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Com variação climática dividindo o país em dois, qualidade da soja pode ser prejudicada
Publicado em 17/01/2025 às 09h31
Foto Notícia
Nas últimas semanas, o clima no Brasil tem evidenciado duas realidades contrastantes. No sul, partes do Sudeste e no Mato Grosso do Sul, um veranico compromete a produtividade das lavouras, enquanto o Centro-Oeste, Norte e Nordeste enfrentam chuvas volumosas. Essas precipitações excessivas têm causado atrasos na colheita e há relatos de grãos com alto teor de umidade, impactando a qualidade da produção de formas diferentes nas regiões.

O mapa do solo, disponibilizado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), revela a atual disponibilidade hídrica nas regiões produtoras de soja. Na imagem à direita, as áreas em verde e azul indicam maior disponibilidade de água, enquanto as em amarelo e laranja enfrentam deficiência hídrica. Embora ainda não existam dados conclusivos sobre os impactos na qualidade dos grãos desta safra, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reforça a importância de manter o teor de umidade da soja entre 12% e 14% para garantir a qualidade e a rentabilidade da produção.

Segundo o professor Elmar Luiz Floss, doutor em agronomia e diretor do Instituto Incia, períodos de estiagem afetam significativamente o rendimento da lavoura devido a alterações hormonais e nutricionais nas plantas. “Sem água, a planta interrompe a produção de hormônios de crescimento e passa a gerar inibidores que antecipam o ciclo produtivo, levando à perda de área foliar, abortamento de vagens e redução do número e tamanho dos grãos.” Além disso, a falta de água compromete a absorção de nutrientes como o nitrogênio, essencial para a formação de proteína no grão. “Com menor teor de proteína e maior teor de óleo, o grão não apenas perde valor comercial, mas também deteriora mais rapidamente,” ressalta o especialista.

Nas regiões com excesso de chuvas, o solo encharcado reduz drasticamente a oxigenação, comprometendo o crescimento das raízes e o desenvolvimento geral das plantas. A nebulosidade constante que acompanha as chuvas afeta a incidência de luz solar, essencial para a fotossíntese e o vigor das lavouras. Na fase de maturação, as chuvas excessivas deterioram os grãos, aumentando a porcentagem de grãos avariados, o que impacta negativamente a qualidade e a comercialização do produto. Os grãos danificados apresentam fermentação visível, com coloração marrom causada pelas alterações no volume de óleo e proteína, afetando o padrão de qualidade exigido pelos consumidores.

Segundo o engenheiro agrônomo José Domingos Teixeira, é essencial que o produtor adote práticas rigorosas de manejo. "Primeiro, não perder o que está pronto. Colha seus frutos com o máximo cuidado. Na armazenagem, priorize uma boa aeração, classificação adequada e elimine plantas daninhas como o fedegoso, que pode comprometer a qualidade da soja ao liberar enzimas prejudiciais no silo. Essas práticas são fundamentais para assegurar um produto exportável e de qualidade." Além disso, o melhoramento genético tem sido uma ferramenta crucial, oferecendo cultivares adaptadas para enfrentar esses desafios. "A genética é fundamental, mas o cuidado do produtor na propriedade é indispensável. Um produto de qualidade começa no manejo correto e termina com a entrega de soja com níveis ideais de proteína e óleo", completa Teixeira.

Para o Centro-Oeste, a variedade GH2483IPRO têm obtido excelentes resultados, principalmente por ser uma cultivar de alta performance e estabilidade em diferentes tipos de ambiente devido ao seu sistema radicular agressivo e alto potencial de engalhamento. Além disso, apresenta excelente sanidade em relação às doenças foliares e de vagens, aliado a um bom comportamento em áreas com infestação de nematóides de cisto, devido a resistência para as raças 3, 9 e 14. “Essa cultivar foi lançada na safra 23/24, marcada por desafios como estresse hídrico no início e meio do ciclo e chuvas intensas na colheita. Mesmo nessas condições, surpreendeu pela estabilidade e produtividade”, comenta Marcos Marchioro, representante de licenciamento de soja para o Mato Grosso e Rondônia da Golden Harvest.

Para a região Sul, a variedade GH2463I2X se destaca pela combinação de sanidade e alta produtividade, características que a tornam ideal para enfrentar as condições específicas da região. “Essa cultivar apresenta excelente performance mesmo sob altas temperaturas, mantendo um ótimo potencial de ramificação e arquitetura de planta que favorecem tanto o manejo quanto o aumento da produtividade”, diz João Paulo Schechtel, líder de marketing de campo da Golden Harvest.

Curiosidades sobre a soja: Derivados de soja
A soja é uma cultura estratégica devido à sua composição rica em nutrientes, com a maioria das cultivares apresentando de 30% a 45% de proteínas e de 15% a 25% de óleo. Esses teores podem variar conforme condições climáticas, localização geográfica, cultivares, tipo de solo e práticas agronômicas. Entre essas práticas, a adubação química desempenha papel crucial, uma vez que deficiências minerais podem impactar diretamente a composição química dos grãos.

Por sua versatilidade, a soja é essencial para abastecer setores como rações animais, energia, combustíveis e alimentação humana. Ela exerce um papel fundamental na segurança alimentar global, sendo a China o principal comprador, onde o grão é amplamente utilizado para esmagamento e industrialização de óleo e farelo.
 
Fonte: Notícias Agrícolas
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