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Tarifas de Trump levam FMI a reduzir previsão de crescimento global para 2,8%
Publicado em 23/04/2025 às 08h44
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O crescimento econômico global vai desacelerar nos próximos meses em consequência da guerra tarifária iniciada pelo presidente americano Donald Trump, com os EUA diante de uma “significativa desaceleração”, segundo alertou ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI). O Fundo agora estima um crescimento de 2,8% para a economia global este ano, de uma previsão de 3,3% em janeiro.

As tarifas aplicadas pelos EUA ameaçam a estabilidade do sistema financeiro global ao adicionar incertezas que poderão provocar “choques negativos de oferta” que resultarão em “perda de produtividade agregada, menor atividade econômica, custos de produção mais altos e aumento dos preços”, disse Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do FMI durante a apresentação do relatório World Economic Outlook (WEO).

“Os riscos para a economia global aumentaram e estão firmemente voltados para o lado negativo”, continuou Gourinchas. “Estamos entrando em uma nova era. O sistema econômico global que operou nos últimos 80 anos está sendo redefinido.”

As novas previsões do FMI se baseiam nas tarifas anunciadas até 4 de abril, quando Trump impôs tarifas mais altas para quase todos os parceiros comerciais dos EUA. Muitos desses aumentos foram suspensos por 90 dias, mas o Fundo avalia que é improvável que isso alivie seu impacto global, uma vez que as tarifas sobre a China subiram significativamente desde então, assim como as tarifas da China sobre as importações dos EUA.

“Essa pausa, mesmo que estendida indefinidamente, não altera significativamente o cenário global em comparação com a projeção de referência. Isso ocorre porque a taxa geral de tarifas efetivas entre EUA e China continua elevada, mesmo com alguns países inicialmente muito tarifados agora sendo beneficiados, enquanto a incerteza política induzida não diminuiu”, aponta o WEO.

Trump afirma que as tarifas vão trazer mais riqueza aos EUA, porém, o FMI vê uma desaceleração da maior economia do mundo para 1,8% este ano, de 2,7% em janeiro — com as tarifas respondendo por 0,4 ponto percentual dessa queda. Mesmo assim, os EUA continuarão sendo a economia do G7 com crescimento mais rápido neste ano, embora a um ritmo bem inferior à expansão de 2,8% do ano passado.

Gourinchas disse que a probabilidade de uma recessão nos EUA aumentou para ao redor de 37% em comparação com 25% estimados em janeiro. “O maior risco que temos pela frente é que pode haver uma nova escalada nas tarifas e nas tensões comerciais”, disse ele. “Há também o risco de as condições financeiras se tornarem muito mais restritivas do que já se tornaram.”

A projeção do FMI para a inflação dos EUA para 2025 foi revisada para cima, de 2% para 3%.

O México, por sua forte integração com a economia dos EUA, será um dos mais afetado pelas tarifas de Trump, com o FMI agora prevendo uma contração econômica de 0,3% este ano, de uma expansão de 1,4% estimada em janeiro. A projeção para o Canadá, por sua vez, foi reduzida em 0,6 ponto percentual, para 1,4% este ano.

Paradoxalmente, o impacto das tarifas de Trump sobre a economia da China provavelmente será um pouco menor. O FMI cortou sua previsão de crescimento para a China em 0,6 ponto, para 4% este ano, um ponto percentual abaixo da meta oficial de 5% de Pequim. A pressão deflacionária continuará a pesar sobre a economia chinesa, com o FMI prevendo uma inflação próxima a zero este ano.

“O impacto das tarifas na economia chinesa será de 1,3 ponto percentual, mas há outros fatores que estão ajudando a sustentar o crescimento da China... um deles é o suporte fiscal anunciado no início do ano”, disse Gourinchas.

Para a zona do euro, o FMI agora prevê um crescimento de 0,8% este ano, ante 1% em janeiro. A economia da Alemanha, a maior da Europa, deve ficar estagnada este ano, de 0,3% em janeiro. A previsão de crescimento para a França caiu para 0,6%, de 0,8% em janeiro.

Para a inflação global, o FMI revisou em 0,1 ponto percentual para cima as estimativas para os próximos dois anos, que agora são de 4,3% em 2025 e 3,6% em 2026. Para economias avançadas, a projeção de inflação para 2025 foi aumentada em 0,4 ponto percentual para 2,5% e em 2026 a alta foi de 0,2 ponto percentual para 2,2%.

Desde o início da guerra comercial, ações nas bolsas americanas, o dólar e títulos do Tesouro dos EUA de longo prazo têm enfrentado forte pressão, renovada ontem após Trump intensificar apelos para que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) corte as taxas de juros, aumentando as preocupações dos investidores sobre a independência do banco central e os rumos da maior economia do mundo.

Questionado sobre o impacto de possíveis ações da Casa Branca para retirar o presidente do Fed, Jerome Powell, do cargo por conta de discordâncias com Trump sobre a política monetária americana, Gourinchas afirmou que é “absolutamente crucial” que os bancos centrais possam manter sua independência para preservar sua credibilidade no combate à inflação.
Pedro Borg
Fonte: Globo Rural
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