Açúcar

Nos últimos meses de 2024, os preços do açúcar caíram para 19-19,5 centavos por libra-peso devido à produção recorde no Centro-Sul do Brasil, ultrapassando 611 milhões de toneladas de cana moída, com potencial de 620 milhões de toneladas e quase 40 milhões de toneladas de açúcar até março de 2025.
 
Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da Hedgepoint Global Markets, diz que “nossa previsão inicial para 2025/26 é conservadora, em 600 Mt, mas pode ser ajustada para 620 Mt devido às boas condições climáticas”.
 
A produção Indiana tem mostrado fraqueza quando comparada a 23/24, caindo cerca de 17.8%. Entretanto, a maior parte desta diferença se deu pelo atraso do início de safra, sendo que monitorar o resultado dos próximos meses se torna essencial para compreender o volume de exportações. A produção menor na América Central e México pode apoiar os preços, mas a alta oferta europeia e a baixa demanda limitam os impactos.
 
Brasil Centro-Sul

Até dezembro, o Centro-Sul do Brasil moeu quase 612 milhões de toneladas de cana, com alta probabilidade de atingir 620 milhões até março de 2025. Isso deve gerar cerca de 40 milhões de toneladas de açúcar, com exportações estimadas em 31,5 milhões de toneladas. A maior oferta pressionou os preços, estabilizados em 19,5 c/lb, e reduziu spreads, enquanto o dólar acima de 6 USD/BRL impulsionou a precificação para futuras safras.
 
Para 25/26, chuvas recentes e boas condições sugerem um cenário otimista, com potencial de repetir 620 milhões de toneladas, mantendo o mercado abastecido e os preços baixos.
 
Brasil Centro-Sul: Etanol

A produção de etanol teve forte desempenho em 24/25, com 20 bilhões de litros de hidratado (aumento de 10,3% em relação ao ano passado), impulsionada pelo preço competitivo nas bombas. Em contrapartida, o anidro caiu 7%, para 11,6 bilhões de litros. No geral, a produção subiu 3,3% em relação a 23/24, sem impactos nos estoques ou preços, que permaneceram estáveis em torno de R$ 2,58/litro em agosto de 2024 e R$ 2,63/litro em dezembro. A demanda do Ciclo Otto cresceu 2,3% no Centro-Sul e 5,2% no Norte-Nordeste, com destaque para a Paraíba, onde a paridade de preço na bomba é inferior a 70%.
 
Brasil Norte e Nordeste

A região Norte-Nordeste produziu 2,2 Mt de açúcar até novembro, um aumento de 20% em relação ao ano anterior, impulsionado pela maior oferta de matéria-prima e um mix de açúcar acima de 49%. Com 327 mil toneladas (kt) produzidas em dezembro, o crescimento segue estável. As estimativas da Hedgepoint para a temporada permanecem inalteradas.
 
Índia

Na Índia, a produção de açúcar segue atrasada em cerca de 17.8% em dezembro. O principal motivo foi o início tardio da temporada, devido à extensão do período de chuvas e às festividades de final de ano. A maior parte do atraso se refere ao mês de novembro, sendo que a produção de açúcar de dezembro se equipara a do mesmo período de 2023. Ainda, devemos monitorar os resultados nos próximos meses para averiguar uma possível restrições às exportações, hoje estimadas em 1.5Mt. Quaisquer reduções na oferta indiana, ainda pode ser compensada por incrementos no Brasil.
 
Tailândia

O resultado positivo esperado para a Tailândia neste ano pode ser atribuído às condições climáticas favoráveis e à expansão das áreas de cultivo de cana. Com a maioria das regiões produtoras de açúcar recebendo chuvas acima da média durante a janela de desenvolvimento da cana, espera-se um resultado bastante bom para o país.
 
Comparando os primeiros 20 dias de moagem, a Tailândia aumentou sua produção de açúcar em 6%, além de iniciar a temporada 4 dias antes, em comparação com 23/24. Até o momento, o país alcançou quase 1,4 milhão de toneladas (Mt) de açúcar, um número comparável ao da temporada 22/23.
 
