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Importações menores de soja chinesa devem causar surpresa
Publicado em 15/05/2025 às 10h41
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As importações de soja da China caíram recentemente para uma mínima de 12 anos, e estimativas comerciais sugerem que o ritmo geral de consumo ainda pode ser lento em meados do ano.

Mas o principal fornecedor, o Brasil, colheu uma safra recorde e seus volumes de exportação mais recentes para a China atingiram níveis recordes.

Então como tudo isso se encaixa?

Primeiro, os dados de importação de soja da alfândega chinesa não estão alinhados recentemente com os dados de exportação dos fornecedores, tanto que o Departamento de Agricultura dos EUA parou de usar os dados da alfândega da China para suas estimativas no ano passado.

E em uma reviravolta um pouco satisfatória para os exportadores de soja dos EUA, os compradores chineses podem ter conseguido usar algumas cargas extras de soja dos EUA há vários meses, durante o pico da temporada de embarques nos EUA.

Mas pode não ser o caso desta vez.

RESUMO DO CENÁRIO

A alfândega da China relatou importações de soja de março a abril em apenas 9,6 milhões de toneladas métricas, queda de 32% no ano e a menor para o período desde 2013.

Isso manteve as importações totais da China nos primeiros sete meses de 2024-25 no menor nível em seis anos.

O ritmo lento se deve, em parte, aos longos prazos de desembaraço aduaneiro, algo não necessariamente novo para os importadores chineses. O Brasil também colheu recentemente uma safra recorde de soja, mas atrasos na colheita e problemas logísticos atrasaram o aumento das exportações, que normalmente começa em fevereiro.

Os embarques do Brasil para a China entre fevereiro e abril ainda atingiram um recorde histórico, cerca de 13% a mais que o recorde do ano passado.

Mas desde o início do ano comercial dos EUA em setembro, as exportações de soja dos EUA para a China atingiram o menor nível em 12 anos, com exceção dos dois anos anteriores de guerra comercial. Além disso, os volumes brasileiros para a China entre setembro e janeiro caíram quase 40% em relação ao ano anterior.

Isso pode explicar alguns dos números surpreendentemente baixos de importações chinesas, que prejudicaram o processamento doméstico e restringiram o fornecimento de farelo de soja. Talvez os compradores chineses tenham sido negligentes demais na expectativa da safra monstruosa do Brasil, e algumas compras adicionais dos EUA podem ter preenchido algumas lacunas.

Dadas as discrepâncias nos dados comerciais, porém, os analistas devem monitorar os números mensais da alfândega chinesa para garantir que os recentes recordes de remessas estejam realmente aparecendo nos dados.

PREVISÕES CONFLITAM

Analistas estimam que as importações de soja da China em maio e junho chegarão a cerca de 11 milhões de toneladas cada, registrando um novo recorde para o período, um aumento de 3% em relação ao ano passado.

Mas isso ainda manteria as importações acumuladas no ano em níveis mínimos de seis anos, faltando apenas três meses para o fim do ano comercial. Isso é um tanto peculiar, visto que a China responde por mais de 70% das exportações de soja do Brasil, que devem atingir níveis recordes este ano.

As exportações recordes do Brasil podem de fato superar as previsões da China, especialmente porque o início tardio do Brasil e uma possível desaceleração em maio significam que os volumes elevados de exportação podem persistir até meados do ano.

Esta semana, a China aumentou sua estimativa de importação de soja para 2024-25 de 94,6 milhões de toneladas para 98,6 milhões de toneladas.

A nova perspectiva para 2024-25 permitiria que as importações chinesas de julho a setembro caíssem 9% em relação ao recorde do ano anterior, considerando as estimativas dos analistas para maio e junho. Isso não condiz exatamente com a narrativa robusta das exportações brasileiras.

O USDA estima as importações da China em 2024-25 em 108 milhões de toneladas, abaixo dos 112 milhões do ano anterior. A agência vem mantendo os números de importação acima dos oficiais chineses há alguns anos, já que dados de exportadores sugerem que os números da China são muito baixos.

E, de fato, elas têm sido muito baixas, como evidenciado pelo aumento na meta de importação da China para 2024-25, divulgada pela primeira vez há um ano. A estimativa ainda pode ser baixa, já que os números de importação da China nas últimas duas temporadas aumentaram ainda mais em relação a 2023-24, em mais 9%.

Mas é aqui que as notícias podem ficar sombrias para os exportadores de soja dos EUA.

O início tardio dos embarques no Brasil significa que os volumes elevados podem se estender até setembro ou outubro, quando a temporada de soja nos EUA geralmente começa a se desenvolver. Esse fenômeno reduziu o potencial de exportação dos EUA nos últimos anos.

Essa situação pode ser ótima para a China em seu esforço para reduzir a dependência da soja americana, potencialmente oferecendo a Pequim vantagem na guerra comercial com Washington.
Fonte: Reuters
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