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Brasil e Alemanha podem acelerar a transição energética global juntos
Publicado em 17/04/2025 às 16h19
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Brasil e Alemanha estão entre os melhores candidatos para um modelo que pode fazer a diferença na urgente transição energética global: o desenvolvimento de novas formas de cooperação bilateral, com a implantação de projetos de descarbonização com base nas particularidades de cada país e na complementaridade entre as duas nações.

Na Alemanha, os combustíveis fósseis ainda representam cerca de 78% da matriz energética. Isso mostra que, apesar dos investimentos expressivos em fontes renováveis nas últimas duas décadas, o país precisa de ações mais abrangentes para alcançar suas metas climáticas, como a ampliação da capacidade produtiva em regiões com abundância de renováveis e a promoção de um mercado local de produtos fabricados com baixas emissões, inclusive provenientes de outros países.

O Brasil, por outro lado, tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e ainda dispõe de amplo potencial não aproveitado de fontes renováveis, cujo custo pode ser competitivo. Conta também com infraestrutura relativamente robusta e recursos naturais, como água, diversas matérias-primas, incluindo minerais críticos, entre outras características fundamentais para a maioria das atividades produtivas.

Essas condições favorecem a expansão da produção industrial brasileira com baixas emissões de carbono, impulsionando o seu desenvolvimento e a criação de empregos de qualidade. Ao mesmo tempo, a compra, pela Alemanha, de itens verdes - como ferro e aço, fertilizantes e combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), entre outros - pode auxiliá-la na questão climática e fortalecer sua segurança energética - reduzindo sua dependência do gás natural russo. Acordos comerciais podem aumentar a resiliência industrial das duas nações, por meio da diversificação das cadeias de abastecimento e da expansão da rede de fornecedores.

Direcionadores estratégicos alemães e brasileiros no rumo da transição também se complementam. Enquanto a Alemanha já dispõe de um arcabouço bem estruturado em termos de políticas governamentais e regulações climáticas, o Brasil está desenvolvendo múltiplas iniciativas com oportunidades de integração.

Em termos de incentivos financeiros, o país europeu conta com políticas e mecanismos avançados para apoiar a descarbonização, enquanto o Brasil está expandindo estratégias nessa direção - o fato de o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) ser o maior financiador de projetos de energia renovável do mundo mostra que potencial não falta.

Quanto à tecnologia, ambos os países têm se voltado para a economia circular, seja em termos de reciclagem de automóveis e usinas eólicas na Alemanha, seja no desenvolvimento de novas políticas como a Estratégia Nacional de Economia Circular por aqui. Por fim, ambos precisam enfrentar o desafio de desenvolver mercados de produtos verdes em meio a pressões econômicas e restrições fiscais.

Evidentemente que, apesar dos potenciais benefícios para os dois lados, trata-se de um processo desafiador, tendo em vista a abrangência de aspectos considerados nas relações comerciais. Dentre os desafios, destaca-se a necessidade de harmonizações regulatórias para facilitar o comércio e mitigar os riscos associados ao CBAM (Mecanismo de Ajuste de Carbono nas Fronteiras, uma forma de taxação de carbono na fronteira da UE). As parcerias também podem exigir ações colaborativas para resolver lacunas de infraestrutura, desafios logísticos e escassez de mão de obra qualificada.

Mas há espaço para otimismo: a tese vem despertando bastante interesse dos alemães e de outros europeus, como pudemos observar no Berlin Energy Transition Dialogue 2025, do qual participamos no mês passado, e em outras oportunidades de diálogo. É crescente a consciência de que a cooperação internacional tem potencial mais significativo em favor da descarbonização do que as iniciativas prioritariamente isoladas conduzidas até agora. É também uma possibilidade de diversificação de parceiros comerciais e rotas produtivas que pode proporcionar maior segurança aos suplly chains. Ao explorar o melhor de cada um em condições justas, é possível aumentar a velocidade e a eficiência dos processos, inclusive em termos de desenvolvimento de novas tecnologias, beneficiando ambas as partes e, no limite, todo o planeta.
Rosana Santos e Stefania Relva
Fonte: UOL
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