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Energia

Países produtores de petróleo do G20 querem limitar uso de biomassa para energia
Publicado em 05/06/2024 às 14h46
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Países membros do G20 que também são grandes produtores de petróleo querem que o Brasil hierarquize o uso de biomassa para a produção de energia. O objetivo é “deixar claro” que os combustíveis renováveis não são candidatos a substituir aqueles de origem fóssil, mas apenas uma alternativa mais sustentável. Insatisfeito com a proposta, o Brasil negocia um acordo, segundo Vicente Araújo, coordenador de Desenvolvimento Sustentável do Ministério das Relações Exteriores.

De acordo com ele, alguns integrantes do grupo das 20 economias mais industrializadas do planeta querem que a biomassa seja priorizada para a produção de alimentos, ficando a energia no final dessa “cascata”. Os negociadores brasileiros vão argumentar que a produção nacional de biomassa não é inelástica, ou seja, pode ser ampliada de acordo com as necessidades e os usos desta matéria-prima.

Um acordo em torno do tema é importante para que haja consenso no grupo de trabalho que trata de bioeconomia. O objetivo do Brasil é que um conjunto de princípios de alto nível em bioeconomia constem na declaração final do G20, aguardada para a cúpula do grupo, em novembro, no Rio. Para isso, um acordo teria que ser selado até setembro, quando acontece a última reunião oficial do grupo que trata do tema, também na capital fluminense.

Araújo explica que, por interesses próprios, alguns países não querem a bioeconomia como o grande indutor da atividade produtiva no futuro. Ainda assim, ele comemora o fato de que muitos desses países estão abertos ao diálogo e não tentando barrá-lo, como era esperado. “O próprio conceito de redução da produção de combustíveis fósseis era impensável até pouco tempo”, disse o negociador brasileiro durante evento organizado pela Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI).

As discussões sobre bioeconomia no âmbito do G20 começaram oficialmente em fevereiro, com uma reunião virtual. No mês passado aconteceu o primeiro encontro presencial dos delegados, em Brasília, onde foi discutido o eixo mais focado no aspecto científico da bioeconomia. Na segunda reunião presencial, este mês, em Manaus, serão tratados os aspectos ligados à biodiversidade, ficando o desenvolvimento sustentável para o encontro de setembro, no Rio.

Apesar das divergências de interesses e até mesmo de interpretação sobre o termo bioeconomia, o Brasil – que ocupa a presidência do G20 – está otimista sobre possíveis consensos. No mês passado, o embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima do Itamaraty e principal nome do Brasil nas negociações, disse que o grande número de representantes de países do G20 que vieram para as reuniões presenciais sobre bioeconomia demonstra que o assunto "pegou".

Outra demonstração do interesse internacional é o compromisso assumido por pelo menos duas grandes organizações internacionais de aprofundar as discussões. Segundo Araújo, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a agência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) já demonstraram interesse em expandir o debate sobre os princípios de alto nível.

Até lá, uma das estratégias brasileiras na busca de um consenso é simplificar. Araújo explica que o número de princípios de alto nível desejados foi limitado a dez e a ideia é que sejam o mais sucintos quanto for possível. “Se focarmos nos ‘fins’, creio que teremos mais chances de sucesso. O debate sobre os ‘meios’ corre o risco de ficar excessivamente longo e complexo, o que dificulta um acordo”, explicou.
Fonte: Valor Econômico
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