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Excedente de produção deve pressionar preços do açúcar em 2024/25
Superávit será registrado após três safras consecutivas de déficit na oferta mundial
Publicado em 12/03/2025 às 16h36
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O mercado global de açúcar deve encerrar um ciclo de três safras de déficit de oferta e preços sustentados e entrar agora nesta temporada internacional 2024/25, que começou em outubro, em um período de excedente de produção no mundo, o que tende a pressionar os preços para baixo. Esta é a visão de boa parte das consultorias e tradings, que participaram da 9ª Abertura de Safra de Cana, Açúcar e Etanol da Datagro.

As perspectivas são calcadas na visão de uma maior produção no Centro-Sul do Brasil e no sudeste asiático, reforçadas pelas posturas dos fundos de hedge que passaram a liquidar posições em commodities diante da escalada da guerra comercial empreendida pelos Estados Unidos.

A Datagro projeta um excedente de 2,58 milhões de toneladas de açúcar no mercado global, após um déficit de 3,12 milhões de toneladas na safra 2023/24. Já a Hedgepoint Global Markets prevê um superávit de 3 milhões de toneladas neste ciclo.

Na visão da Datagro, a Índia deve produzir 26 milhões de toneladas na safra atual, abaixo do consumo doméstico, e elevar esse volume para até 32 milhões de toneladas na próxima, com o aumento da área de plantio de cana. Já a Hedgepoint estima uma produção de 30 milhões de toneladas já nesta safra, já considerando que 4 milhões de toneladas serão convertidas para a produção de etanol.

O governo indiano criou uma cota de exportação de 1 milhão de toneladas de açúcar nesta safra, e até levantou dúvidas no mercado sobre a capacidade do país de cumprir com esse volume, dado que há um déficit interno. Porém, as usinas indianas já se comprometeram com o embarque de 750 mil toneladas, e Carlos Mello, head de açúcar da Hedgepoint, acredita que de fato a cota será cumprida.

A Tailândia, por sua vez, vem aumentando sua produção desde a safra passada. Segundo Bruno Wanderley, líder de conteúdo da Datagro Recife, o plantio da cana tem se mostrado mais remunerador do que o da mandioca e do milho, cujos preços caíram, o que vem estimulando o plantio da cana. Além disso, o clima tem sido mais favorável, o que está melhorando as perspectivas para a produtividade da cana. A Datagro prevê uma produção de 10,5 milhões de toneladas de açúcar no país.

Já a União Europeia, que é mais voltada à produção de açúcar branco, deve diminuir sua produção nesta safra diante da queda do preço relativo do açúcar branco em comparação com o açúcar bruto e das restrições ao uso de agrotóxicos neonicotinoides nas lavouras de beterraba, segundo Wanderley.

A China, por sua vez, que é uma grande importadora de açúcar, ampliou o cultivo de beterraba e cana-de-açúcar para produção doméstica de açúcar, e consequentemente tem diminuído seu apetite por importações, o que segundo os analistas deve ajudar a exercer pressão sobre os preços.

Ciclo de baixa

Mello, da Hedgepoint, acredita que o ciclo de baixa dos preços internacionais do açúcar deve durar dois anos, para depois ser revertido para um novo ciclo de alta. Ele lembra que os ciclos de baixa recentes foram interrompidos pela decisão das usinas brasileiras em produzirem mais etanol para anteder à demanda local pelo biocombustivel. Porém, Rodrigo Ostanello, líder de açúcar para as Américas da trading ED&FMan, avalia que esse ciclo de preços baixos do açúcar no mercado internacional pode durar mais por causa da oferta de etanol de milho no Brasil.

Alguns fatores de curtíssimo prazo, porém, podem dar algum suporte aos preços, como a logística de escoamento do açúcar do Brasil. Ulysses Carvalho, trader sênior da Sucden, ressalta que a colheita de grão do Brasil deve ser maior nesta safra, apertando os corredores logísticos. "E o mundo tem uma grande dependência do Brasil no mercado mundial de açúcar", ressaltou.

Wanderley, da Datagro, questiona ainda até que ponto os outros países com grande produção de açúcar vão continuar sustentando sua oferta, já que o preço já começa a ficar abaixo do custo de produção de muitos deles. Atualmente, o Centro-Sul do Brasil tem o menor custo de produção, em torno de 15 centavos de dólar a libra-peso.
Camila Souza Ramos
Fonte: Globo Rural
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