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País do petróleo, Arábia Saudita agora quer ser potência da energia limpa
Publicado em 31/05/2024 às 10h06
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A duas horas de carro de Riad, capital da Arábia Saudita, fileiras de painéis solares se estendem até o horizonte como ondas em um oceano. Apesar de ter reservas quase ilimitadas de petróleo, o reino está adotando a energia solar e eólica, em parte na tentativa de manter uma posição de destaque na indústria de energia, que é vital para o país, mas está mudando rapidamente.

Olhando para 3,3 milhões de painéis, cobrindo 36 quilômetros quadrados de deserto, Faisal Al Omari, CEO de um projeto de energia solar recentemente concluído chamado Sudair, disse que vai contar aos seus filhos e netos sobre sua contribuição para a transição energética da Arábia Saudita.

"Estou realmente orgulhoso de fazer parte disso", disse.

Embora a produção de petróleo mantenha um papel crucial na economia saudita, o reino está apostando em outras formas de energia.

Sudair, que pode iluminar 185 mil residências, é o primeiro de muitos projetos gigantes planejados para aumentar a produção de fontes de energia renovável, incluindo solar e eólica, para cerca de 50% até 2030.

Atualmente, a energia limpa representa uma quantidade insignificante da geração de eletricidade na Arábia Saudita. Analistas, contudo, dizem que alcançar esse objetivo altamente ambicioso é improvável.

"Se eles conseguirem 30%, eu ficaria feliz porque seria um bom sinal", disse Karim Elgendy, analista climático do Middle East Institute, uma organização de pesquisa em Washington.

Ainda assim, o país planeja construir fazendas solares em um ritmo acelerado.

"Os volumes que você vê aqui, você não vê em nenhum outro lugar, apenas na China", disse Marco Arcelli, CEO da Acwa Power, incorporadora saudita do Sudair e uma força crescente no mercado internacional de eletricidade e água.

Os sauditas não apenas têm dinheiro para expandir rapidamente, mas estão livres dos longos processos de licenciamento que inibem tais projetos no Ocidente.

"Eles têm muito capital para investir, e podem agir rapidamente e avançar no desenvolvimento de projetos", disse Ben Cahill, pesquisador sênior do Center for Strategic and International Studies, uma instituição de pesquisa em Washington.

Até a Saudi Aramco, a joia da coroa da economia saudita e produtora de quase todo o seu petróleo, vê um cenário energético em mudança.

Para ganhar espaço na energia solar, a Aramco adquiriu uma participação de 30% no Sudair, que custou US$ 920 milhões, o primeiro passo em um portfólio solar planejado de 40 gigawatts —mais do que a demanda média de energia do Reino Unido— destinado a atender a maior parte das ambições do governo em energia renovável.

A empresa planeja estabelecer um grande negócio de armazenamento de gases de efeito estufa no subsolo.

Também está financiando esforços para produzir combustíveis limpos para automóveis a partir de dióxido de carbono e hidrogênio —especialmente em uma refinaria em Bilbao, Espanha, de propriedade da Repsol, a empresa de energia espanhola.

Os cientistas da computação da Aramco também estão treinando modelos de inteligência artificial, usando quase 90 anos de dados de campos de petróleo, para aumentar a eficiência de perfuração e extração, reduzindo assim as emissões de dióxido de carbono.

"A responsabilidade ambiental sempre fez parte do nosso modus operandi", disse Ashraf Al Ghazzawi, vice-presidente executivo de estratégia e desenvolvimento corporativo da Aramco.

Embora insista que o petróleo tem um futuro longo, a Saudi Aramco, a maior empresa do mundo no setor, parece também estar tentando sinalizar que não está presa a um passado poluente. Em vez disso, quer ser vista mais como uma empresa do Vale do Silício, focada em inovação.

Recentemente, a empresa convidou um grupo de jornalistas para uma apresentação durante a qual jovens sauditas descreveram práticas verdes, como usar drones em vez de frotas de caminhões pesados ao prospectar petróleo ou restaurar manguezais nos litorais para absorver dióxido de carbono.

Nos últimos dois anos, a Arábia Saudita instruiu a Aramco a reduzir drasticamente a produção de petróleo para 9 milhões de barris por dia, em conformidade com acordos no grupo conhecido como Opep+.

Em janeiro, a Aramco anunciou que o governo saudita havia ordenado que interrompesse um esforço para aumentar a quantidade de petróleo que poderia produzir.

Na visão da Aramco, essas decisões não são prenúncios de um declínio no consumo de combustíveis fósseis. Os executivos insistem que a empresa continuará a investir em petróleo e, ao mesmo tempo, aumentará drasticamente a produção de gás natural.
Stanley Reed
Fonte: Folha de S. Paulo
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