Estoques altos do país, devido à queda de 40% nas exportações em 23/24, de 7,4 Mt para 4,5 Mt, requerem monitoramento. A Tailândia pode vir a ter maior disponibilidade impactando o fluxo internacional da temporada 24/25.
 
UE 27 e Reino Unido

De acordo com a Comissão Europeia (CE), o grupo pode atingir uma produção de 16,6 milhões de toneladas de açúcar, incluindo as expectativas da Hedgepoint para o Reino Unido, a disponibilidade total deve chegar perto de 17,5 milhões de toneladas. Com um desvio de 1 milhão de toneladas para o etanol, a produção de açúcar pode ficar em 16,5 milhões de toneladas.
 
Produtores europeus estão preocupados com o acordo UE-Mercosul, que prevê uma cota de 180 mil toneladas de açúcar, e com uma possível renovação da Área de Livre Comércio Abrangente e Aprofundado (DCFTA) com a Ucrânia em 2025, o que pode aumentar a oferta ucraniana, pressionar preços e desestimular o cultivo futuro.
 
México e Guatemala

Em novembro, a produção de açúcar no México caiu devido a atrasos em usinas, com 7,4 Mt de cana processadas até 4 de janeiro, 1,4 Mt a menos que no ano anterior. A produção de açúcar foi de 661 kt, com aumento de produtividade (6,93 ts/ha). A expectativa é de recuperação para 5 Mt, com exportações de 1 Mt. Guatemala e El Salvador enfrentaram atrasos, resultando em menores produções em comparação com 23/24, respectivamente, com 500kt de cana moída e 83kt de açúcar produzido.
 
Estados Unidos

O USDA revisou a produção de açúcar na temporada 24/25 para 8,4 milhões de toneladas, com queda no açúcar de beterraba para 4,68 Mt. A produção de açúcar de cana foi revisada para baixo em 74kt, enquanto as importações foram aumentadas em 324kt, em comparação com as estimativas anteriores para a temporada. Apesar disso, as importações em 24/25 serão 850 kt menores em relação a 23/24, com os EUA reduzindo a dependência do México para cerca de 550 kt, favorecidos pela recuperação mexicana.
 
Ucrânia

Em 2024, a Ucrânia alcançou um marco no setor açucareiro, com exportações de 746,3 mil toneladas, gerando US$ 419 milhões. A maior parte das exportações de açúcar ucraniano no ano foi destinada à União Europeia, com a agência estimando que 40%, ou aproximadamente 298,5kt, foram para países da UE. Os 60% restantes foram exportados para o resto do mundo (RM). Entre esses, a região MENA foi particularmente notável, com a Turquia recebendo 16% do total do RM (cerca de 71 kt) e a Líbia recebendo 12% (cerca de 53 kt). Para a safra 24/25, a Ucrânia semeou 250 mil hectares, com produção estimada entre 1,7 e 1,8 milhão de toneladas.
 
Rússia

Até 16 de dezembro, a Rússia produziu 5,3 milhões de toneladas de açúcar, com previsão mantida de 6,3 milhões. As exportações aumentaram para 135kt, contra 40kt na temporada anterior, com Uzbequistão e Azerbaijão como principais destinos. Espera-se exportar entre 180kt e 300kt até o final da temporada.
 
China

Até novembro, a China importou 1,07 milhão de toneladas de açúcar, uma queda de 21%, com a tendência de declínio continuando devido ao fechamento da arbitragem de importação e ao aumento da produção doméstica, que subiu 37% em relação ao ano anterior, atingindo 4,4 milhões de toneladas em dezembro. A importação de xarope pode diminuir devido a uma proibição governamental, embora acordos com a Tailândia ainda permitam importações em navios que partiram antes de 10 de dezembro. A necessidade de açúcar adicional será menor devido ao bom progresso na produção interna.

Sobre a Hedgepoint Global Markets

A Hedgepoint Global Markets é uma empresa especializada em gestão de risco, inteligência de mercado, e execução de hedge para a cadeia de valor global de commodities, com larga experiência nos mercados agrícolas e de energia. Está presente em cinco continentes e oferece aos clientes produtos de hedge baseados em tecnologia e inovação, mantendo o cliente como ponto central de todos os processos. A companhia trabalha com mais de 60 commodities e mais de 450 produtos de hedge em sua plataforma.