guerra comercial assumida pelo presidente americano, Donald Trump. Ele anunciou tarifas a países exportadores, como China, Canadá e México, e fez novas ameaças ao Brasil nesta semana.

A paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a inexistência de outros organismos isentos para avaliar disputas comerciais também pressionam o Brasil, pois há um “vácuo legislativo” no ordenamento jurídico brasileiro para enfrentar os variados tipos de barreiras, argumenta Tereza em seu substitutivo.

"Protecionismo disfarçado"

A proposta também quer proteger os interesses nacionais de “medidas unilaterais” com vertentes ambientais e que extrapolam a legislação daqui, como a Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR). A iniciativa é chamada de “protecionismo disfarçado” pela senadora, que alerta para os custos elevados de comprovação das exigências feitas pelo regulamento que entra em vigor no fim do ano.

A senadora articula a urgência para a votação. A depender da pressão das medidas adotadas por Trump, o governo brasileiro pode encampar a ideia e apresentar as regras por medida provisória, com vigência imediata, apurou o Valor.

Essa matéria estabelece uma salvaguarda para o comércio exterior, protege a exportação de produtos brasileiros de medidas abusivas. Surgiu para responder às ameaças de barreiras sanitárias, ambientais e comerciais da Europa sobre os nossos produtos, mas agora nós temos aí os Estados Unidos também tratando desse tema
— Tereza Cristina

O projeto estabelece critérios para a intervenção da Camex em resposta a três tipos de ações de outros países: “que interfiram nas escolhas legítimas e soberanas do Brasil, por meio de ameaça ou aplicação de medidas comerciais e de investimentos; que violem ou prejudiquem benefícios ao Brasil sob qualquer acordo comercial; e que configurem medidas unilaterais com base em requisitos ambientais que sejam mais onerosos do que os parâmetros, normas e padrões de proteção ambiental adotados pelo Brasil”, em clara oposição à EUDR.

Medidas

O texto autoriza o Conselho Estratégico da Camex (CEC) a adotar contramedidas, como restrições às importações de determinados produtos ou a suspensão de concessões, de forma isolada ou cumulativa. A indicação é que elas sejam “proporcionais ao impacto econômico” causado ao Brasil pelas ações iniciais dos países-alvo.

As etapas de implementação dessas ações ou contramedidas deverão ser definidas em regulamentação posterior, mas terão que prever consultas públicas para manifestação dos interessados, prazos para análise do pleito específico e sugestão de contramedidas.

A proposta de lei ainda determina a realização de consultas diplomáticas, coordenadas pelo Ministério das Relações Exteriores, para “mitigar ou anular os efeitos das medidas e contramedidas”. Já a Camex deverá estabelecer mecanismos para monitorar periodicamente os efeitos das contramedidas adotadas e a evolução das negociações.

O texto ainda precisa ser votado nas comissões de Meio Ambiente e na de Assuntos Econômicos do Senado antes de ir para a Câmara.
Rafael Walendorff e Caetano Tonet
Fonte: Globo Rural
Fique informado em tempo real! Clique AQUI e entre no canal do Telegram da Agência UDOP de Notícias.
Notícias de outros veículos são oferecidas como mera prestação de serviço
e não refletem necessariamente a visão da UDOP.
Mais Lidas