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Mesmo com o avanço na oferta de etanol de milho, a oferta total de etanol se encontrará depreciada a partir de janeiro com o aprofundamento da entressafra da cana. Colabora para este cenário a manutenção dos padrões elevados de demanda entre os feriados prolongados de Natal, ano novo e carnaval, no final do primeiro trimestre de 2025, que coincidirá com o final da entressafra de cana, onde os preços do etanol estarão ainda mais pressionados.
    
O mês de dezembro foi um período de nova ampliação dos prêmios do açúcar cristal com até 150 Icumsa sobre os preços médios do etanol anidro e hidratado, convertidos para equivalente a açúcar cristal, cotados em reais por saca de 50 kg. Entre novembro e dezembro a vantagem dos preços do açúcar sobre o etanol subiu de 78% para 82%, com um avanço de quatro pontos porcentuais.

Um detalhe é que para dezembro de 2024 a SAFRAS & Mercado esperava uma vantagem ainda maior sobre o açúcar cristal, na faixa de 92%, a qual acabou sendo nove pontos porcentuais acima da expectativa da SAFRAS & Mercado para o período. Para janeiro de 2025 a SAFRAS & Mercado projeta a manutenção da vantagem dos preços do açúcar cristal frente aos do etanol na faixa de 73%, com uma baixa de quase nove pontos porcentuais frente aos prêmios vistos agora em dezembro.

Esta redução dos prêmios esperada pela SAFRAS & Mercado entre dezembro e janeiro de 82% para 73% deverá ocorrer diante de ganhos mais intensos a serem vistos sobre os preços do etanol hidratado que os do açúcar. Ainda que ambos devam apresentar altas em seus preços médios ao longo do mês, o etanol possui um potencial para ganhos bem mais intensos que o açúcar. 

Entre dezembro e janeiro o etanol hidratado e o anidro, quando convertidos de seus preços em reais por litro para equivalentes a reais por saca de 50 kg de cristal com até 150 Icumsa, deverão ter ganhos respectivos de 9% e 7% que resultarão em uma média de avanço de 8%. Neste meio tempo a SAFRAS & Mercado projeta ganhos bem mais modestos sobre o açúcar cristal no mercado físico, de apenas 3%.

Isto explicará a redução dos prêmios do cristal sobre o etanol no mercado físico de 82% para 73% entre dezembro e janeiro, o que manterá o primeiro mês de 2025 com uma perspectiva de renumeração sobre o cristal não tão elevada quanto o que se esperava, ainda que a vantagem deste seja mantida. Neste sentido temos o etanol hidratado enfrentando um padrão de escassez em sua disponibilidade de oferta com o forte nível de avanço da entressafra de cana.

O grande detalhe é que, mesmo com o avanço na oferta de etanol de milho, a oferta total de etanol se encontrará depreciada a partir de janeiro com o aprofundamento da entressafra da cana. Colabora para este cenário a manutenção dos padrões elevados de demanda entre os feriados prolongados de Natal, ano novo e carnaval, no final do primeiro trimestre de 2025, que coincidirá com o final da entressafra de cana, onde os preços do etanol estarão ainda mais pressionados.

Na outra ponta teremos o açúcar cristal com claras limitações em novos avanços nos preços visto que 90% da demanda de final de ano e do primeiro trimestre já fora contratada pelas indústrias compradoras. Logo o mercado de açúcar cristal encontra um cenário em que mesmo que a sua oferta esteja sazonalmente reduzida pela entressafra de cana, a sua demanda também se encontrará com elevados graus de limitação de curto a médio prazo, visto que muitas indústrias compradoras realizaram ainda em novembro as suas compras e os seus contratos de fornecimento para, no mínimo, todo o primeiro trimestre de 2025, com várias indústrias tendo deixado acertados até mesmo contratos de fornecimento para o primeiro semestre inteiro do ano que vem.

Como as perspectivas para a safra futura são muito positivas em termos de melhoramento da cana, recuperação da seca do ano anterior e do avanço do volume de cana a ser processada [620 milhões de toneladas, no mínimo] as indústrias não tem se preocupado tanto em acertar níveis de contratação antecipadas a serem liquidadas por índices importantes do mercado, como o Cepea/Esalq, visto que ao longo da próxima safra estes índices deverão se mostrar negativamente pressionados, refletindo o avanço da safra nova 2024/25 que terá um volume maior de disponibilidade de cana a ser processada.

Já o etanol anidro e hidratado enfrenta também uma oferta elevada tanto da cana quanto do milho, mas também possui possibilidades reais de incremento de sua demanda tanto pela manutenção dos níveis de competitividade frente a gasolina quanto pelo aumento da mistura frente a gasolina que, na visão da SAFRAS & Mercado, deverá subir em 2025 da faixa atual de 27,5% para 30%, solidamente amparado pela Lei Combustível do Futuro.